Vagando pelas páginas e mais páginas, os olhos áureos encontravam-se. Construindo lentamente uma compreensão da informação nestes. Agudamente preocupante era o que obtinha desta compreensão.
Veio então Dia, preocupada ao que de imediato reconheceu que a outra estava mentalmente cansada. Reconhecia isso com facilidade, pois experienciava similar estado àquele desde seu primeiríssimo dia como presidente — no momento, vice-presidente — do Conselho Estudantil. Com a escola naquela situação, era uma fatalidade ainda mais agravada.
Mari requeria uma pausa. Diferente do cotidiano, na recente reunião, a Ohara estava tão somente desconfortável. Pensou ter escondido bem, mas Dia sabia quando um sorriso era falso, visto que já tinha antes presenciado um verdadeiro sorriso. Igualmente fingido, era a serenidade que ela trajava, quando esteve ao lado dela, notou o tremor em suas mãos.
Sempre era Mari quem persuadia a outra garota, sob o stress do cotidiano, a permitir-se fugir um pouco. Enrevesariam-se as posições naquele dia.
"Mari, vamos dançar?" Propôs, os lábios um pouco trêmulos, incapazes de formar um sorriso totalmente convincente.
Não havia música tocando no local. Não era necessária.
Era visível que o espectro de humor de Mari não correspondia ao seu costumeiro. Os olhos alumiados, ao menos momentaneamente não jaziam mais na face, somente um semblante demasiado sério, com as sobrancelhas ligeiramente franzidas.
"O que está dizendo, Dia?" Inquiriu, não a levando muito à sério, volvendo novamente às folhas cheias de palavras, cheias de afligimento.
Não obstante, persistiu em sua proposta, agora com sua mão sob a da loira, dando uma leve puxada.
"Estamos na sala do Conselho Estudantil, não seria apropriado ou responsável." Certamente aquela não era a Mari. Ao dizer aquilo, jazia uma dose de preocupação e tentação em aceitar.
"Não tem problema. Somos só eu e você aqui."
Voltando a seu normal, a Ohara livrou-se de amarras invisíveis. "Que mal há em distrair-se um pouco?" Em seu pensamento surgiu a mesma sentença que já dirigira a Dia diversas vezes.
"Ora, não sabia que podia ser tão imprudente às vezes, Dia." Os dedos firmaram-se com delicadeza na cintura da garota, ao passo que um sorriso aprazerado despontava em seus lábios, devido ao bem-estar que florescia do gesto.
"Aprendi com a melhor."
Movimentavam-se em um ritmo comedido, ausentando-se de qualquer pressa. A atmosfera tornou-se a mais serena, e ao proceder do baile, nem captavam mais a sensação do piso, como se os passos estivessem sendo dados em um vácuo etéreo, uma sensação agradável que ambas compartiam.
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Desejo de evasão da realidade que nos envolve
Fanfiction"Não tem problema. Somos só nós duas aqui." Ou, um simples e delicado momento que acompanha Dia e Mari após uma estressante reunião.