Prólogo

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Minha vida sempre foi estranha digna de um filme de Hollywood, eu não sei bem qual gênero, mas talvez drama e terror, daqueles que você assiste e se sente bem por não está naquela situação. Já viram o filme ParaNorman? Vivo uma situação parecida a essa obra áudio visual.
Penso que nunca tive o problema de sentir a morte de algum ser vivo, começou com quando criança, meu adorável cachorra Bolinha morreu quando eu era criança, bem, era o que minha família dizia porque eu ainda via ele em casa, e até brincávamos. Nenhuma mãe gosta de ver seu filho brincando com o vácuo né? Então fizeram vários exames, mas nenhum chegavam a uma conclusão, claro, eu nunca disse a eles que via seres mortos, mesmo assim pensavam que eu era louco, no fim passaram vários remédios para diminuir esses distúrbios e estava saudável.

Eu sempre consegui viver nessa situação, até usava a meu favor como pedir para um espírito pegar as respostas das provas, se Deus deu tem que aproveitar né? Fui aprovado na faculdade com certa facilidade embora eu não tenha dito para eles “olha, eu vejo gente morta é meu diferencial”, nunca tive muitos amigos devido não saber qual era o real ou não, descobri que os espíritos não conseguem me tocar, então quando estou em dúvida tento tocar a pessoa, até que ajuda ou posso parecer um pervertido não encontrei a um meio-termo.

Quando cheguei no ‘campus’ da faculdade estava decidido que mudaria minha vida, seria mais social, até pintei meu cabelo de vermelho o que não deve ajudar muito na minha popularidade ou me poupar de ofensas de pessoas que a autoestima se mantém ofendendo os outros. Conheci um garoto chamado Denki vamos dividir o quarto, mas ele parece meio desligado então não devo ter problemas caso algum espírito faça algo.

Começando hoje o primeiro dia de aula, fazer faculdade de medicina não é um conto de fadas afinal, mal comecei e já tenho muita coisa para fazer quando vai ser que nem Grey's Anatomy que vou me sentir o próprio O'malley? As aulas com a senhora Karen são tão chatas, por sorte ela não parece notar minha total falta de interesse em aprender uma matéria que já conheço.

Você pode estar aí se perguntando, porque eu que vejo pessoas mortas quero trabalhar com essa coisa estando no “portal” que separa essas duas extremidades. Não vou dizer que a influência não veio de séries, mas também quando você conhece muita gente que já se foi, e como foram acaba tentando fazer de tudo para aquilo não aconteça mais, e o meio que eu encontrei foi esse, poderia ser político, eu não conseguiria muitos votos, infelizmente pessoas que já morreram não votam.

O segundo dia de aula chegou, terceiro, depois vieram mais e mais dias. Hoje faz três semanas que comecei a faculdade e não sei o que é dormir. Conheci uma garota chamada Mina e apesar de seus costumes peculiares parecem ser uma ótima amiga, Denki o garoto que divido o quarto, nunca vi estudar ou sequer ir para suas aulas, mas não tive coragem de perguntar o que ele fazia aqui. Acordei cedo para a primeira aula, vesti minhas roupas e coloquei o jaleco para a aula no laboratório. A aula seria diferente, iríamos analisar um cadáver assustador né? Fomos conduzidos numa sala branca, todos usando os equipamentos apropriado, não chegaríamos a tocar no corpo á professora apenas demonstraria, coisas assim seriam nós próximos semestres.

É impressionante a forma que criamos inimizades, um aluno chamado Tetsutetsu resolveu que na cabeça dele sou seu inimigo, acredito que meu intelecto atacante o assustou. Ele não perde uma chance de me ofender e querer demonstrar o qual forte seria caso brigássemos o que dificilmente vai acontecer.

— Como podem ver, esse corpo já está morto a alguns dias, a morte dele foi causada por AVC Isquêmico, qual de vocês podem me dizer o que causa isso?

— Gordura no sangue professora — Tetsu praticamente gritou para Karen.

— Resposta muito superficial.

— As causas mais comuns dos AVC Isquêmicos são a aterosclerose dos vasos cerebrais e pré-cerebrais. Ela se caracteriza por um entupimento desses vasos sanguíneos que pode ser provocado por coágulos e embolias vindas do coração. — Disse. Uma vez um homem me contou que morreu assim, então pesquisei.

— Correto Kirishima! Viu, é respostas assim que gosto. — Tetsu me matou com os olhos.

A aula seguiu, para alguns, era nojento ver um corpo aberto, para outros, era como está na Disney.

— Que viadagem, achei que iríamos tocar nele, né cabeça de fósforo? — Um loiro do meu lado comentou vestia um jaleco que eu nunca vi, uma gravata justa por baixo e calças cafonas um penteado ainda pior.

— Como disseram no cronograma que enviaram por correio eletrônico isso vai acontecer daqui a vários semestres.

— E quem? Do que você tá falando?

— E-mail, tecnologia, computadores, mensagens instantâneas, lembrou?

— Está falando de cartas? — Toquei na minha testa, só podia ser brincadeira.

— Senhor Kirishima com quem você está falando? Espero que não esteja utilizando telefone durante a aula— Karen se pronunciou e todos olharam para mim.

— Com ele — Apontei para o loiro e todos riram.

— Não gosto de brincadeira na minha aula, se não quer está aqui pode ir embora. — A princípio não entendi o que estava acontecendo, movi minha mão para tocar o ombro do loiro e a mão passou por ele.

Não, não absolutamente não. Isso não poderia estar acontecendo bem agora.

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