fugitivos. jjk + pjm

[2]. Encontro

música: confidence, x ambassadors (feat. k.flay) 

Dois dias.

Dois dias que estava isolado e ninguém veio atrás dele.

Jimin ainda estava em estado de alerta e pânico total, porém reprimiu-se de se preocupar nas primeiras quarenta e oito horas. Deduziriam que estava impossibilitado de se comunicar com o Coven e que entraria em contato assim que pudesse. Algo do tipo era considerado normal.

O problema maior surgiria ao bater a marca de um mês.

Por vezes imaginava qual seria a punição que receberia uma vez que o encontrassem e descobrissem seu plano. Trancado para sempre no próprio quarto estilo Rapunzel? Ter partes do corpo arrancadas? Ser proibido de conversar com Taehyung?

As possibilidades eram numerosas e apesar de estremecer com cada uma delas, Jimin estava realizado. Precisava tentar se desprender das expectativas impostas por terceiros em sua existência vampírica. Afinal, tinha noção de que era impossível simplesmente pedir para que colocassem outra pessoa no seu lugar.

Aquela era sua única chance pois uma vez que o capturassem, nunca mais teria uma brecha. Os olhos de todos estariam prestando atenção a cada passo que desse. Perderia sua liberdade de ir e vir como bem entendesse.

Estava levando uma vida normal e entediante na floresta. Privava-se de sair durante a manhã pois queimaria se um raio de sol encostasse em sua pele e durante a noite estava curtindo sua própria companhia, a fome ainda controlável. No entanto, sabia que em breve teria que se aventurar pela mata e caçar um animal. Era inexperiente no assunto, porém acreditava que na hora seu instinto o guiaria.

Deu uma volta nos arredores no dia anterior e descobriu um rio próximo que passou despercebido antes. O que era vantajoso porque teria acesso rápido à água caso a sua esgotasse.

No momento estava sentado numa cadeira do lado de fora, lendo um livro com a ajuda da luz externa da casa. O único passatempo disponível no meio do mato. O céu estava escuro e limpo, a brisa fria anunciando a chegada de uma possível chuva. Jimin já sentia a umidade, deixando-o agitado.

O parágrafo que estava lendo contava a sensação da personagem principal de estar viva ao experimentar um amor impossível. Jimin sorriu nostálgico, alisando a página para desamassá-la.

Quando era humano, levava uma vida boa. Como filho único, seus pais o mimavam até demais, incentivando-o aos estudos e fazendo suas vontades. Jimin sempre foi muito curioso e esse foi o principal motivo de ter sido mordido por um vampiro em primeiro lugar.

Estava caminhando tarde da noite, voltando de mais uma aula quando escutou grunhidos de um beco. A melhor decisão que poderia ter tomado era pegar outro caminho e ir embora, porém, foi mais forte do que ele, sendo atraído para o canto afastado.

A cena que encontrou foi horrível.

Um homem alto e robusto estava com o rosto enterrado na clavícula de uma mulher no chão, o vestido rasgado na altura do ombro. O primeiro impulso que teve foi de tentar salvá-la, gritando para o rapaz se afastar. Ao virar a face em sua direção, surpreso com a voz de Jimin, o que viu lhe deu ânsia: os lábios e o queixo dele estavam lambuzados de sangue, o vermelho praticamente brilhando contra a luz da lua. E pelos olhos desfocados da moça, deduziu que estava morta.

O vampiro levantou ligeiramente e agarrou-o pela cintura, impedindo-o de reagir e correr. Jimin sentiu pavor correr em suas veias com a velocidade, remexendo-se para se soltar dos braços fortes – o que foi em vão.

Sua respiração acelerou, o coração batendo tão rápido que achava que sairia pela boca. Uma pontada forte se deu em seu pescoço e ali, teve certeza que morreria. Aos vinte anos deixaria seus pais e encontraria a morte.