Dias Chuvosos

         Sabe... tenho muitas lembranças de arcos que ocorreram em minha vida, momentos bons e ruins, uns consideravelmente bobos mas outros que me marcaram profundamente, como aquele dia… aquele longo e sufocante dia, eu lembro de cada detalhe.
         Fazia dois meses desde que a chuva cairá sobre nossa pequena cidade, eu gostava muito do clima, tudo era verde e frio, parecia que as coisas tinham voltado ao normal, tudo estava tão calmo e sob controle, ninguém ouvia falar mais das vítimas nem do que chamavam ser o Homem da chuva, o que era estranho pois depois de inúmeras mortes ele simplesmente desapareceu um mês atrás deixando apenas medo, raiva e ódio em todos os parentes de suas vítimas, tudo o que sabiam sobre ele era que sempre atacava quando estava chovendo, talvez aquele clima o favorecia.
         Eu namorava uma garota chamada Ellie, ela era linda, meiga, sempre me deixava com um sorriso no rosto, nos dávamos super bem, a mãe dela havia sido assassinada há alguns meses então ela vivia com seu padrasto, eles tinham um relacionamento até que agradável, apesar de não se falarem muito, ele quase não ficava em casa, e não fazia muitas perguntas quando ela dormia fora, última vez que falamos sobre ele, Ellie disse que estavam bem fazia algumas semanas mas que naquela manhã teriam tido uma pequena discussão, acho que ele não sabia sobre o nosso namoro.
          5:00 p.m ela me mandou mensagem perguntando se poderia dormir na minha casa, disse que tinha uma coisa muito importante pra me falar e que tava muito feliz, sugeriu que podíamos assistir filme, conversar sobre a semana e dormir juntos como de costume, não recusei a proposta.
          Estava tudo marcado para as 8:30 p.m, a casa estava arrumada, não tinha muito o que fazer, há não ser aproveitar o resto do dia com a Ellie, afinal a gente não se via desde a última visita ao túmulo de sua mãe na cidade vizinha.
          Depois de ter passado um bom tempo olhando para as nuvens cheias de água, fiquei preocupado ao ver o relógio, já eram 8:00 p.m, se ela ainda viesse, chegaria encharcada.
           Toc! Toc! Toc! Achei que era é ela, fui correndo abrir a porta, e no mesmo momento em que abri, me decepcionei em não ver ninguém, isso já me ocorria com frequência desde que atropelei a bola daqueles garotinhos da rua ao lado, o que eles queriam mais ?! Eu já havia comprado uma bola nova.
           Começou a chover, então peguei o telefone e mandei mensagem pra ela…

(Eu)    - Amor, quer que eu vá te pegar ? Já começou a chover.

(Ellie) - Não precisa, vou de carona com meu padrasto, ele também vai sair, disse a ele que não queria ficar só em casa então ia dormir na casa de uma amiga, enfim, você já sabe, já estamos saindo, ah ei, faz chocolate.

(Eu)    - Sei… faço sim, vou ficar te esperando, bjos.

            Enquanto ela estava a caminho, eu fui na cozinha fazer o tal chocolate quente, nunca fica tão bom quanto o que ela faz mas não dá pra reclamar
            Há momentos do dia, pode ser qualquer hora e lugar, acho que chamam isso de déficit de atenção, meu corpo fica no automático e minha mente vai embora, imaginando qualquer coisa no mínimo detalhe, as vezes dura segundos, as vezes minutos, nunca passou de horas, porém é um transe controlável, passou-se um tempinho e o chocolate já estava quase pronto.
           *Toc! Toc! Toc!
            Ainda decepcionado com o acontecimento anterior, fui abri a porta, dessa vez sem pressa, porém não podia negar que queria ver logo aquele rostinho outra vez, abri e lá estava ela, toda molhada, com tanto frio que nem conseguia falar com a boca tremendo, comecei a rir o que já era normal quando eu a via, então perguntei…

(Eu)      - O que aconteceu ? Pensei que vinha de carona mais seu padrasto.

(Ellie)   - Eu vim, mas o pneu furou a uns 3 quarteirões daqui, eu vim correndo.

(Eu)      - Nossa que azar em, ele deve tá precisando de ajuda com o carro…

(Ellie)    - Não, tá tudo bem, ele disse que tinha uma oficina lá perto