Capítulo 1 OS TRÊS COITEZEIROS

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CABAÇA, CUMBUCA E COITÉ.

Historias e contos de três amigos, envolvendo, personagens e fatos pitorescos de uma comunidade.

Na falta do que fazer três amigos resolveram adotar um pseudônimo para ocultar suas trapalhadas. Sem eira nem beira, sem paradas e sem destino, eles resolveram aprontar poucas e boas.

— Em uma manhã de domingo, os três foram ao rio Poty tomar banho. Era um local muito frequentado na década de setenta, onde os amigos reuniam-se, para o laser aos domingos.

— É o seguinte pessoal! Para que ninguém fale o nome um do outro, nós vamos nos chamar por um codinome individual:

Eu vou me chamar de Cabaça e vocês se chamarão de Cumbuca e Coité

***

Teresina, cidade do brilho, do sol e do calor.

Calor tropical e do calor humano.

Teresina, cidade dos contos e encantos.

Das rodas de amigos e dos contos e lendas.

***

Entre os contos e lendas, temos:

A lenda da porca do dente de ouro.

A porca do dente de ouro e o lobisomem.

***

Nos anos setenta, mais precisamente,

No início da década; corria nas ruas de Teresina,

Um bicho enorme. Um bicho enorme corria nas Ruas!

Nas Ruas do Bairro Buenos Aires.

Corriam os bichos, os bichos corriam soltos.

Assim dizia lenda! Assim falava o povo.

O povo não mente. Inventa!

Aumenta mas não inventa.

***

Dizia na época, a voz rouca do rádio.

O rádio falava na voz do locutor

O locutor era afamado e muito querido

Seu nome muito falado. Era Eudes Pereira.

Eudes pereira era o seu nome,

Nome que o destino resolvera calar.

Calou-se a voz do rádio: "Olha a hora peão"!

É meio dia! São doze horas em ponto!

Hora de contar as lorotas, te benze peão!

Vamos ouvir as notícias da hora,

Nas vozes dos nossos locutores.

No morro do Urubu: o Urubu!

No Alto do bode: a Cabra

No Buenos Aires são dois. Dois!

A porca do dente de ouro e o lobisomem.

***

No Morro do urubu, voava o urubu!

No Alto do bode, berrava a cabra,

No Buenos Aires, corriam à porca.

Do dente de ouro e o lobisomem!

***

Em altas madrugadas,

Nas noites escuras,

Ninguém saia às ruas.

E quando saia, era com medo.

Sempre assustados.

Temiam encontrar o bicho.

O bicho era feio, e enorme!

Tinha o galopar de um jumento

O grunhir de uma porca,

E o esturro de uma onça.

***

A narrativa a seguir será baseada e formulada em fatos e situações vivenciados pelo autor e os moradores do Bairro Buenos Aires na década de 70 em um diálogo simulado com os personagens deste conto e enriquecido com algumas situações e fatos fictícios.

A PORCA DO DENTE DE OURO

NO BAIRRO BUENOS AIRES

A PORCA

Nos olhos tinha fogo e fogo tinha nos olhos. O barulho de uma manada e a quebradeira de um estouro. Estouro de uma porcalhada com mais de mil barrões. Fedia a barrão, e a barrão, fedia muito! E o fedor? Ninguém aguentava! Suas grandes presas eram de ouro, e de ouro eram as presas. Brilhavam sob a luz e os raios da lua. Dizia o povo nas ruas que ela comia criancinhas.

***

A LENDA

História ou lenda, mito ou verdade, o fato é que tínhamos até os suspeitos de serem a suposta porca e o lobisomem. E os suspeitos era um casal formado por mãe e filho. Para onde esse casal se mudava a porca também ia. Onde eles estavam à porca sempre aparecia. A danada era grande e cabeluda, afirmavam as pessoas.

Porca essa que a muitos assustava, ora correndo, ora fuçando nos monturos da cidade.

Certa vez, Dona Tereza e suas filhas passavam de noite por um caminho e viram a dita cuja: uma porca grande e preta, a interromper a passagem delas. Ambas tiveram que seguir por outro caminho.

Dizia Dona Tereza, que a bicha era grande, do tamanho de um jumento, e muito cabeluda. Tão grande era a porca, que nesse dia, ou melhor, nessa noite, ela e suas filhas passaram uma semana acamadas, tamanho fora o susto.

***

Surgiram, na época, muitas histórias, relatos e testemunhas que afirmavam de pés juntos terem visto a porca. Contavam até do sumiço de filhotes de porcas (leitões.) e que, segundo afirmavam as pessoas, era um dos alimentos preferidos da porca. Outra testemunha afirmava ter visto a porca comendo porquinhos.

Tamanho era o medo das pessoas, ao ponto de relatarem até o sumiço de bebês e de casas invadidas pela porca. Naquela época, havia muitas casas cobertas com palha de babaçu e as portas eram feitas em estiras, com a palha de coco.

***

A porca pode ser lenda, os relatos podem ser fictícios, mas o medo das pessoas era real, na época, e estampado na face delas. E este relato é verídico, pois quem o escreve, vivenciou, na época, embora a porca nunca tenha sido, de fato, vista ou fotografada.

E aí, você viu a porca do dente de ouro?

***

Bem pessoal, mas isso é lenda! E lenda é mito. O fato é que por muito tempo, essa história assustou muita gente.

***

O ALVOROÇO

— Cuidado com a porca! – Gritou Cumbuca.

De repente ouviu-se um alvoroço:

— Pega a porca!

— Cuidado com a porca!

— Ela está aqui!

— Não! Correu pra lá!

— Traz a corda!

— Ei, Cumbuca, tá vendo à porca?

— Não! Acho que ela sumiu no meio do mato.

Assim era a vida dos moradores do Bairro Buenos Aires e comunidades circunvizinhas. Todos viviam assustados, apavorados com a história da porca do dente de ouro. Ninguém mais tinha sossego, pois sair à noite era uma aventura arriscada e perigosa. Quando não era a porca, era o lobisomem.

***

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