Talvez juntos

Ohnn... Daddy... Parte1

Olá pessoas, sei que podem não me conhecer já que na escola muita gente acaba por se destacar, ou chamar mais atenção do que eu, mas sou o Caio, um garoto como outro qualquer no ensino médio, entretanto sinto como se faltasse algo em minha vida, há um grande vazio dentro de mim.

No último ano, quando entrei nessa escola era tudo novo para mim e mesmo com alguns amigos do fundamental ainda me sentia deslocado nesse novo ambiente. Eu tinha total ciência de que todos que me rodeavam possuíam o mesmo sentimento, uns mais e outros menos, mas ainda sim estávamos assustados e ansiosos para o que nos aguardaria nos próximos três anos letivos. Uma mistura de tristeza e euforia ainda continuava assombrando a todos, já que haviam passado na prova, contudo muitos amigos queridos não tiveram os mesmos resultados.

Tinham algumas aulas, intervalos, mais aulas, mais intervalos e assim seguiam meus dias em uma sala fragmentada em grupinhos, mas ainda assim era aconchegante e perturbador estar sempre no mesmo ambiente. Um mês se passou e tudo que era novo caiu na rotina, até que surgiram algumas aulas diferenciadas, era um sistema totalmente novo do que eu tinha me acostumado, os duzentos alunos iriam escolher entre três áreas do conhecimento para terem seis aulas semanais, enfim não precisei pensar duas vezes, fui para a área de exatas, já que é a minha grade paixão, mas o que eu não esperava é que esse lugar mudaria tanto minha vida.

Tomado por uma animação sem fim entrei no prédio exterior ao que se encontravam as salas, entretanto minha euforia logo se tornou espanto e um vazio tomou meu peito por completo. Não era capaz de compreender aquele novo sentimento, fiquei um tempo encarando a figura que se encontrava em meu campo de visão... infelizmente fui disperso quando meus amigos me chamaram para conversar e mesmo com tanta animação a minha volta meus sentimentos ainda estavam embaralhados.

A aula começou, as pessoas se misturam e após um tempo já estávamos sentados prestando atenção na chamada. Mais do que nunca concentrei-me nos nomes que eram ditos e nos rostos de quem respondia. Aleatoriamente chamaram muitos nomes repetidos que se diferenciavam apenas pelo sobrenome e para minha surpresa o nome daquele ser foi descoberto e ficou ecoando em minha mente repetidas vezes até o final daquele momento.

Foi-nos solicitado a formação de grupos para trabalhar durante as aulas e tomado por um nervosismo sem fim me aproximei da pessoa e a única palavra que saiu de minha boca foi um tímido "senpai". Nesse momento ele foi disperso e olhou para mim espantado. Meu mundo congelou, naquele instante, havia apenas nos dois, nada mais importava, sentia meus batimentos acelerados, não era capaz de controlar minha respiração, só de olhar diretamente para aqueles olhos castanhos escuros que me consumiam internamente e me celavam em um labirinto sem fim, aquela boca que pronunciava palavras inalditíveis naquele momento, e pouco a pouco ele foi aproximando-se, chegou próximo ao meu ouvido, apenas ao sentir sua respiração próxima ao meu pescoço arrepiei-me imediatamente por completo e dessa vez consegui ouvir sua grave e suave voz fazendo a pergunta que eu queria: "quer entrar no meu grupo?" e sem nem pensar aceitei o pedido que infelizmente não foi de casamento.

Ele sorriu com minha resposta e voltou a conversar com quem estava por perto, o que me fez retornar ao mundo real e perceber que havia abandonado meus amigos para participar do grupo de um desconhecido. Aos poucos a consciência foi pesando, uma aflição subindo, mas mesmo com esse peso continuava feliz por saber que poderia conhecê-lo melhor. Nem cinco minutos se passaram e a relação dos grupos saíram. Não acreditei quando olhei a listagem, foi inesperado perceber que o Cris, Leo, Rafa e meu senpai ficariam comigo. Nos reunimos para conversar e não sei como ele estava ao meu lado, com sua mão em minha coxa alisando-a lentamente e as vezes fazendo carícias em meu queixo até que chegou mais perto de mim e com poucas palavras sussurrou: "eu quero você"... logo o som do sinal ensurdecedor soou, a multidão foi dispersa. Fiquei estático pensando no que tinha acontecido, poderiam meus sentimentos serem correspondidos??? O tempo correu como de costume, mas não saia da minha cabeça aquela frase e a cruel dúvida de realmente ter ouvido aquilo ou ser apenas uma doce e confusa ilusão.