A Lua Crescente

Capítulo 1

Sesshoumaru POV

Havia chegado a hora! Obviamente, para alguns isto poderia parecer até um tanto que humilhante, mas não havia como escapar do que sentia e isso já fazia um bom tempo. Não consigo ser exato à quantos anos eu sentia isso... Entretanto, o fato é que, cada ano que se passava, não só ela crescia em estatura, como meu coração parecia se expandir sempre que eu pensava em seu nome, em sua feição, e em seu sorriso.

Mediante esta situação e como se não bastasse apenas o fato de ter que admitir isso para este Sesshoumaru, era mais complicado ainda fazer o que tinha de ser feito.

Lembro-me de que há anos atrás durante uma situação incômoda com aquele bastardo do InuYasha, eu havia começado a tentar dizer o que realmente sentia. Na época já tive certa dificuldade, pois demonstrar qualquer tipo de sentimento que não fosse mera indiferença ou repulsa por humanos como o antigo youkai que eu era fazia antes de sua chegada. Aquilo não existia mais na minha vida. Portanto não fazia sentido agir de modo diferente. Claro que naquela época, apenas ela pôde entender o que eu havia dito, o que realmente me deixava mais tranquilizado, pois odiaria que aquele maldito hanyou ouvisse qualquer uma de minhas palavras.

Estas eram destinadas somente a Rin. Somente para ela.

Depois que ela chegou, pouco a pouco, descobri nós que se desprendiam de dentro do meu peito, como se fossem pequenos ferimentos e estas feridas eram curadas por apenas sua doce presença. Chagas dolorosas e repletas de rancor que eu tinha por achar que meu pai se fazia indigno de ser um Dai youkai ao se relacionar com uma mulher humana.

Agora... Bem diante dos meus olhos, posso entender o que meu pai dizia sobre "ter alguém para proteger".

Enquanto meditava tais sentimentos, Jaken me despertou do transe. Este estava agarrado à pelagem que eu mantinha sobre minhas vestes durante o planar daquela breve viagem.

- Ssseshoumaru-sssama! Olhe! Veja ssse não é a pequena Rin bem ali perto do campo de arroz!

- Hum. – "Pequena não é uma palavra que combine com sua atual aparência..." – pensei. Depois de descer finalmente, Jaken se desprendeu de mim e agarrou-se ao bastão de duas cabeças já com os pés no chão, esperando que eu começasse o caminho até ela. – Jaken. Espere aqui! – ordenei enquanto pousava acima da grama verde.

- Sssim! Sssesshoumaru-sama! – eu não o olhei, mas claramente estava declinando sua face ao chão em respeito ao meu pedido.

Mesmo com alguns metros de distância, notei que Rin estava distraída em meio à plantação. Ela usava um pequeno facão para cortar no local correto, segurando uma certa quantia entre seus dedos, cortava-os e depois os dispunha em um cesto feito de palha trançada. Aproveitei-me de sua concentração naquela atividade e saltei, aproximando-me e pousando levemente atrás dela.

Ela não usava um dos quimonos feitos com os últimos tecidos que lhe dei. Provavelmente os guardava para momentos em repouso ou outras situações em que utilizá-los fosse mais conveniente. Estava usando um mais simples e de tom alaranjado, muito semelhante com o que ela costumava usar quanto mais nova, porém mais adequado ao seu tamanho.

Realmente, ela havia crescido muito se comparada a pequena humana que me encontrou tão ferido naquele dia.

Se fosse do meu feitio, com certeza eu sorriria para esta lembrança, porém só o fato de recordar, já me aquecia o coração. Não havia necessidade urgente de que o expressasse em um sorriso.

Vendo que ela realmente não fazia noção da minha presença silenciosa ali, resolvi chama-la.

- Rin. – disse baixo. Mas o suficiente para que ela me escutasse.