fim de semana

6 0 0
                                    

Sábado e domingo os meninos vieram aqui em casa e trouxeram um narguilé, maconha e cerveja. Terminei não escrevendo esses dois dias, e agora sinto uma dificuldade enorme de continuar uma ideia, não se deve dar tempos, rupturas podem ser fatais a um bom escritor, o melhor é se mantar constante, mas acabei fumando tudo que podia como de costume e na noite de domingo percebi que o Iago não estava fumando comigo, o que era estranho, ainda mais como o fato dele ter terminado um relacionamento não fazia muito tempo. Como se não fosse o bastante, ainda me abandonava na missão de dar atenção a galera, o que a gente faz muito bem, mesmo que, às vezes, só queiramos ir pra casa. Logo vi que ele estava apaixonado e pensei, "Lá vai o Iago de novo, se diz covarde, mas tem mais coragem do que acha". Não há nada que a gente possa fazer e nem ele, sei que preferiu não beber muito e nem fumar porque já tinha o coração drogado, deixei ele lá; sei como é, eu mesmo já tinha feito aquilo no ano novo. Pelo menos ele voltou a escrever, que saia melhor dessa que da outra, sei que ele está criando casco. Mateus e a Bruna também apareceram aqui. Mateus está tão magro depois que começou a fazer esse curso para Cabo que eu até assustei, não via ele assim desde suas primeiras semanas no exército. Sobre a Bruna eu a adoro, uma simpatia que ainda bem, converso mais com ela do que com o Mateus hoje, ele me apresentou ela no carnaval de algum ano e me falou que estava namorando. Passamos os carnavais juntos desde então. Maikon, Anderson e Vinícius tem um assunto em comum, mulheres, não precisei me preocupar muito com eles, baixaram o Tinder e, a conversa acontece até hoje, eu só entro para contar algumas histórias antigas já que não uso mais o aplicativo, preciso de tempo para escrever. Isso sem falar que mesmo quando escrevo todos os dias, nem tudo sai bom, na verdade, pouca coisa sai boa, geralmente quando eu estou bêbado, que é quando, por exemplo eu consigo dizer que amo a... São às vezes em que eu consigo ser mais sincero, e a literatura é sinceridade. Contudo, o final de semana só não foi bom porque bebi demais e não escrevi nada, e podia ter o feito sem reclamar, todo mundo já tinha ido dormir de sábado para domingo, mas eu fiquei bebendo e fumando palha. Algo não me parecia o bastante, sei agora que era porque eu não havia escrito. Escrever é como os problemas da vida, é melhor resolver isso hoje, ou amanhã são mais mil ou mil e quinhentas e quando você ver os dias não valeram de nada e o dia em que você pegar para resolver tudo de uma vez só, também não vai ser nada. É preciso escrever algumas coisas ruins e se permitir escrever sem se preocupar se vai ficar bom, e deixar as palavras pularem e talvez assim finalmente saia alguma coisa boa, tenho achado que minha escrita é polida demais, certa demais, premissa sem história, e eu estou aqui pra contar histórias, histórias me prenderam a vida toda, quando conheci as premissas é que me perdi. Hoje o Anderson e o Maikon foram entregar currículos de manhã, eles estão tentando alguma coisa por aí, quero que eles fiquem, com todo respeito aos meninos com quem moro e que me salvaram, prefiro viver com os meus, e até quem sabe fazer uns Tiktoks com o Anderson e aparecer mais em alguns status com a compensação de que eu seja mais livre para escrever, sem estar incomodado com tudo que acham que eu sou nessa casa, e que eu já não sou faz muito tempo. A gente muda quando vê o amor nos deixar de perto; pelo menos agora talvez eu saiba reconhecê-lo, só rezo para que ele venha mais de uma vez. De resto, bebo uma cerveja ali e aqui, sempre longe dos meus pais, e me apaixono ali e aqui pelas mulheres que eu admiro e continuo a escrever e a esperar.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 16, 2020 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Escrever é uma festaOnde histórias criam vida. Descubra agora