Estávamos no restaurante preferido da mamãe, ela tinha pedido uma massa com almôndegas, papai tinha pedido um bife com cebolas e outros vegetais e eu estava comendo frango com batatas. Eles pareciam estar alegres, não sabia o motivo mas gostava daquilo também.
Se aproximando da mesa um garçom sussurrou algo no ouvido do meu pai e depois saiu, minha mãe parecia nervosa agora, ela esticou a mão para segurar a mão dele. Logo após isso nós saímos do restaurante e entramos no carro para ir embora. Em casa eles não falaram tanto comigo, não me preocupei com aquilo e só fui para meu quarto.
Horas se passaram e eu tinha caído no sono, mas um som alto me acordou. Curiosa eu levantei e fui até a porta, o som parecia de uma briga, tentei não pensar o pior e abri a porta minha mãe estava lá com uma bolsa, ela parecia assustada.-Lucia faça as suas malas agora.
Ela disse olhando para trás e fazendo uma expressão triste.- O que está acontecendo? Cadê o papai?
Perguntei tentando olhar na direção onde ela olhava. Mas não consegui, ela me empurrou para dentro do quarto e trancou a porta.
- Faça as suas malas agora.
Obedeci pegando a bolsa de dentro do guarda roupa e enchendo com roupas. Mamãe fazia uma ligação, ela falava com a voz pesada com alguém.
- Eles acharam a gente... pegaram o Arthur... nós estamos indo pra aí... tudo bem, até depois.
Ela desligou e olhou pela janela.
- Mãe o que tá acontecendo?
-Nos vamos visitar uns amigos do campo.
-Como assim?
-Você vai ver quando chegarmos lá.
Ela colocou o ouvido na porta e escutou. Foram alguns minutos vendo ela só fazendo isso. Então ela abriu a porta e saiu do quarto, eu fui logo atrás para ver o que acontecia ali, móveis quebrados, arranhões na parede e até um pouco de sangue no chão.
- O que aconteceu aqui? Cadê o papai?
Eu perguntei mas ela não me respondeu, entramos no carro e ela não falou mais nada durante o caminho até o campo. Foi um dia todo de viagem e eu não me lembro de quase nada já que dormi no caminho. Ao chegarmos eu vi a mãe do meu pai, ela usava um vestido marrom com detalhes amarelos e foi a primeira a abraçar minha mãe, ela parecia consolar com um abraço. Um garoto tirava as nossas malas do carro enquanto um homem velho falava com as mulheres.
- Lúcia velha cá, diga um oi pros seus avós.
Minha mãe falou me chamando com a mão, eu saí do carro e fui até eles, minha avó me abraçou e o homem estendeu a mão para me cumprimentar.
-Tom...
O homem chamou e o garoto parou antes de entrar na casa, ele ainda segurava as malas.
-Mostre a pequena Lucia onde ela vai dormir.
Ele me olhou com uma expressão indescritível, minha mãe colocou uma das mãos no meu ombro, eu virei e olhei para ela, primeiro ela olhava sério para o garoto e depois olhou com o olhar doce de sempre pra mim.
-Ela pode carregar as próprias bolsas.
Sem falar nada eu apenas concordei com a cabeça e andei até onde o garoto estava. Peguei minha bolsa e segui ele pela casa. Era uma casa grande de madeira, as paredes eram claras e com alguns retratos, os móveis pareciam um pouco velhos, mas estavam em bom estado, o chão rangia um pouco e sua cor era escura como a terra. Me levando para o final da casa o garoto entrou em um quarto, eu parei na porta e observei, uma cama grande estava no meio dele, o quarto era pouco decorado, mas mesmo assim era aconchegante.
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Feral
Teen FictionLucia levava uma vida normal, até que um dia seu pai desaparece e ela junto com a mãe são obrigadas a ir para a casa de parentes distantes. Nesse meio tempo afastadas da cidade, ela descobre que a família esconde algo grande.