Ele era um príncipe.Gentil, doce, e muito bem educado. Não era odiado por nenhuma pessoa, e era praticamente impossível alguém não gostar dele. Era o meu melhor amigo, e me olhava como se nada mais fosse importante no mundo. Ninguém imaginaria que algum dia magoaria tanto alguém. Nem eu.
Mas não são todos os homens "bonzinhos", assim? Você não cria escudos ou defesas,e talvez esse seja o tipo mais perigoso. De primeira não percebi, não quando parou de falar comigo por aparente nenhuma razão, e depois disse que achou que eu era a magoada, que eu é que tinha um problema. E nem quando me afastava de amigos em comum.
Sempre que acontecia algo ruim e quebrava o nosso espelho, era logo reparado com carinho e palavras bonitas. Até nos momentos em que era deixada de lado por pessoas claramente mais importantes para ele, e inclusive quando precisei de sua ajuda emuma época nublada, e acabei recebendo um guarda-chuva furado. Mas o problema de se consertar algo quebrado, é quando a fita adesiva não tem mais grude, e a cola já secou na embalagem. Chega um momento em que as desculpas ficam velhas, e as palavras não têm mais força.
O príncipe se transformou em sapo na frente dos meus olhos, ou eu é que troquei os óculos da paixão pelo da realidade. Enxerguei ciúmes e mentiras que vieram dali, um sentimento de posse que não o cabia, vi fissuras que não tinha enxergado. Foi quando desisti de juntar, e resolvi espalhar. E foi também quando levei a culpa, claro. Porque o príncipe era perfeito, e eu a princesa metida a soldada, algo que não existia naquele Reino.
Uma princesa que tenta resolver problemas, ou lutar por si mesma? Impossível! Pelo menos não ali. Decidi ir embora, e nessa jornada encontrei outras princesas como eu.Meninas que sonhavam com o cara perfeito, até que descobriram que não existem. E é nesse momento em que nos sentimos normais, compreendidas, por que toda mulher tem uma história de amor que não deu certo, uma idealização idiota, o sentimento confuso entre amar a pessoa ou o sentimento.
No meu caso, eu amava o sentimento, como o calor que a gente precisa num dia de muito frio. Ele não era mais para mim um nobre, mas outro jovem confuso consigo mesmo, que projetava em mim um ideal que não existia. Ele não era um príncipe, e eu não era a sua princesa, assim como não tivemos um felizes para sempre. Mas história de amor sem final feliz, ainda é uma história de amor. É uma história de descoberta de si, da vida, de amigos, e do que existe ao seu redor. Às vezes você também descobre que não é sobre duas pessoas, mas uma só: você. E essa jornada pode ser feliz, mas nunca vai ter um final.
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21+
RandomTextos curtos e aleatórios sobre experiências até os 21 anos (ou mais). Talvez se identifique com algum deles.