.Luz

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Já era tarde, por volta das 18:00 horas e eu chegava em casa da escola. Havia sido uma semana cansativa, estava exausta, pois há alguns dias tinha sepultado a única pessoa que restava da minha família, meu irmão. Éramos órfãos, nossos pais haviam sido mortos em um assalto e na esperança de fazer justiça meu irmão resolveu se tornar policial, mas dois anos depois é baleado e morto. Há apenas três dias, havia dado adeus a ele, quem fez o papel de pai e mãe todo esse tempo.

Havia um lugar afastado do centro da cidade, onde tinha costume de ir em busca de paz, era para lá que estava indo. Chorando, atravessava as ruas, quase sendo atropelada, minha vida estava virando de cabeça para baixo. Enfim cheguei ao local, uma construção abandonada, então subi as escadas até chegar a laje.

Estava alienada com os pensamentos e sentimentos que cada vez mais vinham a tona, confusa com a situação que se tornava depressiva. Olhei a minha frente e avistei alguém que me parecia familiar, com um gesto a me chamar, me aproximava cada vez mais e aos poucos tive certeza que era quem eu acabará de sepultar.

Já estava na beirada da laje, o que via era apenas ele, quando tentei alcançá-lo senti uma leve brisa jogar meus cabelos para o lado, meu corpo se inclinava mais e mais para frente, meus pés já não tocavam em nada. Senti o vento ferozmente a passar pelo meu corpo de baixo para cima, já não avistava mais aquela pessoa. Surgiu então uma sensação pavorosa, recobrei meus sentidos e olhei em volta, pude ver meus poucos sonhos se distanciarem de mim, não tinha volta, eu acabará de cair daquela construção. Em um piscar de olhos, pude sentir meu corpo brutalmente tocar ao chão, naquele instante não sentia nada, aos poucos meus olhos foram fechando, bem ao fundo havia uma voz que soava apavorada, alguém me chamava pelo nome, reconheci que era a vizinha, mas era tarde, não tinha forças para abrir nem a boca e minha visão rapidamente se ofuscando, meus olhos se fecharam, já não me sentia eu. Aos poucos não fazia mais parte daquele mundo.

Ainda me restava uma consciência mínima, estava tudo escuro, me senti perdida, afinal para onde estava indo? Bem distante avistei uma luz, era como uma luz no fim de um túnel, juntamente com ela uma mão a me puxar em sua direção, perguntei quem era, será que não me ouviu? Aquela mão me tocou suavemente, me senti aliviada, como se tivesse encontrado uma salvação em meio a escuridão da minha vida. Quando me dei conta, estava em um lugar consolador, eu havia encontrado paz, estava no céu e acabará de descobrir o eterno paraíso.

Mas algo ainda despertará minha curiosidade, à quem pertencia aquela suave mão?

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