Protector | day 17 hanging out

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Bakugou estava em pé, com as mãos dentros dos bolsos da calça social, os dedos deslizando sobre o canivete, apenas o relembrando para manter os instintos aguçados, enquanto observava os mafiosos em torno de Todoroki.

Além da arma fria, o revólver era perceptível contra a pele, preso sobre as fitas de couro do coldre justo ao peito.

O local escolhido para as negociações daquela noite, foi uma requintada boate, onde uma bela gueixa dançava com gestos fluidos, transformando as mangas longas do quimono em grandes leques, envolvendo todos os espectadores por sua melancolia. Às vezes, o olhar escarlate desviavam do seu protegido, apenas para apreciar um pouco da apresentação, ou para fugir do olhar ímpar que o espiava sobre o ombro.

Já faz fazia algumas semanas que Katsuki trabalhava como guarda-costas do filho de Endeavor, mas a visão de Shouto sobre si, era algo que deixava-o inquieto. Por mais impassível que o homem fosse, os olhos esbanjavam algum tipo de sentimentalismo incompreensível, como se esperasse ser entendido, até mesmo cuidado.

O loiro não sabia dissecar o que era aquele empatia, o cuidado além de sua posição como protetor. Talvez os dois fossem duas peças quebradas e que se chocaram, apenas para dizer que dor também podia conectar pessoas.

Ele nunca desejou ir para os ringues, viver como mercenário ou trabalhar para a máfia, mas optou pelos sacrificios, apenas para vingar-se do assassinato de sua família. Os objetivos sempre foram claros, até que Shouto pintou dúvidas em seu caminho, deixou pegadas brancas e vermelhas por onde passou, confundido Katsuki com belos rastros de destruição.

— Bakugou, junte-se a nós. — A voz grave despertou o loiro para a realidade, desviando os olhos da apresentação, encontrando com os do mafioso, iluminado pelas lanternas orientais. — Sente-se ao meu lado para observar melhor a dança de Mayumi.

Os demais negociantes não gostaram do convite, as expressões esculpidas em desgosto, pois a atenção de Todoroki não estava mais sobre eles. Não precisava ser um gênio para compreender que o espetáculo estava acontecendo no público e não no palco. Bakugou capturou as bocas implorando por contato, as mentes que trabalhavam através dos olhos imaginando o homem nu, com outra coisa na boca ao invés do charuto.

O guarda-costas cedeu ao comando, pois também queria acreditar que possuía algum tipo de posse sobre o mesclado.

— Não posso estar na mesma linha que...

— Meu pai não saberá de nada, apenas sente-se, Bakugou. — Shouto cortou as palavras do homem, movimentando a mão no ar, indicando o acento livre.

Sem muitas opções, sentou-se no lugar vazio que pertencia a Enji, que optou de última hora não ir para a boate. Katsuki sentiu-se desconfortável naquele posição, observando os olhares sobre si, alguns raivosos e outros curiosos, também sedentos.

— Não estamos passeando, Todoroki. — O loiro inclinou-se, os lábios próximos do ouvido do meio ruivo, mas os olhos atentos a movimentação do local. — Eles querem te foder, querem a porra do seu coração no meio do palco.

Shouto recuou um pouco, apenas para encarar o par de olhos escarlates que brilhavam instintivos e protetores. Por alguns segundos, o guarda-costas esqueceu o que estava fazendo, apenas hipnotizado pela fumaça do charuto que os envolvia em teias finas, ascendendo até a visão heterocromática.

— Eles não irão fazer nada comigo, não com você do meu lado. — O hálito quente e com notas de tabaco tocaram a superfície da pele de Bakugou numa carícia, apenas para lembrá-lo o quanto estavam próximos um do outro. — Eu confio em você.

— Você está me dando mais trabalho do que imaginei. — O loiro suspirou, mas contrariou-se ao deixar transparecer um breve sorriso. Estava satisfeito com toda confiança, mesmo que aquilo pudesse ser o início de sua cova.

Bakugou queria beijá-lo, guiá-lo até o escritório de Enji apenas para fodê-lo sobre as pilhas de contratos ilegais. Queria tornar-se um porto seguro para Todoroki, curar suas cicatrizes a ponto de abandonar o tapa-olho nos dias que a autoestima apenas deixava de existir. Deixar de lado a espada que carregava como uma lembrança fúnebre de seu irmão.

Ele desejava tantas coisas, e no fundo, Katsuki era apenas um mercenário em busca de vingança.

Protector • bnha | tdbk | todobakuOnde histórias criam vida. Descubra agora