Bandolim

Extra: família

Assim que entrou no quarto, Jimin encontrou Taehyung deitado na cama grande que dividiam todas as noites enquanto lia um livro no Kindle, os óculos pendendo sobre o nariz bonito e os cabelos bagunçados como era de costume. Jimin o conhecia praticamente a vida inteira, mas ainda sentia como se nunca fosse se acostumar com aquela cena que havia se tornado tão típica. O namorado - praticamente esposo - já fazia parte de seu contexto atual há três anos e muitos meses.

Com o trabalho de Taehyung dando mais do que certo na editora, ele foi subindo de cargo até que se tornou chefe de seu setor junto com Seokjin. O salário que ganhava era ótimo e, com o lançamento do terceiro livro de Jimin, tinham conseguido comprar uma casa grande, com três quartos, uma garagem para os dois carros, um jardim imenso para caso quisessem ter um cachorro um dia, e cômodos tão confortáveis quanto espaçosos.

Era ótimo para Wonjun correr por todos os cantos possíveis e também para que convidassem as famílias de ambos, assim como a de Hyejin, para o aniversário de quatro anos do pequeno - que nem era mais tão pequeno assim.

Bom, Jimin não tinha perdido a mania de tratá-lo como um bebê de colo, o que ele realmente era quando ficava manhoso e pedindo por carinho, mas o garotinho estava crescido o suficiente para agarrar as pernas de Jeongguk quando recebiam visitas dele e de Hoseok, e também para conversar quase como se fosse um adulto. Ele tinha aprendido a falar com bastante facilidade e as palavras saíam tão certas que Taehyung gostava de brincar dizendo que tinham um pequeno gênio em casa.

- Ele demorou a dormir? - Jimin ouviu-o perguntar ao seguir para o closet para vestir um pijama e poder finalmente se deitar. Os preparativos para o aniversário de Wonjun, que seria no dia seguinte, um domingo ensolarado perfeito para juntarem todas as famílias e também os colegas de escola do filho, estavam matando Jimin, Hyejin e Taehyung. Passaram meses planejando e arquitetando tudo para dar a melhor festa com tema de astronauta para Wonjun e o garotinho ficava tão alegre observando tudo que o cansaço até valia a pena.

- Sim, está ansioso e muito animado para amanhã - respondeu enquanto saía do closet vestindo uma camisa folgada de Taehyung, não demorando muito para jogar-se na cama, um suspiro aliviado deixando seus lábios ao sentir o conforto do acolchoado. - Você ter dito que vai dar um quadro e tintas para ensiná-lo a pintar não ajudou muito... Agora ele está doido para receber esse presente.

Abriu os olhos só para observar o outro sorrindo, aquele sorriso gracioso que sempre derreteria o coração de Jimin por inteiro.

Estavam melhores do que nunca e parecia que o tempo que passaram separados somente fez com que o laço entre eles se fortalecesse. Estavam apaixonados, felizes e amando um ao outro um pouco mais a cada dia que passava, mesmo com as brigas bobas, como quando Taehyung não organizava o quarto que fazia de atêlie para manter seu hobby de pintura, ou como quando Jimin ficava estressado por agora o filho estar em uma fase difícil em que fazia birra para ganhar as coisas, riscava as paredes do próprio quarto e muitas vezes fugia da cama para ir dormir entre ele e Taehyung.

Wonjun era uma criança inteligente, mas igualmente teimosa - algo que puxou de Jimin, Taehyung dizia. Ele tinha preguiça de levantar de manhã e ir para a escola, chegou a brigar uma vez para defender uma coleguinha que estava sendo atazanada por outro garoto - o que fez Hyejin e Jimin terem de comparecer na escola - e fazia bagunça quando comia sozinho. Nos dias mais difíceis, Jimin ficava irritado por ter que limpar tudo depois, porém sabia que não devia, pois fazia parte do crescimento do filho.

Entre brigas, choros e muitos sorrisos, iam aprendendo juntos a como ser uma família que, como qualquer outra, passa por momentos complicados, alegres e também de aconchego.

Ainda com os olhos fixos em Taehyung, Jimin o viu desligar o Kindle para colocá-lo em cima da mesa de cabeceira junto com os óculos. Em seguida, o mais novo deitou ao seu lado, de frente para si e com os rostos próximos. Sentiu quando a mão dele o abraçou pela cintura, uma das pernas se infiltrando entre as suas antes de lhe dar um beijo na testa, outro no nariz e um demorado nos lábios.