Não sei quando parei para admirar a lua no céu. Não sei quando me perdi e nem a luz prateada eu conseguia ver.
Antes a luz do sol iluminava o meu caminhar durante o dia e durante a noite a lua era minha companheira e confidente perante os passos dados. Mas hoje o sol já não brilha mais é a lua sumiu, assim como as estrelas.
Queria saber quando perdi o rumo de mim. Quando deixei de ser eu? Que dia e hora minha vida se acabou e eu vim parar nessa escuridão eterna e sem fim? Em que dia eu sumi? Só sei que nada sei e por isso não tanto respostas para tais perguntas.
Agora cá estou, admirando o céu negro como as sombras e só percebo a minha presença. O chão é negro e não há lua para iluminar. Ao meu lado há apenas um violão para tocar e assim quem sabe deixar a dor ir. Essa solidão incessante que não me abandona. A dor e a tristeza são minha companhia aqui.
Decido então tocar o violão, mas nenhuma música me vem à mente. Se repente deixo tudo fluir e acordes vão aparecendo em minha mente e a letra toma forma. Minha voz ecoa no profundo silêncio, assim como as últimas palavras de Eco.
"E hoje a noite não tem luar
E eu estou sem ela
Já não sei onde procurar
Não sei onde possa estar
E hoje a noite não tem luar
E eu estou sem ela
Já não sei onde procurar
Onde será que estou?"
E ao findar o canto a luz do sol vem iluminar minha varanda, acabando assim por me despertar. Me vi deitada na rede, o mesmo lugar onde estava noite passada enquanto admirava o céu azul sem lua e apenas uma foto em minhas mãos.
Ela é de 12 anos atrás, quando eu tinha 7 e o mundo era um lugar incrível. Nessa foto eu sorria como se não houvesse amanhã, como se o sofrimento não existisse. Ao olhá-la me recordo dos dias dourados e das pessoas que amei. Uma época de flores e arco-íris.
Não sei que horas acabei por adormecer aqui, mas a lua não estava no céu e as estrelas brilhavam tão pouco. Recordei-me do sonho e soube que era minha alma, meu Eu, que havia visto. Ele pedia socorro em meio aquela escuridão. Sempre fui livre como um pássaro que queria ir aos céus, mas hoje cortaram minhas asas e nem o solo eu vejo mais, pois perdi a luz que me guiava, perdi quem eu era. Já não canto ou escuto a música da vida. Agora sou apenas um pássaro sem asas a admirar os céus em busca de um dia em que a luz da lua apareça para me iluminar.
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Hoje a noite não tem luar
PoésieE eu me encontrava admirando o céu negro como as sombras, sem nenhuma luz a lhe iluminar. O silêncio reinava e apenas a tristeza me fazia companhia.