Parte 2

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Levou cerca de quarenta minutos para que o bebê dormisse. Enquanto admirava aquele rosto tão pequenino, a pouca claridade que batia sobre sua cama não atrapalhava a jornada dele ao mundo dos sonhos. O que era um alívio, visto o perrengue da última hora.

O choro na mesa do almoço era nada mais nada menos que sono, e como toda criança que se preze, entregar-se a esse parecia algo terrível. Sendo assim, quando Hashirama passou por perto do quarto de seu irmão e ouviu aquele choro tão sofrido, bateu na porta e foi recebido por um Izuna com cara de cansado. Sorrindo, pegou seu sobrinho e o levou até seus aposentos, ninando-o durante todo o trajeto.

Limpou o rosto choroso com uma toalha úmida, e ao perceber que ele adorava aquele gesto, seguiu refrescando-o, acariciando a pele sensível com movimentos suaves. Pouco tempo depois, ele enfim apagou. Suspirando, cobriu as pernas de Hikaru e se deitou sobre os antebraços, fitando o teto.

Quis acompanhá-lo e cochilar também, mas sua mente só conseguia girar em torno de Madara, para variar. Ainda bem que o interlúdio de cuidar do sobrinho ocupou boa parte do seu tempo, ou estaria com um grave caso de bolas roxas. O que fez no almoço foi audacioso demais... Tinha perdido o bom senso e só conseguia pensar em fazê-lo enlouquecer sem poder fazer quaisquer barulhos.

Hikaru resmungou e procurou algo para se agarrar, o que acabou sendo seu polegar. Aquele ato enfim perpassou as névoas de seus pensamentos, apaziguando as memórias indesejadas. Agora, sua atenção estava toda no bebê. Naquele cheiro, na expressão de tranquilidade, no outro bracinho erguido para cima, e também do tamanho minúsculo da unha. Enquanto se perdia nos detalhes e no amor que sentia pela criança, sequer notou quando pegou no sono.

Ao abrir os olhos, pôs-se sentado em um breve ataque de pânico. Onde estava a criança? Quanto tempo dormiu? Onde estavam todos? Onde ele estava? Após cinco segundos de lucidez, percebeu que estava adiante de todas as respostas.

O bebê estava ao seu lado; o relógio na parede apontava quase cinco da tarde, o que significava que dormiram por uma hora. O barulho que vinha do lado de fora só podia indicar que havia um grupo de convidados praticando algo por ali perto. E claro, estava eu seu próprio quarto. Sorrindo para o pequeno, o viu se sentar e chamar por seu pai.

Levantando-se, pegou-o da maneira mais ajeitada que pôde e saiu quarto afora. No meio do caminho, encontrou com Tobirama que sorria para o filho que acenava com os braços ansioso pelo colo tão conhecido. Ficou momentaneamente emocionado por poder ver seu irmão mais novo construir uma família. Quem diria! Tobirama amando, e ainda por cima um Uchiha. Com um sorriso sutil em seus lábios, pensou em como a vida tinha dessas. Nunca poderíamos atar as mãos em relação ao destino; ele sempre traz o que tem de vir. 

Acariciando a cabeleira de Hikaru, levou sua atenção ao que o albino dizia.

— Há quanto tempo isso vem acontecendo?

Sentiu sua testa contrair ao ponderar o que deveria responder.

— Pouco tempo, mas sempre esteve lá.

Deu de ombros, agora apertando as bochechas do pequeno que sorria na sua direção. Quando seu irmão abriu a boca para retrucar, rebateu de pronto:

— Cuide da sua vida, Tobirama.

Praguejando, o pai pegou o filho e virou-se de costas, o deixando para trás. Deixou um suspiro longo e pesado lhe escapar. Sabia que ele não cruzaria os limites e o assunto morreria por ali, o que de certa forma aplacava as coisas, mas ainda assim, era desgastante manter a compostura toda hora.

Rumando para o pátio central, passando pelos corredores cheios de quartos, deu a volta por ali, atravessando até o outro lado do jardim. Havia gritos e risadas vindo daquele lado, e logo percebeu que vinha do dojô.

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