Parte 2: Mais uma Sala se Abre.

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-Okay, oque é isso tudo? -Lupe pergunta.
- Bom, é basicamente a droga de um navio... quem tá aqui a mais tempo é Kurt! -diz Madison Forbes.
Lupe tenta entender o motivo da informação trivial e da adicional... era realmente necessário ela mencionar que é um navio, visto que era óbvio, e que Kurtis estava ali a mais tempo?
- O navio... -Lupe tenta, mas não consegue organizar as palavras em uma frase.
- O navio é um labirinto! -começa Sabrina Asher, finalmente parando de andar pela sala e sentando-se em uma cadeira. -Inicialmente pensávamos que eram as mesmas salas semper sendo preenchidas, mas teu irmão percebeu que na verdade o navio se reorganiza semper!
- Eu percebi que a mesma porta aparecia em lugares e andares diferentes as vezes! -confirma Jawlee. -Então testei isso desenhando na porta de algumas delas... a mesma porta estava, por exemplo, logo ao amanhecer, no começo do corredor cinco do primeiro andar e próximo ao meio dia estava no último andar no corredor quinze!
- Então deve ser um navio bem grande! E qual o tamanho dele?
- Bom... ninguém nunca mediu... mas ele tem pelo menos uns quinze andares, o andar da sala das maquinas lá embaixo, a sala de comando no andar mais alto e o deck... -diz Madison.
Lupe começa a imaginar o lugar. Apesar de tudo, ele tinha estado em apenas dois andares até o momento. Como saber como são os outros?
- E o lance das ameaças que Kurtis mencionou?
- Bom... assim como as formações do navio são aleatórias, aleatoriamente também as salas se abrem... as vezes são pessoas, como você e nós: jogadas aqui pra tentar sobreviver... as vezes são enigmas, como nas vezes em que tivemos que desarmar bombas na sala de maquinas... mas, as vezes... -Madison fica tensa. -As vezes são monstros!
- Monstros? -Lupe repete. E imediatamente olha para os machucados no irmão. Jawlee percebe o incômodo dele e nega com a cabeça, dizendo que esta tudo bem.
- Sim... monstros! -Kurtis volta a sala. -As vezes são lagartos humanoides... as vezes são insetos gigantes... as vezes lobos monstruosos! E por ai vai! Nunca sabemos oque está por vir!
- E como vocês se defendem?
- Da maneira que der! -diz Sabrina. -Quebramos as mesas do restaurante e fizemos lanças como a de Ansel!
- Mas como vocês conseguem se defender de Lobos monstruosos com alguns pedaços de madeira?
- Basicamente semper contamos com a sorte... é difícil, mas não temos escolha!
- Vocês não podem só... traçar um rumo para o próximo continente?
- A sala de comando é trancada... -Jawlee diz.
- Ja tentamos abrir mas a porta é soldada e os vidros são blindados! -diz Kurtis.
- Eles fizeram isso pra nos prender aqui de qualquer jeito! -diz Sabrina.
- E quem nos trouxe pra ca?
Ela da de ombros.
- Apenas acordamos todos aqui!
- E como não nos lembramos deles? Tipo, fomos capturados em algum momento, né?
Ninguém nada diz. Jawlee e Lupe se entreolham. Ele percebe que esse desconforto só vai crescer se ele continuar com esse assunto.
- Quer dizer que nas salas fechadas podem haver mais pessoas presas em coma? -Lupe deduz.
- Ai temos uma questão: antes de vocês dois, o último que surgiu foi a pelo menos uns dois meses! É impossível alguém sobreviver nas condições em que nos encontravamos quando acordamos por tanto tempo! -Kurtis diz.
- Eu tenho a teoria de que eles trazem durante os ataques enquanto estamos ocupados por meio de helicópteros ou lanchas... -diz Madison.
- Isso é plausível! -diz Lupe.
- Eu já não tenho tanta certeza... acho que é impossivel eles pousarem um helicóptero aqui, abrirem uma sala e colocarem um monstro ou uma pessoa dentro e sairem sem que nenhum de nós veja... Mesmo que estivessemos completamente ocupados com alguma ameaça, é impossível não percebermos nada! -diz Jawlee.
- Hey, na verdade eu me lembrei de algo! -diz Lupe, indicando sua camiseta manchada. -Estão vendo essa mancha de sangue!? É meu! Quando vi tive certeza de que levei um soco no nariz! E o sangue não tá tão velho!
- Eu daria no máximo vinte e quatro horas! -diz Jawlee, encarando a mancha e logo em seguida examinando o nariz de Lupe.
- Foi exatamente oque pensei! Meu nariz ainda doía quando acordei!
- Então minha contra-teoria não é provável!
- E vocês são oque, afinal? -Sabrina pergunta de uma forma um pouco áspera. -Sabem tanto sobre tanta coisa! Parecem gênios!
- Duas cabeças semper pensaram melhor que uma! -Jawlee diz. -Meu irmão e eu semper fomos muito observadores!
- Eu não lembro de muita coisa agora, mas definitivamente está na minha cabeça ainda... -completa Lupe. -Por exemplo, tenho certeza de que deveríamos fazer um mapa do navio!
- E onde espera que façamos isso? -Kurtis desafia. -Nao há canetas ou papéis disponíveis e não podemos apenas sair pra comprar!
Lupe torce os lábios.
- Em minha defesa, minha cabeça não ta funcionando direito, ja que fui drogado e fiquei vinte e quatro horas dopado!
- Ninguém ta te culpando por isso... aliás, todos já passamos por isso! -Kurtis diz.
E quando Lupe percebe que uma pergunta ou um assunto derivado dessa vai surgir ele imediatamente diz:
- Olha, ainda não terminei com as perguntas! Em quantos são agora?
- Atualmente somos em vinte e uma pessoas e vocês dois! Eramos em vinte e três mas Lello e Roger morreram uma semana antes de vocês! -diz Sabrina.
- Oque houve com eles? -Jawlee pergunta.
- Foram atacados por uma... um tipo de criatura como um cachorro do mato ou uma hiena de uns dois metros! -Kurtis diz.
- Sinto muito! -Jawlee e Lupe dizem ao mesmo tempo.
- Então provavelmente a lotação máxima que eles podem controlar seja vinte e três pessoas! -Lupe diz.
- Isso explica o porque pegaram nós dois! -Jawlee acrescenta.
- Talvez haja uma explicação para isso... tipo, qual o significado do número vinte e três?
- Por acaso já passou desse número? -Lupe pergunta a Kurtis.
Kurtis para pra pensar um segundo:
- Acho que uma vez o número máximo foi vinte e cinco! -diz ele.
- Então há mais duas pessoas pra vir se mais ninguém morrer! -Lupe pondera.
- Isso vai depender se algum monstro não matar ninguém! -Madison diz.
- E contra oque já lutaram? Pra eu me preparar! -Lupe continua.
- Contra os já mencionados, contra um enxame de baratas monstro... -começa Kurtis. -Ja tivemos que desarmar varias bombas e uma vez que não conseguimos, a jogamos fora do navio! Ja teve um monstro que parecia uma pessoa gigante feita de cicatrizes e feridas...
- Teve aquela vez em que fomos atacados por um monstro marinho fora do navio! -diz Madison.
- Espera, eles vem de fora do navio também? -pergunta Jawlee.
- Não... tem uma sala no casco do navio... na verdade são duas, mas a da direita não abriu ainda! -diz Kurtis.
-Então as salas que ja abriram não fecham mais? -Lupe pergunta.
- Bom, as que tinham pessoas não... as dos monstros e ameaças fecham semper e se reorganizam!
- Então deve ter um padrão! -Lupe deduz e olha para o irmão.
- Eu ainda não descobri qual! -diz ele.
Lupe assente.
- Hey, Kurt! -alguem fora da sala grita.
Kurtis se levanta e vai até a porta. Um lampejo fora o necessário para ele ver o cabelo verde de Ansel e ter certeza que era ele ali.
- Tem uma sala prestes a abrir! -diz ele, tentando não ser visto por ninguém dentro da sala.
- Fiquem aqui! Fechem a porta e coloquem algo pra prender! -Kurtis diz e sai.
- Espera, eu vou com vocês! -Lupe diz mas não rapido o bastante para os dois ouvirem antes de estar longe.
Lupe e Jawlee tem a mesma ideia de se levantar e correr para a porta.
- Esperem, não podem ir, é perigoso! -Sabrina diz.
- Eu sei, não é animador? -diz Lupe e continua. -Vocês vem?
Sabrina olha para Madison e as duas continuam imóveis.
Lupe e Jawlee continuam correndo e logo alcançam Kurtis e Ansel.
- Hey, oque fazem aqui? Mandei se protegerem! -diz Kurtis, rude.
- Eu sei! Mas quero ajudar! -diz Lupe.
Ansel balança a cabeça, debochado. Eles continuam correndo.
Ele passam o corredor e chegam a escadaria. Descem seis lances de escada até o terceiro subsolo. As paredes são mais gastas e tem cor de bronze. A iluminação é fraca constituída apenas por luzes de emergência, ja que as lâmpadas de verdade estão quebradas ou não chegam sequer a acender. Há um forte odor de coisa morta e logo Lupe percebe pedaços bem decompostos de pele e vísceras, além é claro dos ossos com sangue seco putrefado. As paredes à frente tem marcas profundas e irregulares e até mesmo o teto tem uma parte faltando de onde água goteja.
- Oque houve aqui?
- A última ameaça foi nesse andar! Logo depois das mortes de Lello e Roger, um monstro enorme apareceu! Tinha garras e espinhos pra todo lado! -Kurtis explica.
- Eu matei ele! -diz Ansel, com a voz dura.
Kurtis ri, provavelmente da arrogância do outro cara.
- Ansel enfiou a lança no crânio do monstro!
- Depois que todos nos o imobilizamos! -diz alguém no fim do corredor.
E há cerca de doze pessoas ali. A maioria são homens, e cerca de três garotas.
- A quanto tempo ela ta piscando? -Pergunta Kurtis, apontando para a lampada vermelha piscando insistentemente.
- Há uns dez minutos! Henrique percebeu! -diz o cara com um pedaço de pau usado como porrete.
E então Lupe percebe que a luz pisca quando esta prestes a abrir do lado de fora também.
- Tem como saber oque vai acontecer? -ele pergunta.
Kurtis nega e o direciona para trás do grupo, que se aglomerou frente a porta em guarda, completamente preparados. E depois disso toma a frente e alguém lhe entrega uma lança de metal, provavelmente feita de um pedaço de cano da proa.
- Fiquem atentos! A porta pode abrir a qualquer momento.
Lupe encara a porta. Há uma parede de ferro frente a ela, como se colocada lá para esconder a passagem. Idêntica a parede que fora colocada frente a sua porta.
Passam-se alguns segundos. A porta não faz sequer um movimento e nenhum som sai de lá também. A luz continua insistente, piscando como se pudesse dizer o perigo que está escondendo.
E então ela para subitamente. A parede faz um clique e se move, saindo da frente e levando a porta consigo. A sala está escura.
- Ansel! -Kurtis sussurra.
Ansel, ao seu lado, pega algo do bolso, um isqueiro, e tambem um pedaço da sua própria camiseta amarrado sobre uma ferida e acende o tecido, arremessando dentro da sala. Nada acontece.
Kurtis levanta a mão direita e faz um movimento, dando alguns passos. Os outros o seguem, e Lupe e Jawlee também.
Ansel, Kurtis e o cara do bastão entram primeiro. Logo em seguida os outros. O tecido em chamas não ilumina muita coisa, mas ainda assim, Kurtis o pega com a ponta da sua lança e o levanta, iluminando a frente.
De repente um grito assusta todos ali. Lupe pega a mão de Jawlee inconscientemente e eles avançam sala à dentro. Kurtis se move rapidamente e joga o pano em chamas para o alto, já empunhando sua lança como deveria. O navio oscila vagarosamente e desequilibra todos ali. O pano atinge uma mesa. E então Lupe e Jawlee conseguem ver o motivo do grito. Então é a vez de Lupe gritar:
- Puta que pariu...

*Oi, pessoal, Gafanhotinho aqui. Bem, tenho dois avisos hoje: primeiro, quem foi atento e conseguiu pegar meus dois segredos da parte anterior, um deles é explicitado aqui.
Segundo, tem algumas pessoas com uma dúvida em comum me perguntando no Whatsapp e no Discord sobre as relações entre meninos aqui. Bem, eu vou colocar, so que mais pra frente... antes eu preciso desenvolver os personagens e como eles se relacionam num ambiente desconhecido.
É isso... valeu pela paciência e por terem me apoiado. 💙 SEMANA QUE VEM TEM MAIS*

Pandora PrimeOnde histórias criam vida. Descubra agora