enferrujado

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Uma velha casa de madeira abandonada
Os pregos enferrujados

O assoalho comido pelos cupins
Telhas soltas
      Cheias de goteiras

O musgo cresce entre as tábuas

A dois quartos nesta velha casa de madeira que se desfaz

O primeiro é cheio de teias de aranha
E se você parar pra sentir o aroma
Tem cheiro de algodão doce e pipoca amanteigada

Cheiro de infância

Uma pequena cama de ferro que um dia foi pintada de rosa, a ferrugem tomou de conta

O colchão que um dia foi gostoso para se ter uma Boa noite de sono
Está com as molas para fora

O pequeno criado mudo foi o único móvel que restou dentre tudo

Permaneceu intacto

Lá é guardado todas as lembranças marcantes

Um pirulito de caramelo .

Em uma tábua solta debaixo do meu pé
Foi enterrada uma caixa

Apenas o movimento de pôr a mão na tábua

Causa pânico
     Os pés viram gelo
Falta ar
       O medo cresce
A voz morre
         Os batimentos aceleram

Não toque na Madeira
Não entre na casa
Não mecha nas tábuas soltas

Os avisos que dou
     A todos

O quarto ao lado foi fechado a muito tempo atrás
     Com uma menina presa no escuro

Não se assuste

    Não tenha pena

Ela não vale nada

Se ela não tivesse trancada estaria aqui

Brincando com você

Quando toco a porta
Ela rir

Não é nem de longe de valer a pena

Não vale

A menina atrás da porta
E podre
E carrega consigo um globo de neve

Essa é minha alma

A menina o guarda dentro da bolsa
Foi o que ela me disse uma vez

Quando
      Esqueço

Sou lembrada

Quando durmo
          Sou acordada

A tempos atrás fizemos um acordo
Ela tiraria meus pesadelos
E na troca
Seria portadora do globo

Quando o acordo foi selado eu a empurrei para dentro do quarto
E tranquei

Ela jamais iria ficar solta por ai

Não com minha alma em mãos

Jamais iria andar dentro da Minha casa que se desfaz

Não deixaria a por a mão em outra flor de gelo

"Não pertence a você", ela diz

Só que não fui a única trapaceira

Ela tomou mas de mim
Do que deveria

Ela me dar duas a três lembranças
Modificadas

Não me deixa lembrar de coisas necessárias

Uma menininha sapeca

Meus pesadelos se foram durante a noite

O problema é que vivo os tendo durante as horas que se passam

Pra me acordar tenho que sentir algo

Um soco no estômago
Um puxão no fio imaginário
Uma canção
Um grito

Ela gargalha muito

Sabe meus medos
               E fraquezas

Sabe onde por a mão quando necessário

Adora brincar .

Só que quando a tranquei
           Eu Ainda era nova demais

Esperávamos todas as crianças se reunirem na rua

A garotinha chorava
             Pra brincar também

Acalentar se tornou minha profissão

Pare de chorar vai me deixar surda

Seus gritos são tão desafinados

A nova brincadeira que ela ama

    E se divertir com o sofrimento

Não só o meu

Ela lambe um picolé enquanto observa a dor

Minhas flores de gelo
Ela se diverte com a dor de vocês

Então não fique
          Corra pra longe

Esse é o motivo de não ser tão próxima de vocês 

Estou aqui pra ajudar

Mas não toque na minha alma

A garotinha vai se colocar entre você é eu

Ela não deixa qualquer tocar

Ciumenta

E quando brinca com sua boneca de pano
Com espumas para fora

Não pense que ela não vai ver

Só está distraída demais pra fazer algo

Nunca
    E
     Jamais
Irrite

A menina carrega o inferno consigo

Cada explosão
     Dura por anos

E o gelo derrete
    Os flocos de neve param de cair

Ela esconde o Globo

Muito longe
           E eu desapareço

Fico louca
        Ela toma de conta

Enquanto tento consertar a casa chamuscada .………..

Da última vez que saiu pra brincar

tentou se jogar na frente de um caminhão

Das outras

Pegou vários remédios e colocou sobre a cama

Pegou a faca e pois sobre o pescoço

Pegou a corda e fez um laço 

Riu

Enquanto socava paredes
Riu tanto
Que ouvir de longe

Corrir e bati na porta com força pra derrubar

Mas não derrubei

Cortei a pele em várias camada
Nos fatiei

Enquanto ela se distraia vendo o sangue

Voltei e me recuperei.

Sorrir
     Não de forma medonha

Apenas um sorriso cansado .
         













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