Chegada

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Hinata acordou durante a noite com uma pontada na barriga. Acreditou ser um chute da bebê, então tentou voltar a dormir. Mas a bebê estava inquieta, o que fez Hinata perder o sono. Não queria acordar o marido e muito menos preocupá-lo, mas quando sua bolsa rompeu na cama, achou que era a hora de acordá-lo.

—  Amor?

—  Hm... Hime?

A cara sonolenta e o travesseiro babado fizeram Hinata rir, mas logo soltou um gemido de dor pela pontada que sentiu. Naruto, atento a isto, rapidamente despertou e se sentou na cama, apoiando a esposa para que levanta-se também. Não foi preciso muito para perceber que estava em trabalho de parto, já passaram por isso uma vez...

—  Pegue a bolsa da bebê, certo? Vou acordar o Bolt.

Naruto acenou, e ajudou a esposa a se levantar. As contrações iriam demorar um pouco, e era o tempo que Hinata tinha para explicar ao filho o que estava acontecendo, sem assustá-lo.

Naruto acompanhou Hinata até o quarto do pequeno, que dormia de forma desajeitada na cama. Hinata se sentou e tocou de leve em sua bochecha pequena e rechonchuda, acariciando ali

—  Bolt-kun? É a mamãe. Preciso que você acorde.

O pequeno esfregou os olhos e se espreguiçou, virando-se para deitar a cabeça no colo da mãe. Mas parou ao perceber que sua roupa estava molhada.

—  Mamãe, a senhora fez xixi na roupa!!

—  Não, Bolt — Hinata respondeu, enquanto ria — Foi a sua irmã, avisando a mamãe que ela quer sair agora.

—  Agora? Mas tá de noite!! — Boruto fez um bico e cruzou os bracinhos — Manda ela ir dormir, mãe!!

—  A mamãe não pode, querido. A gente tem que ir pro hospital, Bolt. A sua irmãzinha vai nascer, e eu preciso que você seja muito forte pra cuidar do seu pai.

—  É, conhecendo o papai, ele vai ficar chorando...

—  Exatamente — Hinata concordou com o filho, enquanto ria — Vem, vou te ajudar a escolher uma roupa.

Boruto se levantou, mesmo confuso e contrariado. Não estava pronto pra receber outra criança sendo o centro das atenções em casa!! Estava acostumado a ser mimado e paparicado, o primogênito do herói da Guerra, filho da Princesa do Byakugan!! E se aquele novo bebê roubasse toda a atenção? E se quando o pai virasse Hokage  ele não tivesse mais tempo para Boruto, e o pouco tempo que teria fosse dividido com aquela outra criança? Na cabeça infantil e criativa de Boruto, tudo era possível.

Em pouco tempo, todos já estavam no hospital. Hinata começava a sentir aos poucos as contrações, e Boruto estava aflito ao ver a mãe gemendo de dor. Quando Hinata entrou para a sala de parto, Shizune perguntou:

—  Vai com ela, Naruto-san? Posso pedir pra alguém ficar com o Bolt-kun...

—  Ela me pediu para ficar com o Boruto, ele deve estar assustado. Mas não quero deixar ela sozinha, Shizune, então por favor, chame a Ino.

Shizune acenou e saiu. Um pouco magoada por não ser próxima o suficiente da senhora Uzumaki para segurar sua mão durante o parto, mas compreendia o casal e sabia do que estavam passando com o pequeno Boruto. Naquele momento, Hinata iria gostar de ter uma amiga ao seu lado, e não uma colega.

Ino Yamanaka era a criatura mais escandalosa de Konoha. Quando foi solicitada, abandonou a ala pediátrica do Hospital e praticamente voou até a maternidade, chutando a porta com toda força do mundo.

—  ESTOU AQUI, HINA-CHAN!! VAMOS TER ESSE BEBÊ!!

Com aquela empolgação, os presentes diriam facilmente que Ino era a mãe daquele bebê. Mas todos ali conheciam o perfil da loira, então apenas sorriram e a cumprimentara. Hinata já estava dilatada o suficiente e agora precisava empurrar, estava com dor, suada, ofegante, mas não perdia sua graça e delicadeza. Ino vestiu o equipamento de proteção e se sentou ao lado da amiga, segurando sua mão. Elas sorriram uma para a outra. Ambas eram mães, sabiam da dor, da alegria, do medo. Sabiam de tudo. Bastou um olhar da amiga para que Hinata se sentisse abraçada. Estava segura ali, era hora de ter sua pequena Uzumaki.


Na sala de espera, Naruto não aguentava mais ficar sentado então começou a andar de um lado para o outro. Não nasceu para aquilo, a espera e a angústia. No nascimento de Boruto, Naruto estava lá, segurando a mão da esposa, cortando o cordão que os ligava, vendo o primeiro choro do primogênito. Quase tivera um ataque quando Hinata pediu que não entrasse!! 

Mas ele entendia Hinata. Além de esposa, Hinata era mãe. Ela sabia que Boruto estaria assustado e que se o deixassem com outra pessoa ele se sentiria deixado de lado pelos pais. Ela fez aquilo pra ele perceber que nunca os perderia, nunca estaria sozinho independente da situação.

Naruto suspirou ao pensar nisso, e resolveu conversar com o filho. Boruto estava quieto desde que chegaram, mas percebia-se que estava apreensivo e preocupado. Naruto sentou-se ao lado do filho e ele disse:

—  Quero minha mãe... Ela vai ficar bem?

—  Vai sim. Daqui a pouco vamos ver ela e a sua irmã, Boruto.

—  Não quero ver essa irmã!! Só quero a minha mãe.

—  Bolt, sua mãe fica muito triste quando você fala isso..

—  Mas ela tava com dor!! Essa irmã fez a minha mãe sentir dor, e chorar. Eu vi!! Não quero alguém que machuque ela, não quero.

As lágrimas já rolavam livremente pelo rosto do pequeno. Naruto não sabia falar de sentimentos, não sabia dar conselhos. Nunca teve mãe nem pai, então, o que poderia falar para um filho amedrontado? Tentou pensar em Hinata e no que ela diria.

—  Eu amo sua mãe, Bolt. Amo muito. E quando duas pessoas se amam, elas fazem algo como prova desse amor. Você e sua irmã são a nossa prova, o nosso elo mais poderoso. Eu amo tanto a sua mãe que esse amor não coube em mim, então eu passei ele pra vocês. Boruto, você e a sua irmã são os bens mais preciosos das nossas vidas, nós amamos vocês na mesma intensidade, da mesma maneira. Nós nunca iríamos te deixar, da mesma forma que nunca deixaríamos sua irmã. Mas eu cresci sozinho, sem pais ou amigos, e daria de tudo pra ter uma irmã comigo, me protegendo e apoiando. Você e sua irmã devem proteger um ao outro e se apoiarem nos momentos difíceis, Bolt..

Enquanto falava, Naruto pegou o filho no colo. Boruto nunca tinha visto o pai falando daquela maneira, mas parou de chorar na mesma hora. Sentiu-se confortável no colo do pai o suficiente para dormir ali.

Após duas horas, a enfermeira os chamou.

—  Parabéns, Naruto-san!! Vou levá-los ao quarto.



Com Boruto dormindo em seu colo, Naruto foi até o quarto. Seu coração estava acelerado e ele suava, nervoso. Ao chegar no quarto, encontrou Hinata sentada na cama com Ino ao seu lado. O corpo de Ino cobria o pequeno embrulho que Hinata mantinha no colo. A enfermeira ajudou Naruto a colocar Boruto na cama ao lado, para o acompanhante, e se retirou deixando apenas os Uzumakis e a Ino.

—  Vou voltar pra Pediatria, Hina. Qualquer coisa me chama que eu venho correndo!! Parabéns!!

A Yamanaka saiu para dar privacidade ao casal, e sem o corpo da loira no caminho, Naruto viu a filha pela primeira vez. Diferentemente do comum a outras bebês meninas, a pequena não estava numa manta rosa, mas sim, numa manta amarelo bem claro, quase um bege. Naruto aproximou-se, hipnotizado, e sentou na cama ao lado da esposa, beijando o topo da cabeça da mesma.

—  Eu queria que ela se chamasse Himawari.. o que acha?

Disse Hinata, enquanto passava a filha para os braços do marido. Naruto estava com o olhar fixo na criança. Ela tinha os cabelos escuros de Hinata, bem ralos no topo da cabeça, e duas marcas no rosto, como Boruto. Quando segurou a filha, uma corrente elétrica percorreu o corpo de Naruto, e como se sentisse isso, a pequena Himawari abriu os olhos. Grandes e azuis. Como os de Boruto.

—  Girassol. Nosso pequeno Girassol, Hime.

Nas últimas palavras, a voz de Naruto já estava torpe pelo choro. Para que as lágrimas não caíssem na criança, Hinata tentou pegar Himawari, mas Naruto a abraçou, segurando-a contra o corpo enquanto chorava descompassado. Hinata abraçou o marido e a filha e sorriu pra ele. Era um momento abençoado para eles, e sentiam-se tão felizes com a chegada da pequena. Naruto beijou a esposa e então beijou o topo da cabeça da filha.

—  Bem vinda, Himawari Uzumaki.

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