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Janeiro de 2017

ALICIA

Estou deitada na grama do enorme jardim do orfanato, finalmente a primavera reinava, minha estação favorita. O clima naquela região era bizarro e diferente, assim como a minha vida. O sol só não batia em meus olhos por conta da sombra que a árvore me oferecia. O treino daquele dia havia sido cansativo, e Nicole andava estranha, ou melhor, ela estava muito normal, e Nicole não é uma pessoa comum. Fecho os olhos e coloco o braço sobre os olhos, eu estava chateada e estressada, como sempre Casey havia sido o centro das atenções naquele dia. Sim! Eu tinha inveja dela, ela sempre teve tudo, inclusive a atenção do senhor Willy, o que era uma droga!

- Eu já não te disse para parar de se frustrar tão fácil? Reconheci a voz grossa e que me causava arrepios.

- E eu já não disse que estou cansada dessa vida? Como não vou me frustrar? Perguntei a Dener.

- Alicia, já falamos sobre isso... Você sabe toda a verdade! Ele reforçou.

- E só continuo mantendo segredo por você, mas ele bem que poderia ser menos óbvio. Falei com chateação.

- Eu não tenho ninguém além da Nicole Dener, e sinto que a Casey também vai tirá-la de mim. Falei triste.

- Você tem a mim. Ele falou pegando na minha mão.

Sorri para ele.

- Eu queria que fosse verdade, mas... Comecei.

- Alicia, eu já te expliquei, não posso colocá-la em risco, sem contar que... Nicole não ficaria satisfeita. Ele falou com frustração.

- Ela não tem o que querer, eu não estou me opondo a ela e o Oliver... Que aliás ela nem sabe que eu já sei. Falei irritada.

Dener apenas encarou o chão e suspirou alto.

- Mesmo assim, se não for a Nicole, vai ser outra pessoa ou outra coisa. Ele falou.

- Por que logo nós tivemos que ter uma vida assim? Eu não podia simplesmente crescer com os meus pais e como uma pessoa normal? Indaguei.

Dener colocou sua mão em minha bochecha e sorriu.

- Você sempre vai me ter Alicia, e sempre terá a Nicole também... Você pode não gostar muito da Casey e até dia outros, mas você no fundo sabe que eles também sempre estarão lá pra você. Ele falou.

O pior que era verdade, todos pensavam que eu era a gêmea santa, e talvez eu era, porque por mais que eu tivesse inveja, eu via todos ali como minha família.

- Eu queria poder ficar com você pra sempre. Falei baixinho.

- O senhor Willy ficaria uma fera. Ele disse chateado.

- Comigo você pode falar o nome dele... Falei sorrindo.

- É melhor não. Ele sorriu e enviou uma piscadela.

O que eu gostava no Dener era isso, ele me acalmava, era meu porto seguro... Ou como dizia Nicole: "Ele me mantia nos trilhos".

2018 (Noite da fuga do orfanato)

Estamos correndo por entre as árvores, o que Dener me avisou estava acontecendo e o que me deixava calma era que ele estaria conosco, pelo menos foi o que pensei. Casey balança a cabeça negativamente quando perguntamos pelo Dener. Meu coração se destroçou. Ele havia morrido... Dener se foi, eu não podia chorar como queria na frente de todos, uma raiva enorme me toma e senti vontade de socar Casey, pois eu sentia que era culpa dela. Depois que todos se deitaram me levantei e me afastei de todos, foi então que as lágrimas vieram todas de uma vez. Eu chorava e soluçava, eu o havia perdido e nunca contei a verdade sobre o que eu realmente sentia. Me sentei no chão e abracei as pernas, eu estava com medo. Dener já havia me preparado para essa realidade cruel, mas eu só estava preparada com ele por perto, sem ele, seria um caos. Passei a mão por entre os cabelos e suspirei. "Preciso ser forte, pelo Dener" pensei. Porém, falar era mais fácil do que fazer.

Contos de Orion (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora