Tudo o que importava para Nicolle Ávila era concluir seu estágio e - finalmente - ser independente e não dar mais trabalho para seus pais, principalmente estando em outro país.
Natural do Rio Grande do Sul, a gaúcha era uma garota forte, madura...
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Estrada de Port Angeles, Washington 15:47pm
JÁ ESTEVE EM um daqueles dias em que você pensa "eu não deveria ter me levantado da cama hoje"? Bom, esses são dias em que ninguém deveria pensar em pedir algo para a pessoa que se encontra neste estado, pois até o mais simples acaba em algo desastroso.
E Nicolle estava em um desses dias.
—Vamos, motor idiota! Funciona!— exclamou com raiva, pisando no acelerador e girando a chave da ignição sem parar —Não pode morrer no meio do caminho!
A jovem grunhiu, largando a chave e tirando o pé do pedal enquanto começava a dar socos no volante, o que fazia a buzina soar escandalosamente diversas vezes.
A estrada estava deserta, tendo apenas o carro de Nicolle em meio a quilômetros de estrada cercada por floresta em ambos os lados. Deprimente, a estrangeira pensou.
Nicolle pensou novamente. Talvez devesse ter ouvido Jhúlia, e ter deixado seu carro na manutenção e pego o da amiga emprestado.
— Mas não...— Nicolle resmungou — A tonta aqui tinha que deixar 'pra lá! Como sempre!
A jovem cruzou os braços enquanto bufava, começando a bater ritmicamente um dos pés no chão do carro. A chuva já começava a cair aos poucos, como uma simples garoa, e logo estaria frio o bastante para Nicolle se amaldiçoar por ter saído de casa em seu dia de folga.
De repente, a mesma arregalou os olhos. Procurou rapidamente e do bolso de trás de sua calça jeans escura puxou o pequeno cartão que sua amiga lhe dera mais cedo.
— Nunca se sabe quando vai precisar de um mecânico. —ela dissera — E sua lata velha vai precisar de um logo logo.
Soltando uma leve risada enquanto se lembrava da última frase, Nicolle pegou o celular na bolsa, suspirando ao ver a porcentagem de carga da bateria.
—Trinta e sete porcento —suspirou —Vai ter que dar.
Digitando rapidamente o número de contato, numa tentativa de ser mais rápida do que a queda constante da bateria, a jovem logo foi colocada em espera, sendo atendida no terceiro toque.
— Mecânica McCaulay? — uma voz cansada perguntou do outro lado da linha — Em que podemos ajudar?
— Meu carro parou de funcionar e... — Nicolle foi cortada.
— Não 'tá com o tanque vazio
A gaúcha olhou para o painel do tanque, suspirando em seguida.
— O tanque 'tá na metade. O problema é o carro mesmo.
— Bom, onde a senhora está? — Nicolle ouviu algo leve ser derrubado, como um porta lápis, e depois o silêncio do funcionário esperando pacientemente.
