O desconhecido

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Acordo. Não sei ao certo onde me encontro, mas percebo estar deitado na cama de um quarto qualquer. Não há luminosidade quase nenhuma e não consigo entender as verdadeiras cores de tudo o que se situa à minha volta. Mas de uma coisa eu tenho a certeza: Não me lembro como vim parar aqui. Nem sei de quem é esta casa, ou se é realmente uma casa, apartamento, hotel ou mansão. Tento me lembrar dos acontecimentos do dia anterior. Nada. Mas não foram só esses que desapareceram. Não me lembro de nada sobre mim, sobre a minha vida: como se a minha memória tivesse sido completamente apagada. Começo a ficar assustado e tento respirar fundo e reagir de modo racional. Levanto-me para tentar encontrar um interruptor para poder ver as coisas melhor.

Dou, por fim, de caras com um espelho. Pelo meu aspeto não devo ter mais de 23 anos, sou alto, por volta de um metro e oitenta, bem parecido, tenho o cabelo curto, de um castanho-escuro meio encaracolado e que se encontra meio despenteado, mas, depois de várias tentativas para o endireitar percebo que ele é mesmo assim. Olho com mais atenção para mim, para tentar lembrar-me do meu aspeto. Tenho olhos azuis-claros, algumas sardas, pouca barba e aparentemente feita. Também as roupas que visto estão lavadas, como se as estivesse a estrear agora. Talvez tenha ido às compras no dia anterior. Tento encontrar alguma carteira nas minhas calças que me permita ver a minha identidade. Não encontro nada. Dou uma vista de olhos no quarto. É um simples quarto, com tons cinza, uma cama agora desfeita no centro, um armário preto, uma secretária branca e uma mesa de cabeceira igualmente branca, mas não tem nada de fotos, nada de pistas sobre quem eu sou. As gavetas estão vazias. O armário tem mais duas roupas iguais às que trago vestidas também por estrear. A mesa de cabeceira tem um relógio parado porque marca as 4 da tarde e pelo que vejo pela janela daquele quarto é de noite, e pelo silencio da rua, já devia passar da meia-noite.

Como perdi o sono vou dar uma vista de olhos no resto da casa e espero não encontrar ninguém. Caminho devagar, com receio de ter entrado na casa de um desconhecido e ter perdido a memória depois disso. Encontro a cozinha. Ao contrário do quarto esta tinha uns tons castanhos-claros e partes de madeira. Se a casa for minha, ou eu sou muito arrumado ou tenho empregada ou algo do género porque a cozinha encontra-se a brilhar. No frigorifico não tem grande coisa, apenas leite, carne, queijo e alguns legumes. Nos armários tenho vários pratos e panelas, mas na dispensa da comida tem pouco mais do que uns enatados e dois pacotes de massa e de arroz. Pelos visto estou mesmo a precisar de ir às compras. Visito o resto da casa, sala, sala de jantar, quarto de visitas, casas de banho, entrada. Tudo no mesmo brilho, tudo arrumado, tudo como que novo. Foi então que conclui, tinha acabado de mudar de casa. Ou entrado numa casa nova. Ainda teria de descobrir para tirar a minhas conclusões finais. Não havia computadores, telefones ou qualquer dispositivo que me permitisse saber quem eu sou ou contactar com alguém. Estava cada vez mais confuso. Comecei a sentir tonturas e senti o meu corpo a ficar fraco. Tento chegar a um sofá com tons entre o branco e o bege que se encontrava na sala, e que estava relativamente perto de mim. Sinto por um breve momento o impacto do meu corpo ao aterrar, mas logo depois apago por completo. E tudo fica escuro.

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