FELIPE - A LHAMA PERDIDA

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O vento cortava lá fora. As janelas e portas estavam fechadas, mas não abafavam o zumbido rápido e ameaçador.

Era um dia depois da manhã de natal. A árvore natalina brilhava, as caixas de presentes que já foram abertas estavam espalhadas pelo tapete. Alguém tirava um belo cochilo naquela pequena casa distante da vila. Um jovem aventureiro. Bem, ele não era um simples aventureiro, era também um pastor. Um pastor que gostava de lhamas, principalmente das suas lhamas. Sempre de olho no horizonte, Alto era um sonhador. Um de seus hobbys era praticar snowboard com sua velha e companheira prancha, enquanto percorria colinas e desfiladeiros frios e perigosos.

Havia acordado uns minutos depois do sol nascer. Seus amigos: Maya, Paz e Izel haviam ajudado Alto a montar as coisas para a celebração de natal no dia anterior. Alto encheu uma bela dose de chocolate quente e saiu para fora da casa, onde estava frio, mas o ambiente permanecia calmo e acolhedor. Sentou-se em uma cadeira de mármore em frente à casa e olhou o horizonte. Estava mais bonito como de costume. Mas havia algo longe, algo que impulsionava a curiosidade de Alto. Ele por um momento se concentrou em focar seus olhos naquela coisa e rapidamente pensou em ter visto a figura de:

-Uma lhama? -Ele disse, ainda se perguntando mentalmente.

Mas uma lhama que não era das suas. Não era da sua família, e mesmo assim ele saberia se fosse. Já havia deixado algumas lhamas escaparem por acidente, e recolhê-las era uma tarefa divertida e cheia de aventura.

Alto entrou em casa, deixou a caneca de chocolate quente em cima da mesa, pegou seu cachecol e luvas e por último limpou sua prancha que estava cheia de neve. Saiu rapidamente pela porta da frente e se certificou de que suas lhamas estivessem seguras atrás da casa. Ele iria trazer mais uma para a família.

Colina da Diversão

Alto havia batizado a colina com um nome que achava que ela merecia. Havia visto a lhama pelas redondezas desse enorme, grande e frio planalto. Ele imaginava que talvez a pobrezinha estivesse com fome ou sede e até mesmo que tivesse se perdido de seu dono. Bom, lá estava ele, com os cabelos cobertos pelo gorro e o cachecol colorido, em meio ao deserto de neve.

Começava a fazer alguns barulhos enquanto andava, para tentar chamar o animal. Enquanto caminhava, Alto se deu conta onde estava, na região onde havia uma pequena casa. Ele sabia de quem era essa casa, e talvez poderia buscar ajuda lá.


Sumara - A sábia

Alto deu duas batidas rápidas na porta daquela casa.

A porta fez um barulho momentâneo e se abriu lentamente.

-Sumara? -Disse Alto, com um pouco de medo de estar incomodando demais.

-Olá, Alto. -Disse a senhora gentil e vestindo uma roupa incomum, andando e saindo da sombra de casa.

-Bem, estava passando aqui e aproveitei que você estava perto e vim pedir uma ajuda.

-Uma ajuda, hein?

-Sim. Olhei uma lhama da minha pequena casa e vi que ela poderia estar perdida, só que ao chegar aqui eu não encontrei nada. -Disse Alto.

-Bem, eu posso ajudar você nisso.

Ela continou:

-Deixe-me explicar, Alto. Essa lhama que você está procurando, só irá até você se ela souber que realmente você é merecedor.

Alto ficou confuso, mas mesmo assim não hesitou em perguntar.

-E como eu sei que sou merecedor?

-Simples, seja você mesmo, Alto. Eu soube da sua vinda até aqui, vários animais vieram correndo para cá quando você chegou na colina, e como sabe, eu sou uma boa amiga dos animais. -Ela disse, estava com um sorriso agora.

Alto percebeu os barulhos que havia feito quando chegou na colina. Percebeu também que sabia desde o início como poderia ter atraído a lhama.

-Alto? -Disse Sumara.

-Eu entendi. Isso. Vou fazer o que você falou. -Disse Alto, não mais com medo, mas empolgado.

Sumara assentiu suas palavras enquanto Alto pegava sua velha prancha e deslizava rumo à procura da lhama.

O clima começava a mudar, a colina estava ficando cada vez mais coberta de neve. Alto precisaria usar essa oportunidade que tinha para atrair a tal lhama. Ele subiu a colina o mais rápido possível, desceu da prancha e observou o horizonte. Avistou a pequena lhama lá embaixo. Tomou bastante cuidado para não assustar ela dessa vez. Pegou sua prancha e colocou de modo que ela descesse a colina em direção a lhama. Fez isso e observou atentamente.

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O pequeno barulho da prancha deslizando a neve se alastrava pelo ambiente frio. Até que em um momento ela chegou perto da lhama.

Alto pensou em um nome para o animal.

-Felipe - Ele disse, cochichando do alto da colina.

A lhama observou a prancha e por um momento o animal subiu em cima.

Em passos largos e sem barulho, Alto começava a descer a colina. A lhama havia percebido a presença dele, mas dessa vez ela não correu, pelo contrário, estava curiosa em saber mais sobre a prancha.

Alto começou a dar algumas risadas enquanto finalmente pôde tocar nela. Era mansa. Mas estava com frio, ele sentia isso. Alto tirou seu cachecol e o colocou no seu mais novo amigo e membro da família.

-Felipe, vamos para casa. -Ele disse, enquanto estava entusiasmado para contar aos amigos sobre sua pequena aventura.

Olhou mais uma vez para o horizonte. Frio, calmo e como sempre... aconchegante. 

Alto's Adventure - O contoOnde histórias criam vida. Descubra agora