Pov's Narradora
Ao ouvir o barulho do portão de sua casa se fechar, o barulho do motor do carro dar a partida e o barulho que os pneus novos faziam ao encostar no asfalto, ela finalmente pode desabar. Ela vai até seu quarto senta-se em sua cama e começa a desabar em lágrimas,quentes, logo a lembrança de cada palavra dita pela pessoa que tinha somente uma tarefa na vida (ama-lá) ficava cada vez mais ensurdecedoras. Ela não entende o real motivo para isso, ela estava como veio ao mundo; chorando e sem entender os motivos para cada palavra maldita ouvida da boca de quem ela mais precisava do apoio, sua mãe. É uma cogita conversar com um amigo, ou até mesmo com seu psicólogo, ela apenas queria conversar, desabafar. O silêncio inconstante que fazia entre as paredes daquela casa gelada era desesperador. Ela queria gritar, mas a voz não saía, ela queria correr, mas suas pernas não funcionavam, ela queria morrer, mas seu coração não parava, ela queria apenas sentir algo, logo ela, que sempre dizia que a vida era Bela, que sempre tirava um sorriso de seus amigos quando estavam tristes, quero ombro amigo para todos ao seu redor, que dava apoio sem pedir nada em troca, que ajudava mesmo quando não pedissem sua ajuda, estava totalmente vulnerável. Seu muro a muito tempo erguido, finalmente desabou. Todos os sentimentos e pensamentos que ela lutava para manter longe de sua mente, agora estavam mais claros que a luz do dia. seus demônios interiores parecem que tinham acordadmente da nossaa incerteza tomava conta da mente dela. A falta antes preenchida se tornava mais um abismo na qual a ela caía.
Ela se levantou, foi até o banheiro, ainda com sua visão turva, não conseguia parar de chorar; ela apenas pensou, pensou, pensou e pensou. Ela não queria fazer, ela não queria desistir da viver, apenas queria parar aquela vida. Para muitos, "viver" e "vida" são a mesma sinônimos, mas não para ela. Pra ela, o viver era sentir o ar tocando os seus cabelos longos e ondulados, negros como a noite, ouvir os pássaros cantando ao longe, sentir o doce perfume do sabonete, rever os amigos antes dos esquecidos, sentir o gosto daquelas comidas...
Mesmo não querendo parar de viver ela fez. De forma insegura, porém rápido. De forma vazia Mas cheio de sentimentos. Ela não queria sentir seu viver escorrendo entre seus dedos. Pouco a pouco seu coração se acalmava, o líquido vermelho tocava o piso branco, fazia várias manchas nele. Ela sabia que teria problemas depois, nada importava. Ela apenas queria sentir alguma coisa, queria ser tirada do abismo cavado pelas pessoas que ela mais amava. Eu sabia que não iria mais sentir o vento nos cabelos, que não iria ouvir os pássaros cantando, que não ia rever os amigos antigos, esquecidos, que não iria mais sentir aquele doce cheiro que sempre acalmava-a e que não sentiria mais aquele gosto que tanto amava. Mas nada fazia sentido ela deixou de viver há muitos anos atrás.
Ela pensava, via sua imagem refletida no espelho, melhor dizendo, ela via alguém, não sabia quem, alguém próximo talvez ela apenas não reconhecia e foi ali onde ela realmente desabou, encostou-se na parede e deslizou até o chão, aos poucos sentia seu coração cessar... ela finalmente tinha sentido algo não sabia dizer se era bom ou ruim. Ela conseguia sentir seu viver escapando por entre seus dedos, ela não lutava contra, havia aceitado o seu destino, tal esse que foi traçado horas antes, depois que disseram tantas coisas, a mente dela finalmente tinha parado de pensar nisso, seu corpo não queria aceitar, ele finalmente parou.
Horas depois seu gélido e pálido corpo finalmente foi achado havia milhões de ligações perdidas, de seus pais, seus amigos e até mesmo seu irmão. Sua mãe aquela que foi a criadora das coisas horrendas que havia ouvido anteriormente, chorava. Seu irmão, aquele que nunca prestou atenção nos sinais que ela havia dado, entrava em desespero. Seu pai pegava seu corpo calmamente e abraçava-o, se culpava por não ter dito nada naquele momento, ele sabia que a mãe estava errada, mas prefiriu calar, queria evitar discussões frivolas, na realidade, não eram tão frívolas quanto ele pensava ser.
Ela não tinha avisado a ninguém o que estava prestes a fazer, não planejava isso, apenas aconteceu.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Suicide
Non-Fictionaos ouvir o motor do carro, cada vez mais longe de si, ela finalmente pode desabar.