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Londres, Estação King's Cross

1º de setembro de 1977

Após semanas ensolaradas, a chegada do outuno deixou Londres soturna naquele 1º de setembro. Talvez eu estivesse um pouco sentimental naquele dia em específico. Melancólica, pois era o começo do fim dos meus anos em Hogwarts, mas também com um frio na barriga de ansiedade por ser designada Monitora-Chefe.

Embora eu tenha recebido a carta da McGonagall junto com o distintivo novo, ela não me deu nenhuma pista sobre quem seria o Monitor-Chefe em parceria comigo. As cartas que eu recebi do Remus durante o verão não traziam nada além do habitual, então foi com muita curiosidade que eu adentrei ao compartimento que eu já estava familiarizada.

Logo de cara, me vi surpreendida em avistar cabelos pretos emaranhado. Não sei quanto tempo fiquei com a expressão de surpresa, mas foi o suficiente para James

- É tão difícil a ideia de me ver como monitor-chefe, Evans? - ele disse fingindo estar ofendido.

- Na verdade, sim - controlei minha reação - A meu ver, estudantes com um histórico proeminente em detenções não têm tanta chance em serem escolhidos como monitor-chefe. Eu pensei que seria o Remus

- Bom, você tem um ponto. – Ele admitiu - Mas o Remus disse ao diretor que ele não estava tão apto a assumir a posição, ele está satisfeito sendo monitor.

- Por quê?– questionei

- Problemas de saúde – ele desviou o olhar quando falou – você sabe que ele tem uma condição crônica de erupções cutâneas, não é?

- Oh. É, eu sei – assenti

- E, de qualquer forma, ele ainda é monitor – ele me assegurou – Não estranhe se eu der preferência a ele

Estávamos sozinhos no compartimento após termos atribuído indicações iniciais para os monitores. Eu ainda estava um pouco estarrecida com a situação

- Bom, foi divertido – ele diz, com entusiasmo – Eu não imaginava que, um dia, eu seria responsável por disciplinar outros alunos, mas aqui estou eu.

Com a extrema vaidade de sempre, James vai em frente ao espelho para mexer no cabelo. Mesmo com as costas viradas para mim, eu podia sentir que ele estava achando graça com a minha reação.

- Eu só quero entender o porquê

- Evans, não precisa ter essa reação de tão surpresa - ele disse despreocupadamente - Por incrível que pareça, eu sou bastante responsável

- Quando lhe convém, você quis dizer - eu digo, enquanto o encaro

- Não, eu quis dizer na maioria do tempo. Mas, eu sou responsável, até quando eu estou dormindo, por exemplo - diz ele enquanto se virava para mim - É importante ter uma rotina de 8 horas de sono diariamente - ele sorri

- Você costumava ter respostas melhores, isso foi simplesmente patético

- Talvez eu esteja magoado porque você não consegue acreditar que eu sou um bom aluno e posso dar um bom exemplo para os alunos mais novos – ele fingiu estar ofendido

- Não vou nem comentar sobre "dar um bom exemplo" para os mais novos – fiz os sinais das aspas com as mãos – Mas é porque você não seria a minha primeira opção para o posto

- Eu tenho notas muito boas, eles devem ter levado em conta esse critério – ele bocejou e se fez confortável em um dos assentos – Eu domino várias matérias

- Ok, diga uma matéria, até uma das eletivas, que você domine. Mas não pode incluir Quadribol, que por sinal é uma atividade extracurricular – sentei-me no banco em frente ao dele - E não, você não pode dizer Transfiguração

- Você minimiza demais minhas capacidades acadêmicas, Evans - brincou ele – Pois então, saiba que eu obtive 7 NOMs no quinto ano. Eu tirei um E em Estudos Trouxas, aliás

- Impressionante... e você está me dizendo isso por quê? - digo arqueando as sobrancelhas

Neste mesmo momento, Remus entra no compartimento e nos cumprimenta.

- Não tinha conseguido te parabenizar direito, Lily - diz ele se inclinando para um abraço - Parabéns! Se uma pessoa merece este título de Monitora-Chefe, é você.

- Obrigada Remus - digo enquanto o abraço de volta - Para ser sincera, fiquei surpresa, mas não consigo conter minha empolgação – sorri radiante.

- Não fiquei surpreso, quer dizer, isso só prova que você é mesmo puxa-saco de professor - diz James - Você não concorda, Remus?

- Tenho que concordar parcialmente. - diz Remus timidamente, mesmo que eu possa ver seus lábios se contorcerem em um sorriso - Então, o que vocês dois têm feito aqui atrás?

- James estava me contando sobre sua proficiência acadêmica. - Digo

- Interessante. Ele normalmente não se gaba de suas notas - diz Remus desanimado - Ele se gaba mais de ser o favorito de algum professor

- Prof. McGonagall?

- Ela é uma delas, não a única. – disse James revirando os olhos – Mas a professora de Estudos Trouxas no ano passado também gostava de mim. – Ele se virou para mim e me olhou aparentemente sério – Foi nessa matéria que eu aprendi sobre algumas invenções dos trouxas.

- Hum – eu disse, balançando a cabeça – Pode me informar sobre uma delas?

- Impressão minha ou você está querendo me testar? – ele perguntou estreitando os olhos

- Sim, para saber se o ensino dessa matéria está sendo dada corretamente – eu respondi, fingindo seriedade – Me diga o que você aprendeu. – Eu sorri

- É, eu fiquei sabendo de um aparelho trouxa bem estranho, uma caixa com um lado transparente e por dentro, tem uma placa circular e aí os trouxas conectam em um... Hm - ele estala os dedos repetidamente, tentando lembrar-se da palavra.

- Tomada de energia - digo.

- SIM, obrigado, Lily! Uma tomada de energia, então as luzes de dentro da caixa acendem e adivinha, Remus?

- O que? – Remus diz com a voz cansada.

- Ele solta alarmes! – diz James, entusiasmado – Não, espera. Você pode escolher um período determinado para ele começar a apitar.

- Muito legal que você aprendeu algo naquela aula, James – Remus diz ironicamente – Agora, se vocês não se importam, eu vou procurar o Sirius e o Peter. Até logo para vocês dois – ele se despediu da gente.

- E aí? Recebi o selo de 'aprovado por Lily Evans'? – James pergunta.

- Uma criança de 5 anos faria uma melhor descrição sobre micro-ondas do que você, Potter. – Eu disse, erguendo as sobrancelhas. – Além disso, você aprendeu sobre a funcionalidade dele? – ele balança a cabeça em negação. – Bom, só para você saber, a gente usa o micro-ondas para esquentar comida. Só isso. – James balançou a cabeça em exasperação pela minha implicância.

- É assim que vai ser o ano todo? Você não vai parar de me importunar? – James perguntou, cutucando meu braço

- Estou pensando no seu caso. – Exasperei – A gente vai ter que trabalhar juntos o ano todo, de qualquer forma, é bom que a gente esteja na mesma sintonia neste ano.

- Teremos uma trégua então? – eu assenti com a pergunta dele – Ótimo, já estou cansado de tentar chamar a sua atenção e você me cumprimentar com palavras fortes.

Revirei os olhos. – Sim, podemos chamar de trégua.

Ao olhar na janela, percebi que estávamos próximos do castelo. Meu último ano estava prestes a começar, e de todo jeito seria um longo ano.



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