single part.

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Tente se lembrar do seu pior pesadelo, aquele que mais te assustou, depois da fase que é permitido ir para a cama de seus pais. Do qual você acordou tremendo, com seus vultos horripilantes passando em frente aos seus olhos.

Provavelmente foi por causa dele que você passou uma madrugada em claro, encolhido em baixo das cobertas apesar do calor, olhando para o teto e implorando para adormecer sem maiores desafios. Você tentava fechar os olhos e se obrigar a dormir, mas a parte mais assustadora continuava sem repetindo na sua mente, como um disco riscado.

Provavelmente foi péssimo. Aquilo ficou na sua mente por horas depois de você acordar oficialmente, talvez até dias depois. Você não podia dizer a ninguém, pesadelos são coisas de criancinhas, seria motivo de piada dizer que estava amedrontado por causa de algo que aconteceu no mundo dos sonhos.

Essa situação pode ter acontecido uma ou duas vezes, desencadeada por algum teste difícil no dia seguinte ou um filme de terror que te impressionou mais do que o normal. Coisas comuns, que acontecem com todo mundo.

Mas, agora, imagine ter 16 anos e pesadelos todas as noites. Não duas vezes por semana, nem três, e sim todas as noites. Era assim com Eddie Kaspbrak.

Ele sofria com pesadelos constantes desde os 14 anos, por nenhum motivo aparente. O garoto até falou com a mãe, esperando conseguir ajuda ou algo parecido, mas não importava pra ela.

Não era algo simples de se lidar, mas não havia nada a ser feito. É impossível parar de ter pesadelos por vontade própria, como fechar uma porta ou apagar uma luz. Não há como parar, então Kaspbrak continuava vivendo, acordando tremendo todas as manhãs e fazendo seu melhor para esquecer de tudo a cada dia, além de não falar com ninguém sobre.

Nada fácil, mas tudo bem. Se ele dormisse em sua cama e ninguém nunca ficasse sabendo.

Ninguém. Nunca.

×××

- Eu vou comemorar com vocês gente, pelo amor de Deus, eu tenho amigos além de vocês? - falou Bill exasperado - Os otários são os únicos que realmente importam pra mim.

Era um dia feliz. Bill tinha acabado de saber que iria no show de sua banda favorita desde os 8, The Neighbourhood, como presente de aniversário de dezessete anos. Seus pais nunca haviam permitido, sempre dizendo que ele era muito novo ou que suas notas não eram boas o suficiente. Mas depois de anos insistindo e implorando, o garoto ganhou o ingresso que tanto queria e fizera por merecer.

Seus amigos estavam felizes. Todos alegres por ele poder realizar um sonho depois de tanto tempo. E também por não aguentarem mais ouvi-lo falar sobre a banda e os show e o quão injustos eram seus pais.

- Eu estou realmente feliz por você Bill, sei o quanto você gosta deles - disse Beverly, deitando na perna de Ben, seu namorado. - Sabia que iam ceder em algum momento.

- Claro que iam Bev, o ex-gago não parava um segundo de falar sobre a banda-e-o-show-e-a-injustiça - debochou Richie, fazendo todos na roda rirem - Mas a pergunta é, comemorar como?

Eddie sorriu, pensando de todas as formas que eles podiam celebrar. Ir no shopping, uma ida ao cinema todos juntos, passar o dia no parque de Derry, correndo e sendo os adolescentes doidos que eram... Qualquer coisa séria ótimo, ainda mais se Bill estivesse feliz.

Todos começaram a tagarelar um por cima do outro. Mike, o líder e o mais maduro, tentou fazer com que falassem devagar e organizadamente, mas não deu certo. Bev e Ben ignoravam todo o resto, trocando carinho. Richie não perdeu a chance de começar a provocar Eddie, perguntando várias e várias vezes se a "Srta. K" permitia comemorações, com Stanley reclamando sobre o quão chato o de óculos é. Bill tentava de toda forma falar suas pretensões.

NIGHTMARE, reddieOnde histórias criam vida. Descubra agora