「 Cor de Caramelo .˚｡⋆ ༊ .˚｡⋆ ˢᵉᵘˡʳᵉⁿᵉ ⁽ᶠᵗ ˢᵘᵐᵐᵉʳ ᶦˢˡᵃⁿᵈ⁾ 」

01. Docinho de caramelo

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Era sempre assim. Todos os dias, naquele maldito quiosque, sem tirar nem pôr. Joohyun não aguentava mais. Era incondicionalmente estressante continuar naquilo.

O problema? Ah! Era o mesmo de todos os dias da sua pacata vida de atendente de quiosque praiano. Bae Joohyun despencava aos gritos todas as vezes em que olhava para o quiosque vizinho àquele onde trabalhava e via aquela beldade em forma de mulher.

Kang Seulgi era o nome do seu problema. A atendente estonteante, charmosa e exímia que chacoalhava o coração da Bae desde o dia em que começou a trabalhar naquela praia.

Mas não dava para julgar. Seulgi era ㅡ para ela ㅡ imaculada. Sabe quando você passa a vida inteira achando que todo mundo é meio bosta pra' namorar com você? Não? Pois bem, Joohyun tinha essa mania até conhecer a garota e perceber que, merda, ela não tinha nenhum defeito aos seus olhos!

A personalidade de Seulgi era a que ela gostava, espontânea, mas não desmesuradamente chamativa ㅡ ela era alegre, não escandalosa. ㅡ Além disso, ostentava o tipo de rosto que ela gostava: feminino e pequeno, com aqueles olhinhos felinos destruindo cada pedacinho do seu coração. Possuía o tipo de corpo que ela achava incrível, pois era mais alta que ela, e bem magra, e Joohyun era conhecida por pagar pau para todo mundo que parecesse um espaguete. Sem contar que ela era dona de uma voz profunda e animadora, sabia surfar, tinha mãos lindas e um cabelo tão sedoso e hidratado que nem parecia que vivia na praia. E a pele bronzeada, ah!, que pecado, que pecado! O rosto sempre vermelhinho e o sorriso cativante... Bae Joohyun estava muito fodida.

E era justamente por isso que surtava toda vez que percebia a garota se inflando para cima de outra pessoa. O que não seria tão difícil se ela não o fizesse o tempo todo, dando aqueles sorrisinhos cafajestes que faziam a Bae se retorcer inteirinha. Se tinha algo que ela odiava era, de longe, aquele jeito canalha dela ㅡ quando direcionado para outras pessoas, é claro, pois ela daria de tudo para que a Kang agisse daquela forma consigo.

Uma mocinha trajada num biquíni preto simples e uma saída de banho floral comprava uma casquinha de sorvete. Era difícil dizer se suas bochechas escarlates eram consequência do sol ou de uma suposta timidez por causa dos olhares da Kang, que recebia seu dinheiro com uma expressão sorridente e terrivelmente fofa. Bae a amaldiçoou, desejando que tivesse uma insolação, daquelas que dão febre e bolhas nos ombros.

Às vezes, Joohyun era meio do mal. E aquilo um dia cairia sobre ela.

— Olha lá, pfff! — Joohyun reclamava para Yerim, que limpava o balcão — Não pode aparecer uma bronzeadinha que a Seulgi já fica assim, toda, toda.

Kim Yerim, sua colega de trabalho e amiga, prendeu a cascata castanha dos cabelos para trás, revirando os olhos e bufando. Arremessou o pano de limpeza contra o balcão em tédio, assustando Joohyun, que deu um pulinho de olhos arregalados.

— Joo, eu não sou a única funcionária daqui, você precisa me ajudar — reclamou, pegando o pano de volta. — Vai buscar os côcos das mesas, as bandejas vazias, sei lá, só trabalha!

Resmungando, a mais velha se afastou da parede onde se apoiava, ignorando a cena que acontecia no quiosque ao lado e indo até a mesa mais próxima para tirar a sujeira. A praia estava cheia, e aquilo irritava a Bae ainda mais. Estava brava, droga.

Não suportava o som dos adolescentes que jogavam vôlei na areia, gritando toda vez que um garoto magrelo meio burro arremessava a bola colorida do outro lado da praia. Estava doida para pisotear no castelo de areia que uma menininha de chiquinhas no cabelo e maiô do Bob Esponja construía de frente para o quiosque, pois esta chorava cada vez que uma de suas torres mal estruturadas caía. Céus, jurava por tudo que a qualquer momento jogaria um côco na cabeça de dois tiozinhos que ficavam encarando as mulheres de biquíni que por ali passavam. E tinha um crush milenar pela mocinha do quiosque vizinho, mas estava convencida de que ela tinha uma preferência: garotas bronzeadas, coisa que ela não era.