Tu eras como o Sol, eu, por minha vez, contentava-me em ser sua Lua. Ah, mas que doce sonho não seria se tu fosses meu. Que pudesse tê-lo nos braços para sempre. Ah, Deus, por que não fizeste com que as alvoraddas e o findar dos dias fossem mais longos?
Tu eras vermelho. Eu era amarelo. Beijamo-nos e então fez-se o pôr-do-sol. Infinitas pareceram durar tais tardes em que nos perdíamos naquele crepúsculo de carícias e dizeres repletos de ternura.
Vivo na liberdade que me pregam. Desculpem-me, isso não é ser livre.
"Ah, minha amada. Prometas que não irá me esquecer.", tu dizias. Eu contentava-me em brincar com os cachos de teus cabelos castanhos e dizer que tal dia nunca chegaria.
No seguinte pôr-do-sol, não te encontrei. E assim sentei-me sob o alaranjado, porém continuei amarelo. E chorei.
Não encontrei-te n'alvorada. Conheci a angústia que me preenchera. Quisera eu que fosse apenas um pesadelo. Não era.
Num instante estavas em meus braços e eu brincava com teus cachos castanhos. Que doce memória. O pranto banhava-me. Nada podia ser feito.
Permaneci imóvel. Não houve pôr-do-sol e a noite caiu sobre mim como um manto pesado.
Assim, esqueci-me do vermelho. Esqueci-me do amarelo. Fiz-me preto.
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Peregrino
RomanceLiberdade, liberdade. Até onde vai tua liberdade? (Short fic que escrevi para um desafio no começo do ano)