Lupe abre os olhos e imediatamente franze o cenho, cobrindo o rosto com as mãos. Quando sua visão se acostuma com a luz, ele olha ao redor. Ele está no meio de uma sala de metal, deitado no chão. Uma pequena abertura circular na parede da esquerda é a unica iluminação do lugar.
Uma dor de cabeça infernal o atinge nesse momento. Lupe fecha os olhos outra vez e apoia a cabeça nas palmas. A sala se move um pouco, e uma sensação esquisita se instala no estomago dele se fundindo com a fome. Além, é claro, da garganta tão seca que machuca.
Lupe respira fundo. A sala, além do cheiro metalico, ostenta o forte cheiro de urina e talvez de álcool ou mesmo de cloro... ele não tem certeza.
Lupe se levanta. A sala se move mais uma vez. Mas não é um movimento rápido. É apenas uma ondulação. Sua barriga tem a mesma sensação de antes. Ele sabe que já sentiu isso antes, mas não consegue raciocinar direito.
Ele olha mais uma vez ao redor. A sala é quadrada. Paredes, chão e teto de ferro. Ha uma cama de ferro tambem presa a parede da janela e bem aos pés dela, uma privada e uma torneira. Lupe corre para lá e abre a torneira violentamente e bebe até sua barriga doer.
Pelo menos parte dos incômodos acabaram nesse momento. Lupe caminha até a cama e encontra suas roupas, só então percebendo que está apenas de shorts. Ele pega sua camiseta, encontrando algumas marcas de sangue na manga e na gola. E então lembra do soco que levara no nariz. Ele toca o nariz. Dói, mas não o bastante para estar quebrado. Ele se veste, calça os tênis e senta-se na cama, apenas para se concentrar em sua respiração. Quando seu coração desacelera e a dor de cabeça diminui ele volta a encarar a sala. Até perceber que há uma porta de correr na parede a Oeste (e admira a si mesmo por ainda conseguir identificar direções). Lupe se levanta, mas a sala se inclina um pouco e ele volta a sentar-se. A sensação de antes novamente o atinge. Ele se levanta e cambaleia até a porta. Também é de metal e ha outra pequena janela circular nela. Ele segura a maçaneta e a puxa. A porta se arrasta pesadamente para o lado, revelando uma parede. Lupe da dois toques leves nela para saber se é oca o bastante para ser quebrada mas são tentativas frustradas.
Lupe se afasta da porta e volta a cama. A sensação no estomago continua. Ele conhece aquela sensação, mas de onde?
Ele tenta encontrar outro meio de sair daquela sala além da porta. Varias voltas e inspeções minuciosas nas paredes e no chão e ele concluí que a porta é o único meio de sair. Lupe volta à cama, olhando debaixo dela. Além de ser soldada ao chão e às paredes, a parte de baixo é quase inexistente. Mesmo se houvesse uma passagem ali, o corpo dele nunca conseguiria se esgueirar para baixo dela. Ele volta a encarar a porta. Será que há alguma maneira de quebrar aquela parede? Se ele pudesse arrumar alguma ferramenta ou qualquer coisa pesada...
Ele se levanta mais uma vez e se aproxima da janela da parede. É apenas um buraco com um vidro grosso e resistente. E mesmo se ele quebrasse, a abertura é pequena e alta de mais para ele passar. Mas será que da pra gritar por ajuda?
Lupe pragueja. Volta a cama. Deita-se nela e fecha os olhos. Talvez a dor de cabeça passe se ele cochilar alguns minutos.
Ele chega até a pegar no sono, mas quando consegue, a porta bate bruscamente fazendo um som alto o bastante para acorda-lo mesmo se ele estivesse morto. Ele se levanta assustado e observa a porta. A sala apenas se inclinara um pouco outra vez e isso fechou a porta. Lupe suspira e passa os dedos pelo cabelo, só então percebendo o sangue seco nele.
Lupe vai até a pia e lava o cabelo como pode, jogando agua no rosto e na nuca. Então volta a cama enquanto se seca na própria camiseta. Ele deita-se outra vez e volta a encarar a porta, agora fechada. Logo ele percebe uma pequena lampada vermelha sobre a porta. Inicialmente ele pensa ser uma câmera de vigilância, mas logo conclui que é apenas uma luz de algum sistema de alarme ou algo do tipo. Mesmo assim ele continua a encarar. Há alguma coisa escrita ao lado da lâmpada mas ele esta cansado e com dor de mais pra tentar ler. E mais uma vez quando ele já estava a meio caminho para a terra do sono, a luz começa a piscar.
Lupe senta-se e encara a luz piscando. Será que há algo errado? Quer dizer, alem de tudo até aquele momento?
De repente a sala treme. E não como as outras vezes. Essa é mais rápida, brusca e curta. E logo a outra janela, a da porta, é inundada com luz. Lupe se levanta e corre para lá, olhando. Ele pode ver um corredor sem teto e o céu azul sem nuvens, apenas isso.
Lupe puxa a porta outra vez e é atingido pela luz forte do sol. Enquanto seus olhos se acostumam ele pode ouvir os sons de água e daqueles passaros que não tem em lugares do interior que ele nunca lembra o nome. Ele olha ao redor antes de sair por pura precaução. Alem da porta da qual ele saira, há pelo menos mais cinco ao longo do corredor. À esquerda, ele tem uma parede no fim, mas a direita há apenas mais corredor. Lupe vai até a porta mais próxima e a abre, encontrando uma sala identica a sua, porém, com marcas de uso, como por exemplo algumas roupas penduradas para secar ao lado da cama e lençóis revirados. Ele segue cambaleante até a próxima e a encontra em um estado parecido.
Lupe caminha pelo corredor até o próximo perpendicular frente a última porta e continua a seguir pelos próximos enquanto consegue ver o céu.
O som de água finalmente o diz onde Lupe está. É um navio. Isso explica a sensação na barriga: é devido ao movimento do mesmo. Lupe realmente ja se sentira assim antes quando fora viajar com a família em um barco para pescar.
Ele caminha mais alguns metros até chegar a uma escadaria. E então ele ouve vozes no andar superior.
Ele sobe correndo até chegar aos últimos degraus. E então se abaixa. Apesar de sua cabeça não estar funcionando direito e a fome e as dores não ajudarem em nada com isso, ele sabe que as pessoas ali podem ser as mesmas que o colocaram naquela sala, então podem ser perigosas. Então ele se esgueira até poder ver alguns deles. E, assim como ele, são adolescentes e jovens. Ninguém ali pode passar dos vinte.
Lupe se levanta e cambaleia até eles. O primeiro que o vê é um cara de cabelo verde desbotado. Ele se levanta e automaticamente inclina para Lupe uma espécie de lança. Lupe levanta as mãos em defesa.
- Hey, Ansel, é uma pessoa! -alguém diz.
E então os outros olham para Lupe e o ajudam a se mover até o assento mais próximo.
- Madison, trás água fresca! -um garoto ordena.
Há cerca de nove pessoas ao seu redor agora, todas se movendo rápido de mais e o som da água e o balanço do navio influenciando seu estomago são o bastante para deixa-lo com vertigem. Ele não ouve nada e também não consegue ver mais nada até que alguém diz:
- Dêem espaço a ele! Ele precisa respirar! -Lupe reconhece a voz masculina. Ele continua: -Qual seu nome?
Lupe esfrega o rosto e volta a sentar-se apenas então percebendo que estava no chão.
- Hey! Qual seu nome? Fala minha lingua? -o cara insiste.
Lupe olha pra o cara e consegue perceber seu cabelo castanho mal cortado preso por um pedaço esfarrapado de pano azul desbotado. Camiseta com as mangas arrancadas e uma cicatriz recente na bochecha.
- Hey, consegue entender oque eu digo?
- Sim! Sim! -Lupe gagueja.
- Que bom! Qual seu nome?
- Lupe... Steine!
- Okay, Lupe Steine! Sou Kurtis Mackenzie!
- O outro cara também tem esse sobrenome! -diz outra pessoa.
- Vai buscar ele! -diz Kurtis.
Então alguém sai correndo.
Levou bastante tempo para Lupe entender oque fora dito. Mas quando pensou em formular algo, Kurtis disse:
- Conhece algum Jawlee? Reconhece esse nome?
- Meu irmão! Ele ta aqui?
- Chegou dois dias antes de você! -Alguem entrega algo a Kurtis. -Bebe!
Lupe pega o copo, então percebendo que é um copo e bebe. É água. Fresca, diferente da água quente da torneira. Ele bebe tudo sem hesitar ou parar pra respirar. E então sente-se melhor.
Ele olha ao redor outra vez. Há ainda nove pessoas. Três garotas e seis garotos, incluindo Kurtis. O de cabelo verde está debruçado sobre algum corrimão ou algo parecido, de costas encarando o horizonte. Há mais dois ao seu lado olhando para Kurtis e ele. Uma garota (Madison, se ele bem se lembra), a que entregou o copo a Kurtis, está ao lado do mesmo, também encarando Lupe. As outras duas estão afastadas, sob a sombra de um tecido estendido. Os outros dois garotos estão sentados no chão.
Lupe fica de pé. E então se desequilibra. Kurtis o apoia e o firma.
- Onde estamos?
- Num navio no meio do nada! -diz uma das garotas, a de tranças e pele branca vermelha do sol.
- E como viemos parar aqui?
Kurtis da de ombros.
- Ai meu deus, Lupe! -alguém diz.
Lupe reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Seu irmão e ele tem a mesma voz. Não é só a aparência que iguala gêmeos.
- Jawlee! -Lupe diz e levanta, atingindo o corpo do irmão com muita força.
Jawlee e Lupe cambaleiam quase caindo no chao. Jawlee é o primeiro a chorar. Lupe solta-se de Jawlee.
- Oque houve aqui? -pergunta ele.
- Pensei que não fosse te ver nunca mais! -diz Jawlee, limpando o rosto.
- Oque houve? Porque pensou isso?
- Ficamos quase um mês separados! Você não se lembra?
- As vezes essa droga causa amnésia! -diz o cara de cabelo verde.
- Como assim? -pergunta Lupe.
- Eles usam alguma coisa para nos drogar e nos colocar nesse navio. As vezes ela causa amnésia temporária! Fez isso com Ansel! Ele ficou quase uma semana sem lembrar de nada antes de acordar aqui. -Kurtis explica.
Lupe olha para Ansel. Seu cabelo verde desbotado o deixa com a aparência anemica. Ou talvez ele tenha ficado muito tempo sem comer. Quem sabe? Ele o encara de volta e fecha a expressão. Lupe volta a olhar para o irmão.
Jawlee esta com o cabelo preso também e tem duas cicatrizes: uma no ombro exposto e a mais recente, ainda sangrando, no pescoço. Aliás, todos ali ou tem feridas recentes, ou cicatrizes. E estão bem sujos e maltrapilhos.
Lupe olha para fora do navio. Apenas mar aberto até onde a vista alcança. Mas isso não parece que fora espontâneo. Lupe precisa de algumas informações:
- Por favor, alguém pode me falar o que ta acontecendo aqui?*Entao, ca estamos, primeira parte...
EU TO TAO FELIZ DE POSTAR ISSO AQUI, CES NEM IMAGINAM...
Bem, primeiramente, gostaria de pedir para se atentarem aos personagens ja mencionados, varios deles são muito importantes.
Segundo, se voces forem muito atentos vao perceber dois segredos que eu coloquei ai no meio.
Pois bem, obrigado por lerem e ja ja tem mais. Beijo beijo 💙*
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Pandora Prime
Mystery / ThrillerOque Você Faria se acordasse em um navio em alto-mar cheio de adolescentes sem memoria alguma de como chegou lá? E se esse navio te propusesse provas, cada vez mais desafiadoras? Acompanhe a Jornada dos gêmeos Lupe e Jawlee no navio Pandora Prime em...