1 - Prólogo

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Diz a mitologia grega que originalmente havia três sexos: homem, mulher e a junção deles. Estes últimos seres tinham quatro braços e quatro pernas. Tinham também uma cabeça com dois rostos virados para lados opostos e um formato arredondado. Podiam caminhar para frente e para trás e tinham um poder imenso e podiam também rolar. Eram os Andróginos: Homem (andros) e Mulher (gynos). Estes seres quase perfeitos que eram filhos do Sol, da Terra e da Lua se tornaram ambiciosos e quiseram se igualar aos deuses, mas Zeus (o Deus do Olimpo) decidiu dar a eles uma lição. Dividiu-os ao meio feito maças e enquanto fazia isso Apolo ia virando-lhes os rostos para frente, para que olhassem para sempre para a parte amputada e ia lhes moldando e costurando. Eles então ficaram parecidos com os dois primeiros sexos (homem e mulher), entretanto, não eram mais inteiros. Isso fez com que estes seres morressem de fome e desespero. Abraçavam-se e ficavam assim até a morte. O primeiro que morria fazia com que o outro ficasse perdido no mundo, e sem sua metade, acabava morrendo também.

Mas Zeus é misericordioso e, com pena das criaturas virou então suas partes reprodutoras que estavam nas costas para a nova frente onde estavam agora os seus rostos para que, num abraço, eles pudessem se unir novamente. Eles, que antes copulavam com a terra (a mãe natureza) agora poderiam copular uns com os outros, porém a alma saberia que só o reencontro com sua antiga metade em um abraço os libertaria da saudade e da busca eterna.

E esta é a nossa história. Um dia nós fomos perfeitos, plenos e inteiros. Poderosos portadores do amor que hoje só Deus possui. Fomos partidos ao meio e aprendemos o que é a falta, a saudade. Vivemos a busca incessante pelo abraço que nos fará sentirmos novamente inteiros.

Este é o mito de Andrógino e está no Banquete, escrito pelo filósofo Platão. Os mitos não são folclores e nem tampouco fábulas. Mitos são oriundos do inconsciente coletivo, veem da nossa intuição e são transformadas em contos e este talvez faça uma referência aos casais heterossexuais.
Na verdade, o mito da alma gêmea foi criado por Platão que em seu livro O Banquete tenta definir o que é o amor. E nessa busca, muitos convidados de uma festa, cada um por vez, faz um elogio ao deus Eros (deus do amor). Um dos momentos mais fascinantes do texto é quando toma a palavra o comediógrafo Aristófanes. Ele faz um discurso belo e que se imortalizou como a teoria da alma gêmea.
Sempre me perguntam, quando faço menção a este conto, como a mitologia explica os casais homossexuais. Vejam, duas hipóteses podem ser aceitas aqui. A primeira é que eles não pertencem à espécie humana repartida, afinal, o mito faz referência à existência de três sexos inicialmente, então, os homossexuais seriam as já existentes espécies homem e mulher.

Há também a hipótese reencarnacionista que nos mostra com clareza que ocupamos corpos masculinos e femininos conforme caminhada evolutiva.

Desde muito tempo os mitos existem para explicar nossos sentimentos e o nosso comportamento para determinadas coisas usando a linguagem poética e, especialmente o mito sobre "Alma Gemea" sempre é bastante sentido para a humanidade visto que em todos os tempos, em contos, lendas e também na vida real, seres humanos relatam a dor pela saudade e a busca pela metade que possa finalmente lhes trazer o sentido de toda uma existência e a paz em um abraço.

[...]

Corpos suados. Respirações ofegantes. Corações batendo eufóricos em uma sincronia assustadora.

Reações como aquelas aconteciam em um pequeno quarto escondido estrategicamente num dos terraços do castelo, lá se encontravam duas jovens mulheres deitadas em uma cama.

Ambas acabaram de declarar o amor entre si da maneira mais linda possível. Sua primeira noite juntas. Sua primeira vez provando o doce entorpecente daquele sentimento que as manifestava há um tempo desde que se viram. Seus primeiros toques carnais íntimos.

As almas daquelas duas mulheres parecia está consideravelmente completa. Elas sentiam seus corpos nus cansados, mas seus corações emitiam uma alegria inimaginável.

A mais baixa deitou sua cabeça no ombro da princesa de Genóvia. Então sentiu um carinho em suas madeixas escuras. Ambas deitadas, apenas sentindo suas peles desnudas se tocando, enquanto sentiam suas respirações se acalmando gradativamente.

- Eu estou com medo.

Sussurrou a princesa de Tuwani nos braços de sua amada, enquanto sentia o carinho na cabeça.

- Eu também, meu amor, eu também...

Beijou sua testa e logo suspirou cansada daquela sensação de imponência.

- Mas quer saber? Por você eu enfrentaria qualquer coisa, sem nem me importar com que aconteceria comigo. Tendo você, nada mais importa.

- Posso dizer o mesmo. Eu não teria medo de enfrentar o que fosse para ter você pra mim. Deveríamos fugir, para nossa segurança. Não aguento mais viver assim.

- Eu acho uma boa ideia, quero poder mostrar a todos que você é minha. Porém mesmo assim irão nos achar.

- Só quero ser feliz com você, amor. Por que tudo é tão complicado?!

- Talvez porque fomos feitas uma para a outra e parece que o destino odeia deixar alma gêmea juntas.

- Maldito destino! Que louco, fazendo a gente nos apaixonar mas não podemos ficar juntas.

- Ele adora fazer isso com as pessoas. Coloca pessoas de histórias avulsas para serem alma gêmeas. - revirou os olhos. - Mas sabe o mais engraçado?

- O quê?

- Ele me colocou para se apaixonar justo pela filha do rei.

Ambas riram baixinho. Então Mirella se sentou no colo de Stéfani e pôs as mãos da mulher sobre sua cintura.

- Nosso amor proibido é a coisa mais deliciosa que o universo pôde ter feito. Então vamos desfrutar disso.

Se inclinou capturando os lábios da mais alta para si em um beijo carregado de toda paixão que poderia expressar.

O amor sempre é tratado em contos variados como a causa do sofrimento por algo ou alguém. Ele é mostrado como o vilão nas literaturas, o causador do caos emocional do ser humano.

Afinal você concorda?

Até porque o amor é o sentimento mais puro de alguém. O amor é a adrenalina que energiza nosso ser ao ponto de nos deixar saudáveis, felizes e bem para ser que nós somos de verdade. O amor não julga. O amor não mente. O amor é a demonstração mais sincera do ser humano para outro.

Retratar o amor como o vilão é o pior dos pecados. Esse sentimento é capaz de mudar o mais amargo o tornando alguém melhor. Capaz de trazer outros sentimentos incríveis como: compaixão, empatia, confiança e respeito.

Há pessoas que confundem paixão com o amor. São sentimentos completamente diferentes, mas que andam de mãos dadas para trazer o reboliço de emoções no coração mais selvagem.

Esses dois sentimentos são a composição de uma sinfonia necessária para se ter a melhor sensação de paz que um coração traumatizado pode ter. Sem eles as mazelas acontecem trazendo uma dor comensurável e o que se tem de "bom" são apenas esperanças de dias melhores.

NOTAS DA AUTORA:

E aí, família?! Tudo certo?

Essa fanfic é uma parceria com  a @cacaubs9

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A Filha do Rei || SterellaOnde histórias criam vida. Descubra agora