Capítulo 2 🌻

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Atualizado: 16 de julho

180 dias antes

- Ana, levanta!- Ouço minha mãe gritar. -Seu despertador já tocou cinco vezes! Se não vai levantar, deixa os outros dormirem!

- Bom dia pra você também

Todo dia é a mesma coisa, a mesma rotina diária. Finalmente levanto e desligo aquele despertador barulhento, a pior parte é se conter a ficar deitado aqueles cinco minutos a mais, fazendo deles virarem meia hora. Só por um segundo tento ser a filha perfeita que meus pais se orgulham, mas não dá para evitar, Ligo o rádio no máximo e deixo na primeira música que toca.
Tomo um bom e longo banho quente. Coloco meu uniforme azul horroroso, porém, nada que uma jaqueta não resolva. Mas quem sou eu para falar de moda? A garota do pijama e pantufas. Meus cabelos ainda raspão nas mãos, não vou esquecer tão fácil de coisas simples como pentear e secar, mesmo com seus embaraços, a sensação do cabelo úmido correndo entre meus dedos é tão boa quanto o café quente nos aquecendo de dentro para fora em tempo de frio. Não sou vaidosa mas quando meu cabelo começou a crescer me olhava no espelho de 10 em 10 minutos.
Estou quase atrasada, na verdade já estou, graças aqueles cinco minutos que viraram meia hora, obviamente minha mãe me faz levar alguns lanches na bolsa, ela sempre diz que o café da manhã é fundamental para ter uma boa saúde. Mas para mim, isso não passa de uma grande ironia, vendo pelo meu ponto de vista.
É uma manhã qualquer de inverno, uma manhã cinzenta com poucas nuvens e um sol fraco.
Hoje faz exatamente trinta dias que venci meu companheiro de sangue e pouco mais de um mês que perdi meu melhor amigo. Não está tão frio como estava alguns dias atrás, mas mesmo assim detesto o inverno e suas malditas lembranças.

🏙️🌨️🏙️

O ônibus já estava atrasado pouco mais de 15 minutos, ou será que meu relógio é que estava adiantado?! Minha impulsividade me faz seguir a pé, talvez eu pudesse chegar antes da segunda aula.

-Quer uma carona?- Gritou um homem estranho dentro de uma F100, seus olhos davam mais medo do que subir o Huashan sem equipamentos e no escuro

-Não, já estou chegando!

-O colégio fica a uns 3 km daqui e sua bolsa deve estar pesada.

-Eu sei exatamente quantos quilômetros faltam!- Cerro os dentes

-Entra no carro, não vai custar nada e vai ser rapidinho!

-Não!

-Não se faz de difícil, se quiser eu te pago para isso! Só entra na merda do carro!- Sua voz soava tão calma mas seu rosto não escondia um ponto vermelho, raiva.

-Está me ameaçando? E se eu não entrar, vai fazer o que? Me perseguir ou melhor, continuar me perseguindo? E se eu entrar, quais são os chances de você me levar para a escola, 10 ou 20%? Eu sei que você não tem boas intenções, então faça-me o favor de tirar essa lata velha com o arrogante que está aí dentro, antes que eu chute esse seu traseiro gordo do meio do caminho!

Estou orgulhosa por conseguir enfrentar o homem sem tremer ou ao menos gaguejar, mas como sempre, todo felicidade dura pouco. Tremo com medo quando sua mão com luva de latex, guia até o acostamento, quando o mesmo sai do carro, me deparo com um homem enorme com mais ou menos 1,98m e aproximadamente 120kg. Por sorte o ônibus estava se aproximando, entro rapidamente sem olhar para trás. Até o curto caminho que faltava, suspiro aliviada, não sei o que seria de mim se não conseguisse fugir dele. Espero nunca mais encontrar esse homem na minha vida.

-Caramba!- Grito irritada quando um senhor me empurra ao descer os degraus do ônibus.

-Sua mãe não te deu educação, garotinho?

Meu Último PedidoOnde histórias criam vida. Descubra agora