blue.

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❝O show ira começar!❞

As luzes se focaram no único bailarino que se posicionava no centro do palco. Leves e delicados movimentos se iniciam com suas mãos, não exalava um pingo de nervosismo como estava a minutos antes de entrar no palco. Ele lutou por isso, treinou até sentir seus músculos implorarem por pausa, seus dedos sangrarem mas ele nunca parou, nunca se deu por vencido, a perfeição era seu alvo, seu limite e não iria parar até a alcançar. Foram dias, semanas, meses, anos até chegar onde esta, ouvir das piores palavras, aguentar todo o preconceito não só pela profissão escolhida, mas também por sua orientação sexual, por sua religião e hoje ele tem um nome; Zayn Malik, um dos melhores bailarinos já conhecidos mundialmente.

Os outros bailarinos de seu conjunto entram, todos caracterizados, Zayn ainda se encontrava no centro. A dança retratava uma história, uma avezinha que se perdia do bando, uma quase versão triste de ❝ O Patinho Feio ❞; ela, a ave, lutava e lutava, mas não conseguia encontrar seus parentes, nunca encontrou. O vento maltratava suas penas novinhas, a chuva as deixava encharcadas, a música só tornava mais intenso. Detalhes ricos eram transmitidos pela dança, a plateia segurava emoção pela historia. Zayn, o dançarino que interpretava o passarinho, gira, rodopia e salta, no ato uma lágrima escorre pelo rosto escondido pela máscara. Ele estava lutando, contra o vento, contra a chuva, contra quem dizia ser sua família, Zayn também lutou, contra tudo e todos, se machucou tanto que até hoje tem feridas em aberto. Ele cai, força a se levantar mas não concluí o ato, as asas estão muito debilitadas para esforço. Então ele fica lá, no meio da tempestade, fraco, se sente inútil, assim como os outros diziam que ele era, o passarinho estava acreditando neles. Todo o lugar tinha um ar melancólico, tinha quem nem mais se segurava e deixava lágrimas escorregarem. A ave não luta quando sente aproximação, esta tão fraca que deixa se levar por quem quer que seja. Acorda em uma jaula, presa em uma realidade que ela desconhecia e a entristecia, era forçada a cantar para agradar outros.

Zayn esquecia completamente sua plateia, focado demais em seus próprios passos juntos do conjunto, se um errasse, todos erravam, assim funcionava. Agora se retratava da parte mais difícil da dança, a liberdade conquistada pela avezinha, ela almejava tanto isso que cada passo tinha que exalar esse desejo. A dança se torna mais difícil, a velocidade aumenta pois a fuga e apressada, soava desesperada.

Seria o salto de sua sonhada liberdade, Zayn gira, rodopia na ponta de seus pés, postura sem um único defeito. Ele da o salto, os outros assistem ele no ar, encantados com a leveza e a confiança. Mas algo estava errado, Zayn sabia, mesmo assim não deixou transparecer. Ele teve a certeza quando a ponta de seu pé tocou o chão, o restos se tornou um borrão. Seus parceiros estavam ao seu redor, horrorizados, dava para ouvir a plateia, suspiros assutados, claramente aquilo não fora treinado. Pode ver a cortina se fechar, o espetáculo acabou, se termina em uma tragédia. Um grito alto e agonizante escapa de sua boca quando sente a dor horrível na coluna, nunca sentira igual, a unica coisa que se passava por sua cabeça era; minha carreira acabou.

A dor era tao intensa que lagrimas grossas desciam pelas bochechas magras, os parceiros tentavam acalmar mas se viam tao assustados quanto Zayn. De cima a visão não era a melhor por isso fora coberto por um tecido esquecido até o socorro chegar.

Acabou.

[...]

Um sorriso forçado revela a alegria que não se tem, asfixia a alma e o coração, que choram e gritam em silencio. - Paulo Fernandes. ❞

- A pena sendo um ano de trabalho voluntário em uma clínica de reabilitação. - Liam ouviu sua pena ser declarada, se contendo para não rir. Ele acabará de ser punido por uma simples pichação no muro enquanto o assassino de sua irmã estava solto por aí.

Em um outro lugar, a um ano atras, estava um homem em um protesto junto de um grupo, altura mediana, cabelos castanhos parcialmente cobertos pelo capuz do casaco preto, a bandana roxa fazia o trabalho de cobrir o rosto. Em sua mão estava uma latinha, cor vermelha viva. Ele não tinha medo de ser pego, perdeu sua princesinha junto de seu pai e o governo não fez nada. Claro que não iriam fazer, eles tinham conforto, segurança em suas salas aromatizadas, cadeiras confortáveis e bolos de dinheiro nas mãos, nenhum deles corria risco. Nenhum deles correu risco enquanto seu pai e sua irmã tinham sua casa invadida, total de seis tiros no local, dois em uma criança de treze anos, quatro em um homem trabalhador e honesto que só queria proteger seus filhos. Nenhum deles teve justiça. Karine Payne e Omar Payne e tantos outros nomes apagados por um erro não tiveram justiça.

Logo, uma linha torta tem inicio, formando uma unica palavra, vermelho sangue pintando o prédio branco.

❝JUSTIÇA.❞

Ele almejava isso tanto quanto o passarinho por liberdade. Ele tinha noção dos riscos que estava a correr, mas quem liga? Queria ver nos noticiários a palavra se destacando. Não demora muito para um sino ecoar, a policia. Sorri por baixo do pano ao ver a obra, a tinta molhada escorria e era esse detalhe que ele queria.

Sem mais tempo para admiração, é imobilizado. Mesmo assim tem um sorriso no rosto. Não tem resistência a voz de prisão. Ele esta deitado no chão sujo, bochecha coberta pressionada na calçada, braços para trás, sente as algemas apertadas nos pulsos mas não diz nada. Engraçado, por ele pintar uma parede é preso e tratado com serial killer mas aqueles que mataram dois inocentes seguem suas vidas normalmente, soava tão hilário para Liam que ele riu, riu até lágrimas escorrerem. Sua família fora morta e ele estava sendo preso, hilário.

Dias se passaram, detido em uma delegacia imunda junta de mais outros criminosos. Hoje era dia de seu julgamento. Seria julgado pelo simples desejo de querer respostas e justiça. Haviam algumas câmeras quando saiu do carro e fora escoltado para dentro de um prédio. Foram horas sentados em uma cadeira desconfortável, algemas apertando os pulsos até que a sentença fosse declarada, tinha um advogado publico ao seu lado, dizia que ele não teria muitas consequências e mais umas outras ladainhas que Liam não ouviu. Um acordo fora firmado, ele iria ser voluntário em uma clínica qualquer. O advogado comemorou a pena leve mas a cabeça de Liam estava perdida, ainda pensava em sua família, no sorriso da irmãzinha de todas as manhãs, em seu pai preparando seu café, eram tão felizes. Se lembrava ricamente da imagem de ver dois corpos saírem de sua casa em cima de duas macas, frios e sem vida.

Havia certa aglomeração no jardim da casa, ignorou e passou pelos policiais, tentaram o conter mas foi falho, estava movido a desespero. Sua cozinha estava banhada a sangue, sangue derramado por inocentes.

Na sala minuscula que fora julgado, Liam ainda estava la, perdido abaixou a cabeça e chorou, lagrimas grossas molharem a roupa laranja. Liam nunca mais veria sua família por causa de idiotas julgadores.

agradecimentos à zaynsborderz por disponibilizar esse plot. espero que gostem.

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⏰ Última atualização: Nov 24, 2020 ⏰

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