ELE

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Quinta feira, 19h30

Estou em pé no ônibus voltando pra casa escutando uma música da Taylor, todo mundo diz que o segundo ano do médio é o mais difícil, então passo quatro dias da semana o dia todo na escola com mais duas horas de viagem de manhã e duas a noite, posso dizer que é o dia todo LITERALMENTE. Meu ônibus passa no bairro vizinho ao meu quando minha mãe me liga (eu não tenho pacote de dados pra receber mensagens)

- Oi filha já tá chegando?

- Sim sim, já cheguei aqui na cidade mãe

- Tô aqui na sara, a irmã dela acabou de chegar do rio, se quiser entra aqui quando chegar – a irmã da sara veio passar natal aqui depois de mais de 7 anos sem se verem

- Tô muito cansada mãe acho que vou direto pra casa – afinal eu estou de verdade

- Ok então

- Beijo - desligo

Sara é nossa vizinha e melhor amiga da minha mãe, ela mora na casa de baixo e a gente mora no primeiro andar e juntas elas dividem o aluguel, ela não tem filhos e é divorciada - os filhos inexistentes são o motivo do divórcio – então ela vive lá em casa e vice versa, minha mãe diz que é pra ela não se sentir sozinha, mas eu acho que ela tem preguiça de cozinhar

Já lá em casa sempre foi eu Débora, Amélia minha mãe, Vinicius meu irmão, e vozinha o nome dela é Joelma mas NINGUÉM chama ela assim, pra toda a cidade é só vozinha, e também tem papai, mas ele vive viajando pelo trabalho e nos feriados que fica em casa são sempre cheios de briga com minha mãe, Sara sempre diz pra mamãe se divorciar dele, isso é uma das poucas coisas que eu tenho que concordar com Sara.

Meu ônibus chega na esquina da minha rua, desço e caminho pela calçada. Na frente do portão de casa escuto o barulho de muita gente falando ao mesmo tempo

"A casa deve estar cheia, então vou entrar devagar pra ninguém notar"

Pego minha chave e abro o portão

- Droga porque ninguém coloca óleo aqui?

Enferrujado o portão faz um barulho absurdamente alto e todo mundo na casa deve ter escutado, no tempo de entrar e fechar o portão (que faz barulho de novo) Sara aparece:

- Debora, achei que o ônibus tivesse quebrado – o ônibus não quebrou só atrasou 30min, mas não digo isso a ela – vem aqui em casa, meus sobrinhos chegaram a casa tá cheia

- Melhor não Sara, tô muito cansada vou em casa tomar um banho e depois venho

- Não, você vai agora, não acredito mais nesse papo de vou tomar um banho em desço – é ela tá certa, eu não ia descer

- Ok ok, mas só vou falar com o pessoal e vou pra casa – digo, não adianta resistir com Sara, ela sempre consegue vencer

Entro e aparentemente estão todos na sala, segundo Sara:

· Cristina, sua irmã

· Flavio, seu cunhado

· Gabriel, Daniel e Raquel, seus sobrinhos (por ordem de escadinha)

Cumprimento todos com – Olá tudo bem? É um prazer! – minha mãe também está na sala com vozinha, as duas tomando café com bolacha vozinha me oferece mas eu só coloco uma bolacha na boca, então digo minha desculpa:

- Eu vou ter que ir agora, vocês devem estar muito cansados da viagem, eu também tô exausta, então é melhor ir subindo, tchau gente...

Todos dizem uma desculpa em uníssono, não entendo todas mas são do tipo "fica mais um pouco, tá cedo ainda" "toma um cafezinho" "você acabou de chegar" mas me esquivo de todas e quando vou caminhar para a porta da frente (a escada da nossa casa é lá fora do lado da casa), ELE entra na sala.

30 dias para odiar, 5 para amarWhere stories live. Discover now