fascinação (s.f.): ação ou resultado de fascinar; atração irresistível; enlevo, encanto ou deslumbramento.
"O pecado me atrai, o que é proibido me fascina." - Clarice Lispector.
Antes mesmo da luz do sol acertar o rosto de Gizelly, ela já havia acordado com o barulho estrondoso que Lucas fez para puxar as cortinas. A garota soltou um bufo de inquietação e ele riu satisfeito, abrindo as janelas e deixando a brisa gélida entrar no quarto. O moreno se jogou na cama e ela se debatia para que ele não tirasse o edredom que tapava seu rosto.
- Sai daqui, bicha! Sai! - Ela grunhiu quase ferozmente e ele gargalhou ao puxar todo o cobertor de uma vez. - Para, Lucas!
- Como eu senti falta desse seu bom humor matinal. - Ele sorriu largo e Gizelly revirou os olhos, esfregando o rosto inchado pelo sono. - Bonjour, mon enfant.
- Bonjour, mon ami. - Ela resmungou mas sorriu. Lucas se inclinou para morder a bochecha da garota mas ela o agarrou fazendo com que seu corpo caísse sobre o dela e ele soltou um gritinho histérico quando ela o atacou com cócegas. Ele se contorceu em cima de Gizelly que rolou pro lado para ficar em cima dele mas então ele a segurou com força e a garota caiu para o outro lado, ainda ouvindo sua respiração acelerada de tanto rir. Gi deixou que ele a envolvesse num abraço apertado e relaxou a cabeça em seu peito.
- Já sabe o que vai vestir? - Ele quebrou o silêncio e a pequena suspirou. - Está um clima gostoso hoje, deu sorte.
- Um frio do caralho. - Ela disse em um tom conclusivo e ele riu pelo nariz.
- Aqui não é Espírito Santo, Gizelly. Hoje está fresquinho, a máxima aqui é quando você usa casaco lá na sua terra.
- Eu trouxe uma porrada de blusa de alcinha. - Ela disse sem evitar o riso, esfregando o rosto no peitoral do garoto que a encarou como se fosse uma idiota.
- Eu te avisei mil vezes, garota! - Ele disse entre dentes mas num tom divertido, dando um leve tapa no braço dela. - Mas pelo o que eu vi a situação não é tão ruim no teu guarda roupa, então vai tomar um banho que eu vou escolher o que você vai vestir.
- Como é que é?! - Ela levantou o rosto para encará-lo e ele sorriu com gosto.
- Isso mesmo que você ouviu. - Ele a empurrou fazendo com que a bichinha quase caísse da cama. - E vê se não demora porque já estão esperando a gente.
- Luquinhas - Ela fez beicinho e respirou fundo.
- Você não vai morrer por tentar, Gizelly. - Sua voz era séria e sincera. Ela sabia que já estava na hora de voltar para a cozinha mas só de pensar sentia seu corpo inteiro se contrair de nervoso.
- Quero que você conheça o restaurante, vou te apresentar pras minhas amigas e eu tenho certeza que você vai gostar.
- É um restaurante, Guimas...- Ela insistiu mas ele negou.
- Você precisa voltar a viver e só isso faz você se sentir bem. Não minta pra mim porque eu sei que você sente falta de cozinhar.
- Você fala como se fosse grande coisa. - A garota escondeu o rosto no pescoço do amigo, seu porto seguro. Ele estalou a língua e acariciou seus cabelos, como sempre fazia quando tentava convencê-la de que estava certo.
- É grande coisa sim, e eu sei o que estou fazendo, Gizelly. Eu estou sentindo.
- Começou com isso de bicha sensitiva...
- Você vai me agradecer depois. - Ele beijou sua testa e ela bufou feito criança mimada. - Agora vai porque a minha paciência tem limite. - Ele tentou ficar sério mas acabou rindo e Gizelly lhe deu um longo beijo na bochecha antes de se arrastar até o banheiro.
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Printemps
FanfictionCertas coisas abalam nossa vida de forma tão estrondosa ao ponto de nunca mais conseguimos nos recuperar novamente. É preciso ser forte para deixar os demônios para trás e partir em busca de um recomeço. Gizelly Bicalho não era a única Chef que tin...