O cara da farmácia - Solangelo

Capítulo único

17 dias.

17 dias sem bater uma punheta.

17 dias de puro sofrimento para Will Solace.

Ó pobre garoto passando pela puberdade; hormônios a flor da pele e vêm o famoso #nofapseptember. Ou para certos adolescentes e jovens: dor e agonia.

Era óbvio que 17 era um número amaldiçoado! Se Jair Bolsonaro era 17 então tudo que tivesse este número iria ladeira abaixo.

“Beleza, William, você só vai comprar um Halls Preto na farmácia, nada demais” pensou pegando seu dinheiro que ficava no criado-mudo ao lado de sua cama.

— Pai, vou alí na farmácia rapidinho comprar um Halls, vai querer algo?

O pai de Will — ou Apolo para os conhecidos — apenas colocou a cabeça para fora da cozinha com um sorriso ladino.

— Claro que sim, né Will? Pô, compra uns picolés aí, tá um inferno do capeta hoje.

Will assentiu e andou até a porta, colocou sua típica sandália havaianas surradas e pretas (era para serem brancas, mas é, estamos falando de brasileiros).

Cantou Anos 80 do VMZ até a farmácia. Foi xingado algumas vezes por adolescentes indies bobocas dizendo que VMZ não era música de verdade. Porém, Will não foi de deixar essa para trás e revidou dizendo que The Neighbourhood não era o único estilo musical existente, o que começou uma discussão no meio da rua envolvendo pedradas e velhos reclamando de guris-sem-modos.

Pois é, indie falando mal de indie.

Enfim, o Solace desistiu de tentar defender seu gosto musical — também — indie e foi até a farmácia.

“Finalmente cheguei nessa bagaça” o loiro pensou feliz.

— Acho que tenho que pegar uns picolés pro pai, né...? Okay, talvez ele goste dos de maracujá — citou indo até os freezers e escolhendo a dedo cada sabor. No total, pegou 5 picolés.

2 para Apolo e 3 para Will. Justo.

Solace foi até o caixa e viu um garoto de cabelos negros e pele morena com sardas quase invisíveis. Um piercing pequeno em forma circular ao lado esquerdo do nariz. Em seu crachá estava seu nome... Nico di Angelo.

Aparentemente, tinha 17 anos.

“Puta merda, 17 anos não!” pensou com raiva.

— Bom dia, senhor. No que posso ajudar?

“Uai, que garoto safado! Quem fala isso uma hora dessas? Geralmente só falam bom dia, boa tarde ou boa noite. Mas ele falou bom dia, senhor. No que posso ajudar? Will pensou assustado, porém logo falou para si: ele tá super na minha. Deve ter gostado da minha vibe de loiro gostosão da praia!

Will pegou um halls preto, e em seguida Nico falou:

— O de morango é melhor, cara, confia. O preto é ruim demais.

“Olha que safado! É incrível como ele teima comigo. A ousadia dele é simplesmente... perfeita? Ele deve tá querendo puxar papo comigo” Will pensou novamente.

Sorriu de canto e olhou os olhos confusos de Nico.

— Mesma coisa! É de comer mesmo, se vai pro bucho não faz diferença.

Nico riu.

“Cara, não foi uma piada. Eu tava falando a verdade! Ele riu para me deixar a vontade e pedir meu WhatsApp, certeza.”

Will olhou para Nico por uns 40 segundos, se ele queria flertar, então era isso que ele iria ter. Não era justo deixar o funcionário tomar atitude sozinho.

— Uh... deseja mais alguma coisa, senhor?

“Que safado. Querendo dar no meio do serviço pra mim.”

Will pegou o halls colocando na mão ainda olhando para Nico. O moreno começou a olhar para os lados.

“Olhei para Nico. Ele com certeza estava vendo se alguém ia ver ele pedindo meu zap! Deixei ele tão eufórico que estava começando a suar e seus olhos encherem de água planejando nosso futuro. Um cachorro, dois hamsters e quatro gatos. Velho, ele é muito esperançoso!”

Dois minutos depois do Solace olhar o moreno, Will levou as mãos até os bolsos, Nico gritou:

— Por favor, não me machuque! — assustado, recuou do caixa e tentou manter distância do loiro de olhos azuis.

“Esse muleque é tão safado assim mesmo? Devia tá imaginando um sexo selvagem pela minha postura de alfa!”

Will pegou a carteira, e sorrindo, deu o dinheiro pegou quinze reais dando ao atendente. Aquela altura, os picolés haviam derretido e virado suco.

— Eu voltarei! — Will gritou feliz. Uma lágrima desceu do rosto de Nico.

“Certamente, ele está totalmente apaixonado por mim!”