Lízia era uma menina adorável!! Tinha 16 anos, filha única, e um dos seus "hobby" preferidos eram livros. Era meiga, inteligente, sensível, gentil, carinhosa e solidária. O seu sorriso iluminava qualquer ambiente, e o seu jeitinho leve de ser, trazia paz e alegria a todos que a cercavam. Uma coisa que ela gosta por demais, era sentir-se presente na vida de seus amigos e de sua família. Numa bela tarde ensolarada, Lízia se encontrou com seus cinco melhores amigos, numa linda praça arborizada cheia de flores. Por conhecê-la tão bem, seus amigos perceberam que ela não estava bem. Embora bricasse, sorrisse, dando suas gargalhadas espontâneas, tinha uma certa tristeza em seus olhos. Esses estavam marejados de lágrimas invisíveis. Passado algumas horas se divertindo, ela se despediu de seus amigos carinhosamente e foi para sua casa. Chegou em casa e disse: - Mãe, já cheguei!! E foi direto para o seu quarto cor azul bebê, tendo na parede vários quadrinhos com diversas frases empolgantes. Sentou-se na sua cama bem fofa com almofadas coloridas; e retomou a leitura de um livro que se encontrava na cabeceira. Conforme folheava as páginas do livro, ela parecia que estava entrando em um outro universo totalmente diferente do seu. Lízia se sentia abraçada e compreendida pela personagem principal, Ana Clara. Ana Clara, um ano mais nova, um tanto misteriosa, mas sua alegria contagiava a todos. Ela ouvia Lízia através do seu silêncio e compartilhava sua vida fictícia. Embora Lízia fosse uma menina inteligente, ela estava totalmente envolvida nessa vida imaginária onde tudo era possível. Aos poucos, sem perceber, ela estava se afastando de todos que faziam parte de sua vida. Cada vez mais se conectava e se encaixava no universo de Ana Clara. Elas conversavam, trocavam ideias, falavam sobre seus sentimentos, sonhos e conquistas. Ana Clara era a irmã que sempre sonhava ter na sua vida. E juntas poderiam conquistar o "mundo" com toda alegria e coragem. O livro continha 300 páginas recheadas de aventuras. E, quando Lízia estava chegando na página 280, começou a sentir triste e dependente de Ana Clara. E por causa dessa impossível amizade, não tinha a menor vontade de se despedir da sua amiga imaginária. Mas, nas últimas páginas, Ana Clara agradeceu a companhia de Lízia durante toda a jornada da leitura. E, para alegrar o coração de Lízia, disse que voltaria e se encontrariam novamente nos próximos dois volumes. Concluída a leitura, e um tanto pensativa...mas, ao mesmo tempo, feliz. Lízia, então, fechou o livro e retirou uma chave pequenina de dentro de sua gargantilha de ouro com sementinhas de várias cores. Abriu a gaveta e guardou o livro em sua gaveta secreta. Dias e dias se passaram, e Lízia voltou a sua vida real mais fortalecida, mais segura, mais leve e cheia de esperança. A autora daquele enigmático livro ensinou muito a Lízia, pois ela se autoconheceu, se mergulhou em si mesma, e se resgatou, e se reconstruiu de forma linda e impactante. Uma nova Lízia surgiu e o seu segredo continuava vivo dentro de si.