Jowe, grave esse nome e não esqueça.

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   Meados do final de 1930 uma família financeiramente mediana seguia para o Nordeste do Brasil. Indo exatamente para a região mais econômica, já que assim poderiam manter suas finanças até novas economias serem produzidas. Infelizmente, próximo ao ano de 1990 o maior provedor dessa economia, vovô, teve seu fim nessa vida, e logo em seguida a vovó. Tornando a família de 5 mulheres e 4 homens adultos inicialmente incapazes de se virarem na vida. Todos se separaram e deixaram assim a casa para a quem já tinha filho. Minha mãe. Merida Narmona, a mãe solteira, com 4 filhos e louca para ter outro marido.

  Logo que em 2000 seus irmãos já estavam vivendo suas vidas cada um em algum lugar da cidade e algumas de suas irmãs já estavam casadas por outros Estados, Merida ainda batalhava para ter o que comer na mesa.
Foi sempre assim, até que em 2010, três dos seus filhos já alcançavam idade adulta, logo o mais velho encontrara com o pai e decidirá viver com ele, o próximo ao mais velho decidiu seguir a experiência das tias e foi viver em outro Estado, enquanto os mais novos se dividiram em estuda e conseguir dinheiro para ajudar a mãe. As coisas melhoraram gradualmente.

  Então agora em meados de 2015 restará em casa apenas a cansada Merida o seu casula, Jowe.
O taurino de  17 anos, Terceiranista da escola Jossef Dompani. Eu que vus falo. Nada de novidade nesse pobre ocidental. Cabelos fora dos padrões normativos, uma hora de cachos, outra hora crespo e então liso, vivendo um dia mais diverso que o outro. Nasceu branco, mas sem "berço de ouro", assim de tanto viver no sol quase não se lembrava mais do "branco". Desde os 7 anos de idade já sabia o que queria e como devia viver com o que queria. Uma criança que via sua pessoa ser obrigada a escolhas entre esconder-se ou viver apanhando da família por falta de conhecimento sexual.
Aos 13 anos virou dono de si mesmo, nunca mais dirigiu-se a adulto algum para resolver problemas de sua vida. E aos 17 virou o pior tipo de guerreiro de batalha, um Exército de um homem só. Da boca esbanjava a sabedoria de alguém que assistia ação por ação de qualquer um a sua frente, assim podendo saber a fraqueza do outro sem precisar de socos e pontapés. Do corpo fazia uma grande muralha mental e instrumental, treinado em lutas e dança. Mas sempre teve medo de perder o essencial, a inocência que não havia como crescer sem por ele sofrer, o amor.

    [......]

  -Onde você estava Jowe? E com quem?- Merida falava irritada.

  -Estava onde quer que eu quisesse, vai reclamar ou vai receber o dinheiro do trabalho que eu consegui?- falei colocando sobre a mesa um envelope.

   Sempre fui o melhor em ajudar sem muito a dar satisfação. Nunca quis alguém olhando o que eu fazia, já que a preocupação de quem olharia apenas serviria para me julgar e tentar me dominar. Não me importava quem era, eu só queria deixar bem claro que se não for por mim, não fique entre mim e ao que eu desejo alcançar. Mas isso nunca significou que eu odiasse alguém. Só não havia motivos para que eu mostrasse fraquezas, principalmente em casa.

    As vezes a vida de alguém decidido pode perder o rumo pela necessidade que o mesmo tem de manter o controle. Assim adquiri um diagnóstico de Ansiedade. Uma pessoa que em resumo, não fica muito feliz ao vez as coisas não saírem como planejado. O exemplo disso é eu estar falando sobre isso para que muitos tenham um maior entendimento sobre minhas histórias.

   Assim podemos iniciar com um belo fundamento materno:

-Jowe, nunca esqueça essa nome, ouviu?- A mamãe falava para mim aos 5 anos de idade.

  Não que eu esquecesse meu nome, mas naturalmente eu me deixava ser chamado de qualquer coisa, já que não passava de um pirralho gorducho e minúsculo.

  Então lá estava eu em meio a um monte de garotos enquanto meu amigo Loni estava caído no chão. Tudo por uma maldita bola de futebol. Eu manteria meu silêncio se os garotos não tivessem iniciado uma risadaria muito maldosa e humilhante, lançada ao garoto que nascera com um grau pequeno de altísmo, o que le fazia demorar um pouco a entender e assimilar a situação. Eu lembro até hoje de alguns alunos dizendo a professora que minha boca parecia uma metralhadora. Eu pisei nos garotos que riam esfregando em suas caras quantas tarefas de casa eu os havia ensinado em troco de nada, e agora eles riam do meu amigo. Não era muito, mas pra idade, ser um "boboca, burro de meio neurônio" era mais humilhante e triste do que levar um chute e cair.

  -Não esqueçam, eu sou Jowe, quem está comigo será sempre meu amigo, quem está contra mim, vai ter que superar.

  Essas eram as palavras do gorducho cotoco.

Jowe e o Guia para corações perdidosOnde histórias criam vida. Descubra agora