Cinzas na manhã

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CAPITULO 1 - O ISQUEIRO

Dois meses depois de meu último amigo ter se mudado para fora do país me deixando em uma enorme montanha de tédio comecei em uma rotina que se baseava em ir para o shopping, sentar encostado em alguma parede e fumar a tarde toda. 

- Ei - Eu disse.

A garota se virou. Seu rosto completamente iluminado pelo sol das 8:00, ela sorriu enquanto procurava de onde a voz havia saído. Suas roupas eram desleixadas como se não se importasse para o visual, Allstars nos pés, uma calça preta, um moletom grande antigo, mas seu rosto era notável mesmo por baixo da camuflagem. Seus cabelos caiam sobre os ombros, cabelos negros, que deixavam seus olhos claros com maior destaque, e seus lábios… ah!. Seu rosto triangular encaixava perfeitamente seus labios carnudos ali, lábios estes que carregavam um cigarro no canto da boca.

- O que foi? - A garota perguntou entre uma tragada e outra.

- Tem um isqueiro?

Estava sentado encostado na parede então ela teve de se aproximar.

A mesma fez um gesto com o cigarro acesso como se fosse obvia a resposta e então revirou a bolsa que levava consigo a procura de um isqueiro. -Você fuma? - disse como se duvidasse.

- Não, pretendo fazer uma fogueira, ou talvez só quis puxar assunto com você. - Fui dizendo enquanto retirava um cigarro do maço, o colocava na boca e me levantava, balançando a sujeira da calça jeans.

Me aproximei no mesmo segundo em que ela encontrou o isqueiro, cobri o cigarro com as mãos por causa do vento enquanto ela o acendia. Estava perto o bastante para sentir sua respiração, ela cheirava a morango, de alguma colônia barata e um pouco enjoativa para quem não gosta de cheiros doces, que não é o meu caso. E o halito quente de cigarro. Me perguntei como seria o gosto de seus lábios.

Ela sussurrou : - Sarah. Meu nome é sarah se estava se perguntando. E isso me fez perceber o quão perto estava meu rosto do dela, me afastei alguns centímetros, traguei e soprei a fumaça em seu rosto, ela repetiu o ato. - James, e obrigado pelo cigarro. Eu odiava desculpas e obrigados.

- Eu não te dei o cigarro, idiota. - Sua voz era calma e ela dizia aquilo sorrindo o que me deixava aquecido por dentro.

- Idiota, eu quis dizer por acender o meu cigarro. 
Ela tirou os cabelos dos ombros e jogou o cigarro no chão. - As coisas divertidas estão lá dentro, sabia? 
Pensei: Droga, eu devia parar com essa rotina. Mas algo me dizia que ela não era uma garota qualquer.
- Esta me convidando pra entrar, sarah? 
Ela sorriu, segurou em meu braço e me guiou para dentro do shopping, o ar lá dentro era um pouco mais gelado do que lá fora, mas não o suficiente para me deixar com frio, minha jaqueta era o bastante. O cheiro era de limpeza, misturado com o de pipoca do cinema e milkshake das maquinas.
Ela soltou meu braço e eu segurei sua mão, agora eu a guiava, conhecia aquele shopping como a palma de minha mão, assim como conhecia muito bem o que iria acontecer em seguida.
Passamos um tempo entrando e saindo de lojas, rindo igual crianças. Ela se ofereceu pra comprar milkshake, tomamos,  conversamos por mais um pouco, até eu sugerir que voltassemos pra fora e andassemos um pouco.
- Você tem um estilo bem diferente. Eu comentei.
- Do tipo mendiga ou do tipo estranha psicopata? - ela respondeu enquanto acendiamos os cigarros novamente, e dessa vez sentados na grama na frente da casa de alguem.
- Não, do tipo que me sequestraria e me algemaria a sua cama.
- É, claro. - ela tentou cortar o assunto, com o rosto em um tom de vermelho perceptível.
Nunca entendi porque as pessoas não gostam de tirar um momento para apenas sentar na grama, no chão, e observador o redor, ou no minimo observar quem esta com você. Um momento do presente. Sem problemas ou pensamentos. Só você e a brisa gelada no rosto. Traguei o cigarro e o apaguei no chão.
- Dormiu? Ela disse, e mais uma vez o sorisso bobo estava no seu rosto.
- Estava só pensando.
- Mas então, acho melhor sairmos daqui. - Ela ia dizendo enquanto se levantava. - As pessoas da casa podem achar que estamos planejando um assalto. E minha casa está vazia agora.
- Sua casa?
- É um apartamento, eu moro sozinha, é umas 6 quadras pra lá. - Ela disse apontando, parecia entusiasmada. Foi quando notei que ainda não sabia sequer a idade dela. Mas não perguntei. Eu tinha recém feito 18 e ela não parecia muito distante disso. Então estendi minha mão e ela me puxou pra levantar.
- Vamos então. - E ela deu um passo mas eu fiquei parado, puxei a garota de volta para trás colocando seu rosto a alguns centímetros do meu, nesse ponto os dois sabem o que vem pela frente, mas a antecipação do beijo é o que faz ele bom. Coloquei seu cabelo para trás, e coloquei a mão em sua nuca, ela respondeu com uma das mãos no meu rosto, e a outra repousando em meio peito. Cheguei meus labios bem próximos aos dela, e seu corpo bem proximo do meu, podendo sentir seu calor e seu hálito quente. Ela se inclinou para frente encostando seus labios aos meus e eu de forma provocativa retrai meus lábios. Mordi seu labio inferior e puxei devagar, soltando e em seguida começando o beijo. Sabe como dizem que o primeiro beijo com alguem nunca é bom? sempre é estranho e torto? esse não foi um deles. Nossas bocas se encaixaram como peças de um quebra cabeça, e logo estavamos em um beijo quente, minhas mãos apertavam sua bunda, e deslizavam por toda suas costas, e as dela arranhavam as minhas enquanto seguravam com força em meus cabelos.

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⏰ Última atualização: Jul 19, 2015 ⏰

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