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- mas eu estou dizendo, não aconteceu nada - eu disse ao meu supervisor já com a voz trêmula - eu não sei o que te disseram

- Maria - me interrompeu - ninguém precisou contar nada, quando se tem um segredo desta proporção a última coisa a se fazer é encher a cara com pessoas que sabem e usar redes sociais para confirmar suspeitas

- eu sei, eu errei - assumi - mas eu preciso do emprego, eu quero aprender, eu vou aprender - limpei uma lágrima insistente que desceu por meu rosto - eu do preciso de uma oportunidade pra mudar

- mudar os seus sentimentos?- ele perguntou e eu fungue apertando meus dedos

- é o meu sonho em risco, se eu perder esse emprego tudo vai estar acabado - não disse exatamente para conhecê-lo, aqueles palavras precisavam ser ouvidas, por mim - eu não posso voltar pra casa sem um diploma e sem conquistas, então sim, eu mudaria, esqueceria e apagaria todos os meus sentimentos para manter o meu maior bem

Ele me encarou com pena, juntou os documentos sobre a sua mesa e os colocou de volta na pasta

- uma última chance, nenhum envolvimento além do profissional deve acontecer - disse sério - a partir de hoje você não é a Malu, é Maria Lúcia, fisioterapeuta responsável pelo clube de regatas do Flamengo e nada mais que isso

- sim - eu disse confirmando que estava ouvindo

- de mais um passo em falso, descumpra mais uma regra e eu não poderei deixar de lhe punir

Como se pedir para que eu esconda o que sinto já não fosse punição o suficiente

- tem sorte que Marcos Braz gosta de você - passou as mãos pelos cabelos - está dispensada, pode ir para casa e me encontrar no Maracanã no horário do jogo - me encarou com atenção - nem um minuto de atraso

- obrigada - eu disse me levantando e saindo daquela sala o mais rápido possível, o nó em minha garganta parece aumentar a cada passo

- Malu - ouvi a voz de Pedro que veio na minha direção

- não Pedro, por favor - pedi abraçando os meus braços

Ele me encarou confuso

- eu só, preciso ir pra casa - tentei passar por ele

- eu levo você, não parece bem - ele disse e eu neguei vezes seguidas mexendo a cabeça de um lado para o outro

- você não pode, ninguém pode - minha voz surgiu trêmula e falha - eu; só; me desculpa - pedi deixando algumas lágrimas escorrerem por meu rosto, quando ele deu um passo na minha direção par me abraçar dei um para trás - me desculpa - Pedi mais uma vez bem baixo passando por ele e seguindo o meu caminho

Fisio - Pedro ( Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora