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Podemos guardar as lágrimas em seus olhos?
Estou te fazendo chorar
Por que esperar para odiar, se podemos salvar o amor?
-Better by ZAYN
O celular de Manuela, minha namorada, apita ao meu lado e fico curioso. Encaro o objeto e me levanto, me aproximando da porta do banheiro para confirmar se ela já estava a se banhar.
Eu e Manuela nos conhecemos a três anos e resolvemos, depois de um tempo, morar juntos, já que eu não passo tanto tempo em casa por conta da agenda. Essa foi a forma que encontramos de conciliar o pouco tempo que temos juntos e, por incrível que pareça, deu certo. Depois que ela entrou na minha vida, tudo ficou mais leve. Com ela, a vida parece perfeita. Manuela, desde o começo, me ajudou com a minha ansiedade, já que ela cursa psicologia, o que acabou aliviando meus ataques e claro, completou o pacote que me deixou completamente apaixonado por ela.
Consigo ouvir o barulho da água a cair e volto a me aproximar de seu celular. O pego e o desbloqueio rapidamente.
Desde o início do nosso relacionamento, Manuela deixou bem claro que gostava de ter a privacidade dela, e claro, eu respeitei isso, pelo menos por um tempo, já que a ansiedade me deixava incontrolável. Para algumas pessoas, ter privacidade não é algo positivo quando se vive uma vida a dois, mas para mim, não houve tanto problema, até certo momento. Manuela tem a minha senha, e eu tenho a dela, para caso aconteça algo.
Entro no aplicativo do Instagram e, para a minha surpresa, após rolar o feed, acabo por achar coisas indesejadas.
DylanTodd curtiu a sua foto.
DylanTodd comentou: Que mudança, Manuzinha! Se quiser um replay, estou aqui hahah.
Solto uma risada. É sério?
Manuela só podia estar de brincadeira com a minha cara.
Ela não bloqueou o próprio ex, mesmo depois de estar a quase três anos comigo?
- Amor, você poderia trazer a roupa que está separada no closet, por favor? Eu esqueci. – A ouço falar num tom alto, para que eu possa ouvir, e mesmo assim, sua voz saiu abafada por conta do eco.
A ignoro e permaneço a encarar a tela. Ela não me trairia, não é?
Arrasto minha mão até meu cabelo, a traçando por entre os fios castanhos e respiro fundo, buscando não explodir.
Ouço a porta do banheiro ser aberta e acabo sendo tirado do transe.
- Amor, eu estou te chamando, o que foi? – Ouço sua voz ecoar pelo quarto e a encaro fixamente. Coberta somente pela toalha, seu olhar fixa em minha mão, onde seguro seu celular. – Você estava mexendo nas minhas coisas?
Passo por ela e entrego o celular em suas mãos. Adentro o banheiro e encaro meu próprio reflexo no espelho.
- Zayn, eu estou falando com você. Por que você estava mexendo nas minhas coisas? E, o que aconteceu para você ficar assim?
- Vai me dizer que não sabe, Manuela? Porra, que merda você tem na cabeça de não o ter bloqueado até hoje? – Falo aumentando meu tom de voz enquanto a encaro seriamente.
Inúmeras possibilidades passavam por minha cabeça naquele momento.
- Primeiro, não grita comigo, você não tem essa autoridade sobre mim. Segundo, eu não sei do que você está falando, Zayn. – Ela fala e pego o telefone de sua mão, onde sem enrolação, a mostro do que estava me referindo. Ela arranca o celular de minhas mãos brutalmente enquanto analisa a tela.
- Por que você não o bloqueou logo no início, Manuela?
- Zayn, você tem algum problema com ele, eu não tenho. Nós ainda somos amigos. Eu não sou como você, que sempre termina brigado com suas ex-namoradas. – Manuela me atira a cara, me fazendo assentir com a cabeça sarcasticamente. – E outra, você sabe que eu odeio quando mexem nas minhas coisas. Eu nunca te dei motivos para nada.
Manuela passa por mim, caminhando até o closet. Depois de alguns minutos, a sigo e cruzo meus braços enquanto me encosto no batente da porta. A mesma já se encontrava vestida, terminando de ajeitar seus cabelos no espelho da penteadeira de vidro.
- Manuela, você pensa em me trair com esse cara? Ou, já me traiu? – Pergunto sendo sincero e a vejo se virar para mim com uma expressão incrédula. – Não me olha assim, eu tenho o direito de fazer essa pergunta.
- Zayn, você tem certeza que eu te trairia com o cara que mais me magoou em toda a minha vida? – Ela pergunta e permaneço em silencio, abaixando meu olhar.
- Eu não sei, Manuela, você não o bloqueou, e ele ainda espera por um ''replay''... – Falo e a ouço fungar. Ergo meu olhar e a vejo enxugando a lagrima que escorria por seu nariz.
- Você sabe que eu não sou assim, Zayn, que merda, o que deu em você? – Ela pergunta passando as mãos em seus longos cabelos escuros enquanto seus olhos se fecham por segundos, me deixando a ver as lágrimas a escorrerem cada vez mais por seu rosto.
Manuela me encara fixamente, com seu rosto vermelho e sua maquiagem borrada, me fazendo engolir seco.
- Quer saber...- Ela começa. – Eu cansei, Zayn, você não muda.
Manuela passa por mim, me deixando perplexo.
- Como assim, Manuela? – Pergunto enquanto a sigo. Suas mãos jogavam algumas coisas na mochila com agilidade. – Agora eu sou o errado?
- Os seus ciúmes acabaram com a gente, Zayn, acabaram comigo. Eu não aguento mais isso, eu não quero mais isso. – Ela fala firme e meu peito se aperta. Ela não faria isso só porque eu fiquei com ciúmes, faria? – Não vai falar nada, Zayn?
Abaixo minha cabeça. Não tinha o que falar.
- Como imaginei. – Ela fala caminhando até a porta, saindo de minha vista.
Ouço a porta de entrada no andar debaixo ser batida com força e suspiro, puxando meus cabelos com força.
Encaro os vasos que faziam parte da decoração do quarto e não me afasto ao sentir vontade de os quebrar, sendo assim feito segundos depois. O vidro entra em contato com a parede, fazendo com que os cacos voem diretamente em meu rosto. Gemo ao sentir pequenos cacos entrarem em minha bochecha.
Me desvio da sujeira no chão e vou até o banheiro, onde me encaro no espelho. Tiro os cacos do meu rosto, resultando nas pequenas manchas de sangue espalhadas, o que me faz rir sarcástico.
- Por que você tem que ser assim, Zayn, por que? – Pergunto observando meus olhos vermelhos.
***
Parte um liberada para vocês. E aí? O que acharam?
