O fim de semana antes da chuva

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O ano é 2024, o mundo está repleto de tecnologia para todos os lados, assim como previram anos atrás a tecnologia faz o dia a dia da humanidade em todos os aspectos, mas vários fenômenos inesperados começaram a acontecer. Dentre eles, pessoas tendo uma espécie de alucinação coletiva.

As vítimas do ocorrido descreveram as alucinações como um mundo alternativo onde existem criaturas que, de algum modo, sabem do passado e do presente das pessoas e usam dessa sabedoria para torturas psicológicas, criando alucinações dentro desse mundo que passou a ser chamado de "Delirium Trigger".

Segundo relatos de pacientes, o nome foi dado originalmente pelos seres desse outro mundo, que também disseram que o estado em que os pacientes se encontravam seria o de "Delirium Trigger". Além disso, relataram que toda vez que são levados a esse mundo sentem uma grande exaustão mental, e não conseguem descansar direito.

Desde os testemunhos os cientistas ficaram divididos e começaram a elaborar teorias e hipóteses desse "novo mundo". Alguns acreditam que não são alucinações normais ou demência.

— Eu? Sou Sarou Ryotaro, tenho 16 anos, por que a pergunta senhora? - Ele dizia a uma cliente que estava atendendo em seu trabalho na Biblioteca Nanaco, onde ficava das duas às seis da tarde.

Sarou vestia uma blusa preta com estampa de retalhos estilo "V" e dois botões, uma calça jeans, cabelo marrom claro com franja cobrindo parcialmente o olho esquerdo, e em cima bagunçado. Seus olhos são castanho escuro e seus sapatos simples.

— Então é você mesmo...pelo menos virou alguém que parece decente e está trabalhando em um serviço normal. Pelo seu esforço vou fingir que não te conheço. - Ela dizia isso pois os pais de Sarou tem uma dívida com a Yakuza, então seus vizinhos sempre tiveram preconceito com ele desde pequeno.

— Muito obrigado pela consideração, boas compras e tenha um bom dia. - Dizia Sarou enquanto tentava forçar um sorriso evitando ficar depressivo por ver alguém da vizinhança, o que não era uma coisa comum, pois sempre procurava trabalhos de meio período longe para que não acontecessem situações como essa.

Depois que a senhora foi embora ele aproveitou que a biblioteca estava parada para organizar livros, e os classificar no sistema do computador que ele usava para trabalhar. Embora os livros estejam organizados a biblioteca não é pequena, tem o térreo, onde ficam geralmente as obras nacionais e mais vendidas, e o primeiro andar, onde ficam obras estrangeiras e menos pedidas.

Logo após o seu expediente, ele descansa por uma hora e vai trabalhar na loja de conveniência Harada, onde atende os clientes e, às vezes, repõe o estoque, mas quase sempre fica por conta do gerente. Normalmente a loja não recebe tantos clientes, apesar de ser o tipo de loja que fica 24 horas aberta, e, por conta disso, ele fica entediado por só ficar ali atrás do balcão esperando o próximo cliente. Sarou fica na loja de conveniências até chegar ao fim de seu turno, que é em torno de 1h da madrugada, e então volta para casa.

— Boa noite, mãe! Já estou em casa! Está aí? Quer que eu faça a janta?

A casa deles era antiga, de madeira e já desgastada com o tempo, era possível ver pelo lado de fora partes de tábuas quebradas, com fungos e mofo. Partes da telha faltavam e havia pequenos pedaços faltando nas poucas janelas. Por dentro havia uma cozinha, um banheiro e somente dois quartos, o tatame do chão era desgastado, desfiado e manchado. Os móveis doados e em estado aceitável, o banheiro era simples, mas preservado.

— Não precisa filho, ainda tem o suficiente para nós dois, mas amanhã você vai ter que fazer assim que chegar.

— Tudo bem, pode deixar comigo, e aproveite para descansar que eu lavo a louça, tudo bem?

Delirium TriggerOnde histórias criam vida. Descubra agora