Nem todo início é ruim

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Sabe, nem sempre eu fui a amargura que me sinto ser hoje em dia.
Em meados de 1997 eu nasci, mas logo em 2003 eu já havia provado uma pitada inocente das coisas do amor. Se a questão de vocês agora é sobre minha sexualidade, saibam que sou um homem cis gênero, gay. Mas não foi sempre tão fácil encarar esse fato. Por motivos dos quais irei mostrar aos poucos.
Porém, lembrem-se que esse guia é sobre o coração e não sobre minha sexualidade.

[.....]

Corria pela casa empinando meu carrinho de plástico sob os braços erguidos.

-Vrum,Vrum...

Quando esbarro no sobrinho de minha tia Jesne. O garoto franzino de cabelo liso, escorrido na testa. Seu nome era Wendell, a pele branca, bem tratada, os olhos claros quase verde. Era o "principizinho" do bairro. Longe de mim sexualiza-lo naquela idade. Mas mesmo aos 7 anos de idade, ele já era um colírio para qualquer garota da nossa idade que sonhasse com príncipes encantados. O que não era muito diferente do que eu sonhava.

-Ai!- ele me olhou coçando a testa, no local onde o carrinho havia esbarrado.

-Ih primo, desculpa. Não vi você no caminho. -falei de forma desatenta e preocupado que isso me causasse um esporro de minha mãe, ou pior, um castigo.

Ele não chorou mas me olhava pensativo, como se houvesse algo a ser feito em troca de seu silêncio.

-Certo, não vou falar pra Tia Merida, mas...

-Mas? Não basta eu só pedir desculpas?- falei evitando olha-lo nos olhos.

-Não, eu quero descobrir uma coisa, mas tem que ser segredo.

Quando que um príncipe te pede pra guardar segredo e você diz não? É daí que surgem os primeiros erros, nem todos os príncipes são confiáveis. Agora já estava eu deitado com a cabeça debaixo da cama e meu primo também. Ele estava me olhando como se estivesse nervoso.

  -O que quer fazer aqui debaixo?- falei inocente.

  -Eu vi meus pais fazerem isso uma vez enquanto terminavam nossa mudança de casa.

  Ele se aproximava rápido e desajeitado. Assim, quase com a força de um soco, nossos lábios se chocaram e eu pude me arrepiar ao ver um príncipe me beijar. Para ele aquilo só havia sido uma brincadeira sem importância. Mas para mim havia se tornado algo como uma quebra de correntes, a abertura que meu futuro almejava.

  -O que está fazendo? Se minha mãe descobrir ela vai me matar!-fiquei nervoso tanto quanto assustado.

Eu falava sempre que ele selava nossos lábios. Sim, houveram muitas outras vezes nas quais desde cedo eu sabia ter que forçar a mim mesmo para que não gostasse disso, dessa sensação que era boa.

  Assim lá estava eu no ensino Fundamental 2, 8° ano para ser mais preciso. Beijando meu  amigo para ensina-lo a beijar bem. Ok, calma que vou explicar.

Algumas amigas sempre me questionavam sobre a moral do Weyne, meu amigo. Diziam que ele se achava o pegador mas na verdade ele não sabia beijar e só tinha garotas com ele por causa de mim. 1° eu não queria me envolver com elas e 2° não era delas que eu gostava. Então um dia por muita chacota e insistência das minhas amigas decidir ceder ao desejo delas e ao pedido do Weyne, o beijei. E isso definitivamente acabou com minha vida. Aos 15 anos eu estava perdidamente apaixonado por meu amigo da escola. E pra piorar ele era mais novo.
Enquanto eu estava com recém 15 anos, ele tinha 13, mas ja tinha fama de "rei delas"( o cara que pega mais menina do que troca de roupa). Mas havia esse problema sério, dificilmente uma garota repetia a dose com ele, ate porque... Ele não sabia beijar.
Bem, não era como se eu fosse um profissional na area do beijo, mas todas(os)  pessoas que beijei diziam que eu era bom no que fazia, no modo que seguia o fluxo e tudo mais.  Por isso a insistência em ensinar o garoto de 13 anos que não deveria perder tempo da juventude se relacionando, a beijar bem.
-Weyne, você tem que ir mais devagar. Você parece que ta se afogando na minha boca. - desselei nossos lábios e me endireitei sobre ele. Sim eu estava sentado no colo dele, com minhas pernas em volta do seu corpo e não, isso não nos torna um casal ou algo intimo... NÃO!
Eu sei eu só não queria aceitar que me apaixonei por alguem que eu nem devia ter conhecido. Um dia eu conto essa história.
  Voltando pro beijo...
-É quase isso Weyne, você ta mexendo a lingua direito só que ta deixando saliva de mais. Você ta me dando água por acaso? -eu as vezes dava risadas sobre certos comentarios meus, pois eles me levavam a outros momentos da minha memoria.
Mas o que mais me deixava estranho é que algumas vezes,  ALGUMAS APENAS, NÃO TODAS! Algumas vezes quando a gente ficava entrelaçado, eu sentia meu rosto corar, minhas pernas formigarem e de forma espontânea nossos corpos faziam um movimento do qual eu não queria que ocorresse com o Weyne. Eu já dominava o assunto sexo, e para mim mesmo eu havia decidido não se permitir novamente sem o tal do amor.
Bom, um dia eu finalmente terminei o curso "afinco" do Weyne e como prova final deveriamos dar um beijo que contesse tudo que precisava para ser bom e agradavel. Não estava nos meus planos um beijo/prova de 2 horas continuas.
Sim, quase me dei mal, logo apos que duas horas e um pouquinho haviam se passado minha mãe havia chegado. E graças aos segredinhos com meus primos e alguns outros amigos, eu sabia como disfarçar, criar outra atmosfera, praticamente cometer um homicido culposo contra os feromônios no ar. Mas só assim eu não seria repreendido ou apanharia por viver tudo que o destino reservava para mim.
Sim, eu e o Weyne nos beijamos outras vezes, eu me apaixonei, tentamos viver o romace dos sonhos.
Dois "adolescentes" que se "amavam"... Ele me traia todas as semanas e eu quase sempre não aceitava, terminávamos,  eu sofria mais do que eu imaginava ser possível, voltávamos por que ele dizia que me amava e ai o ciclo se repetia, até o oitavo mês de namoro, quando eu já nem chorava tanto, eu já estava para ir para o ensino médio, e ele permaneceria mais 2 anos na escola onde todas as garotas que ele usou pra me trair ainda estariam a disposição dele. Então definitivamente eu terminei.

O segundo passo desse guia é isso, nunca se deixem levar por exercícios labias, eles podem ser incríveis mas não formam bons casais. Pelo menos não os que são comprometidos e confiáveis.

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⏰ Última atualização: Mar 27, 2023 ⏰

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