30 dias para odiar, 5 para amar

ELA

Depois de cinco horas de avião e duas de carro, com meu irmão perguntando a cada meio minuto "já estamos perto?" e minha irmã cantando músicas infantis do YouTube, finalmente chegamos na casa da minha tia.

Vamos passar o natal e ano novo com ela, ainda estamos na metade de novembro, mas minha mãe quis vir mais cedo matar as saudades dela, afinal faz 7 anos que elas não se veem

São 19h, já faz 4 horas que chegamos, estou com dor de cabeça e decido ir tomar uma ducha fria, depois de um café um remédio e um banho minha dor passou e posso voltar pra sala, estou saindo do corredor e entrando na sala de estar, então eu vejo ELA.

Ela está caminhando para a porta, é baixinha tem provavelmente 1,60m, está com uma camisa de uniforme branca, uma calça estilo pijama amarela, cabelo curto acima do ombro castanho claro com leves cachos nas pontas, meio preso meio solto, como se tivesse sido preso há horas e metade dos fios já se soltaram, uma mochila azul pendurada em um só ombro, uma cara de cansada e um All Star preto, essa é ELA.

Durante essa descrição se passaram 2 segundos, então minha tia diz:

- Debora, faltou você conhecer o Matheus

Então ela me olha, primeiro não enxergo reação no seu rosto, então sorri, um sorriso doce até parece meio forçado daquele que a gente sorri só pra não ser mal educado e cumprimentar alguém, mas além disso o sorriso é muito doce, e acenando de leve a mão diz:

- Oi Matheus, prazer meu nome é Debora, filha da Amélia e... sua vizinha de cima

O que aconteceu? Perdi minha capacidade de fala? De raciocínio? De respiração? Tenho que fazer alguma coisa

- É... Oi, prazer!

Ela sorri mais uma vez, passa pela porta e vai embora.

...

A casa da minha tia não é pequena... pra uma pessoa, pra sete ela fica minúscula, então Amélia disse que dá para duas pessoas dormirem lá em cima na sala dela e no chão do quarto do Vinicius, como mais velhos eu e Gabriel vamos, no começo não estava gostando mas depois da Debora, o que custar dormir no andar de cima?

Às 20h00 ela nos leva pra mostrar onde vamos dormir, Gabriel no quarto e eu na sala, deixei assim porque um colchão no chão é mais confortável que o sofá, o Gabriel só tem 10 anos então decido fazer um papel de irmão mais velho bonzinho. Amélia também diz que a porta de entrada fica aberta até ás 00h00 que é quando o Vinicius chega na universidade, já conheci ele, quando cheguei ele estava saindo pra pegar o ônibus da facul, parece ser um cara bem legal. Na minha visita espero ver Debora, mas ela está trancada no quarto tomando banho, então desço pra o jantar, hoje tem pizza porque a casa estava cheia e movimentada então não deu pra ninguém cozinhar. Então tia Sara pergunta:

- Debora não vai comer pizza? – Disfarçadamente olho com expectativa pra Amélia

- Acho que vai querer um pedaço, mas ainda está lavando o cabelo, vou mandar uma mensagem pra ela se apressar. – responde a mãe de Debora

Dez minutos depois Debora chega, está l com o cabelo úmido começando e ficar seco e formar os cachos, um moletom cinza e um shorts jeans. Ela dá oi pra ninguém especificamente então se senta no sofá e meche no celular pra esperar a pizza, na sala só está eu, papai e Raquel mostrando vídeos a ele, então decido falar com Debora, sento no mesmo sofá que ela e...

- Hã... oi

- Oi!

- Vim falar com você, é que... nós vamos dormir juntos... não, eu quis dizer... na mesma casa

- Ok?

- Então acho que devíamos conversar um pouco...

- Tudo bem... sobre o que?

- Olha eu não sou assim com meninas, eu sou beeem melhor é que...

- Acho que você não tá ajudando...

Droga

O interfone toca, é a pizza, salvo pelo interfone!