Touching Paradise • Beauany

Bad dream (3/3)

13.10.2019 - 09:00
Los Angeles, California

Joshua

Caminho por um belo parque, numa tarde ensolarada. Crianças brincam livremente no pequeno playground enquanto são assistidas por seus responsáveis, casais passeiam de mãos dadas e uma jovem mulher parece aproveitar o dia jogando frisbee com seu cachorro. Meus olhos percorrem toda a área verde em busca de algo que ainda não sei, mas quando avisto ao longe uma certa morena de cabelos cacheados, à sombra de uma árvore, um sorriso involuntário toma meus lábios. Apresso-me em ir até ela.

— Boa tarde! — cumprimento ao me aproximar. 

— Josh! Até que enfim você chegou! — Any sorri, sentada confortavelmente sobre a toalha xadrez. Há uma cesta de piquenique por perto. — Eu estava ansiosa para te ver.

— É mesmo? 

—  Sim. Venha aqui. — ela indica o lugar ao seu lado para que eu me sente e assim o faço.

No mesmo instante ela fica de joelhos, passando seus braços em meu pescoço e puxando-me para si. Envolvo sua cintura em resposta, num abraço quente e aconchegante, sentindo o doce aroma de seus cabelos invadir meus sentidos.

— Vou sentir saudade. — a garota murmura com pesar, em meu ouvido. — O que vou fazer quando precisar partir?

— Como? — não disfarço a confusão evidente em minha voz. Afasto-me para fitar seu rosto. 

— Quando tiver que voltar para o Céu... 

— Para o Céu? — questiono debilmente, sentindo o pânico me invadir.

— Por que o espanto? — ela fixa seus olhos nos meus. — É por eu ter descoberto sua verdadeira identidade ou por estar te lembrando do que você aparentemente se esqueceu?

— Any, você... Como você...?

— Você sabe que vai doer, não sabe?  — sua mão direita acaricia o meu rosto. — Talvez doa muito mais do que posso suportar.

— Não, não diga isso... — balanço a cabeça, sentindo um nó se formar em minha garganta. 

— Por que permitiu que nos envolvêssemos dessa forma mesmo sabendo que haveriam consequências? — uma lágrima solitária rola pelo rosto delicado. — Seu dever era me ajudar, não piorar as coisas.

— Por favor, não chore. — peço ao ver que a umidade aumenta rapidamente. — Eu não suporto ver você assim. Por favor, Any!

— Meu choro não é nada comparado ao que está por vir. — ela ri sem humor. O rosto agora banhado em lágrimas. — E a culpa será sua, Joshua. Totalmente sua.

✧

Sento-me de súbito na cama. A respiração descompassada, o corpo trêmulo e uma sensação horrível no peito. Passo as mãos pelo rosto, encontrando a pele molhada de suor, e suspiro pesadamente devido ao que acaba de acontecer. Ela estava chorando por minha causa. Estava sofrendo antecipadamente por eu ser um grande imbecil.

Olho ao redor na esperança de encontrá-la e oferecer algum consolo, mas tudo o que vejo é meu quarto vazio. Sou o único no cômodo. É quando sinto um pouco de alívio. Graças ao bom Deus não aconteceu de verdade. Any está bem. Foi apenas um sonho ruim.