Salém, Massachusetts
1682
A maçã mal está madura, ainda verde e dura como uma rocha, mas ele a arranca da árvore de qualquer maneira, mordendo-a como uma costeleta crocante e mastigando-a até que seu sabor disperse em sua boca.
Ele torce o nariz, seus olhos se transformam em pequenas fissuras enquanto se encolhe com o gosto amargo. Cospe a massa na grama, tossindo quando o gosto se recusa a deixá-lo e batendo o pé no chão por sua má sorte. Seus dedos afundando no solo fresco com os punhos cerrados.
"Coisa maldita!"
Ele é pequeno demais para alcançar as mais gordas, cujas peles são vermelhas brilhantes. Então teve que pular com toda a força em suas pernas minúsculas, vendo a maçã cada vez mais longe até que uma queimação espessa se espalhou dentro de suas coxas e um fino brilho de suor tinha revestido suas costas.
Sua língua ainda com o gosto amargo, ele pulou de novo, parecendo um coelho com todos os saltos. Uma vez que finalmente foi capaz de pegar aquela maçã - do ramo mais baixo de todos, lembrou-se, se assustou com a amargura da fruta e cuspiu todo o seu trabalho duro!
Sem mencionar o sol que estava brilhando acima, seu calor cobre os braços e o pescoço de Jimin como um cobertor sufocante. Ele tem certeza que iria ter uma queimadura de sol e estava bem ciente da bronca que receberá da mãe quando voltar para casa.
Talvez ela dê o braço a torcer desta vez por ele ter sido tão descuidado, e oh, como Jimin queria que isso acontecesse! Ele terá um pescoço avermelhado e um vermelhão ainda mais atrás pela surra que irá levar.
"Por que ocê simplesmente não escala?"
Jimin salta assustado com a voz; ele poderia jurar que estava sozinho! O pomar de maçãs que sua família possuía por gerações é um de seus lugares especiais, onde a área é tão grande que ele não precisa interagir com ninguém.
Então, quem ousou interromper sua paz? E também rir dele por isso!
Os olhos de Jimin se movem ao redor, quase caindo em sua pressa para identificar o rosto por trás da voz zombeteira. Sua falta de jeito só serve para prolongar seu embaraço ainda mais quando ele tropeça em seus próprios pés e colide com a grama, as folhas fazendo cócegas em suas bochechas quando elas ficam vermelhas como sangue.
"Ocê 'tá bem?"
Jimin olha para cima, apoiando as mãos no chão enquanto se levanta para proteger seu território. Ele franze as sobrancelhas, colocando uma mão em seus quadris da maneira que sua mãe faz quando ela está sendo severa com ele.
O intruso é... é um garoto, aparentemente da mesma idade que Jimin. Jimin o examina, intrigado com essa situação e ainda sentindo a queimação vermelha de vergonha em suas bochechas. Seus olhos são imediatamente atraídos até as roupas da outra criança. As calças do garoto estão sujas de terra, com rasgos que variam em diferentes tamanhos, expondo a pele pálida por baixo. Elas estão enrugadas e obviamente foram usadas repetidamente, e Jimin se pergunta como a mãe do garoto o permitiu que saísse de casa assim. Sua camisa está em desordem semelhante, suja e mostrando os sinais de um camponês.
Jimin teria vergonha de sair de casa assim, mas o menino descaradamente vê isso e prende seus olhos nos seus. Sua postura é ampla, um sorriso se estende em seu rosto. Seus dois dentes da frente são mais compridos do que os outros, fazendo-o parecer um coelhinho recém-nascido, e seus olhos são largos em um marrom chocolate escuro.
Ele relaxa sua postura, olhando para o garoto novo com a boca aberta como se tivesse acabado de confessar ter tifoide.
E então olha para as próprias roupas, a camisa de linho branca e alfaiataria e os calções passados e abotoados. Para um menino que praticamente vive neste pomar de maçãs, ele parece mais fora do lugar do que o intruso!
O garoto coça a cabeça, o momento é muito longo para apenas uma simples coceira, e é aí que Jimin sabe que ele está carregando piolhos. Ele dá um passo atrás.
Em todos os nove anos de Jimin, ele nunca viu esse garoto antes.
"Você dorme na cova de um porco?"
O garoto não fica com vergonha como Jimin esperava. Em vez disso, ele joga a cabeça para trás, gargalhando para o céu da tarde como um louco. Por que ele está rindo?!
Jimin cruza os braços firmemente em seu peito, fazendo beicinho com seus lábios grossos em uma expressão que ele espera parecer severo.
"Não, não." Sua fala é arrastada, e seu "não" soa mais como "não-uh, não-uh". Jimin encara, seu traseiro começa a coçar, mas ele não ousaria fazer isso na frente de um estranho. "Eu sô' do interiô do Sul. Minha família decidiu que seria melho larga as inchada e se muda."
Larga as inchada? Que tipo de lugar ele estava falando? A família de Jimin nunca se aventurou no Sul, e ele estava começando a entender o porquê.
Ele nunca conheceu alguém com fala semelhante a isso. As pessoas nascidas em Salém morrem em Salém. Não há como se mudar. Todo mundo na cidade tem uma mãe que se instalou nessas regiões e nunca foi embora.
"Então você se mudou para cá?"
"Sim. A viagem foi difícil. Era tão longa que minha bunda ainda dói quanu sentu!"
O garoto dá um tapinha em sua bunda como se demonstrasse o ponto, enquanto Jimin observava em silêncio, o sabor amargo da maçã finalmente livre de sua língua enquanto ele tentava não ficar de boca aberta com a estranha criança.
"Onde você está morando?"
"A cerca de uma milha de distânça, sabe... perto de uma lagoa com um balanço de pneu..."
Jimin sabia exatamente a casa que o garoto estava se referindo. É uma pequena cabana de madeira com chão de terra e sem chaminé. Ninguém vive nela há anos, e Jimin a tem explorado as tardes que sua mãe o deixa sair.
Suas terras estão bem ao lado uma da outra, mas enquanto a casa de Jimin é grande e bem cuidada, com serventes cuidando dos jardins e pomares, a nova casa deste garoto está envolta em folhas e esterco de rato.
Ele não está inteiramente certo de que gosta de seu novo vizinho, mas deve permanecer civilizado.
Ele estende uma pequena mão, esticando-a para que a criança saiba sacudi-la e sorri, porque sabe que sua mãe ficaria orgulhosa dele e de sua educação.
"Eu sou Park Jimin. Prazer em conhecê-lo."
O menino pega sua mão, seu aperto firme e seus dentes de coelho saindo de debaixo de seus lábios. Uma brisa morna passa por eles, enlaçando o cabelo de Jimin em seus olhos e bagunçando a camisa do menino enquanto suas mãos se abraçam.
"Eu sou Jeon Jungkook. Que bom te conhece tamém."
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Red Blood | Jikook - REVISANDO
عاطفيةJimin deveria viver em Salém, estabelecendo-se na terra que sua família possuía por gerações e criando uma família com uma esposa ao seu lado e crianças descansando em seu colo. Jimin deveria morrer em Salém, nunca encontrando um garoto do Sul como...