Keiji acordou, e como de costume, ele tateou o ar, à procura da pequena cômoda que ficava ao lado da cama, onde guardava seus óculos. Entretanto, dessa vez, sua mão esbarrou apenas do despertador e seus livros. Não encontrando seus óculos.
Com os olhos fechados por conta do sono que ainda o dominava, sentou-se na cama. Ficou ali, balançando o corpo de um lado para o outro, tentado a voltar a deitar.
Sentiu então o cheiro de café quentinho, assim como as torradas recém feitas. Respirou fundo, deixando as fragrâncias do café da manhã o invadir. Keiji abriu então os olhos, sorrindo.
Com os pés descalços, ele caminhou sobre o chão gelado até a cozinha. Do corredor, ele conseguia escutar o cantarolar de seu amado.
Ao chegar no cômodo, ele ficou encostando no batente da porta, os braços cruzados; Observando.
Koutarou mexia os ovos, no mesmo ritmo que remexia os quadris. Keiji não conseguiu identificar a música que ele estava assobiando, mas o que quer que fosse, conseguia transmitir o bom humor dele.
Keiji foi até ele, abraçando-o. Circulando sua cintura com os braços, seu peito em suas costas largas.
— O café já tá pronto? — pergunta ele. Koutarou ri.
— Bom dia pra você também — diz ele, desligando o fogo, girando sobre os calcanhares para virar na direção do amado. Foi quando Keiji viu, sobre sua testa, no meio do cabelo com fios bicolores, seus óculos.
— Eu já te falei pra não pegar meus óculos, preciso deles ao acordar — Keiji resmungou, esticando os braços para pegá-los, mas Koutarou se esquivou.
— Mas minhas selfies matinais ficam melhores com ele — responde ele, descendo os óculos para que ficassem posicionados no seu nariz. Ele piscou os olhos ao enxergar através das lentes grossas. — Credo, amor, você é muito cego.
— Por isso mesmo eu preciso deles — Keiji tentou pegá-los novamente, mas Koutarou não facilitava. — Se quer um apenas por estilo, compre armações sem lentes de grau.
— Por que eu faria isso se tenho belos óculos bem aqui? — diz ele, apontando para seu rosto.
— Porque esses óculos são meus, não seus.
— Mas tudo que é seu é meu, assim como tudo que é meu é seu. — Koutarou respondeu, simplista. Ele sorriu. — Por exemplo, de quem é esse moletom que você está usando?
Keiji olhou para baixo, para seu corpo. Não lembrou de tirar seu pijama do varal ontem à noite, então dormiu com a primeira coisa que tirou do armário; O que acabou sendo um dos casados de Koutarou. E o favorito dele.
Por ser um tamanho maior que o seu, era extremamente confortável. Os tons e até mesmo a estampa eram do agrado de Keiji. A verdade era que ele adorava usar as roupas de Koutarou quando estava relaxado em casa.
— Uma coisa não tem a ver com a outra — disse ele, e em um gesto rápido ele conseguiu pegar seus óculos, os colocando, podendo assim visualizar o amado devidamente. — Agora sim. Bom dia.
Koutarou riu, o abraçando. E em um surto de euforia ele suspendeu Keiji, pela cintura, o deixando no balcão da cozinha. Desceu suas mãos até as coxas, abrindo suas pernas, ficando ali no meio. Não conseguindo para de sorrir.
— O que foi? — Keiji perguntou, percebendo que o outro não parava de olhar para ele.
— Tudo que é seu é meu, e o que é meu é seu — repetiu, pegando a mão esquerda de Keiji, beijando a aliança em seu dedo anelar —, foi isso que eu prometi a você naquele dia.
Entrelaçou seus dedos, deixando as alianças uma ao lado da outra. Keiji juntou suas testas, sorrindo, lembrando-se do dia em que ele se tornou Bokuto Keiji.
— A ti, os teus e o que tu tens — sussurrou ele, lembrando-se de seus votos de casamento. A promessa de que protegeria e cuidaria muito bem. — Mas falamos nada sobre dividir óculos!
Koutarou inclinou a cabeça para trás, rindo. Ele se afastou, não sem antes deixar um beijo carinhosos sobre a testa do amante.
— Vamos — chamou, o ajudando o descer do balcão. — Vamos tomar café da manhã.