Flawless

Prólogo

Eu me levantei da cama, calcei minhas pantufas, segui em direção ao banheiro. Cheguei até a pia e fiquei me observando no espelho. Meus olhos fundos e cheios de olheiras de tanto chorar estavam negros feito a escuridão. Meus cabelos bagunçados se misturavam as lágrimas enquanto eu me despia e entrava debaixo do chuveiro o ligando. Mais uma vez eu chorava. Em meio a pensamentos, as mágoas voltavam. Eu acariciava meus cortes tão profundos, rapidamente em meus pensamentos se destacavam o motivo de cada corte que se encontrava em meus pulsos. Depressão. Eu fui abandonada pelos meus pais na maternidade quando nasci. Fiquei numa espécie de prisão, que chamam de orfanato. Lá, os enfermeiros abusavam sexualmente de mim e de outras garotas. Os garotos eram agredidos fisicamente e moralmente. A regra dali era: "Tenha medo. Sinta medo." - Com 5 anos fui adotada por um casal, Emma e Chris Compton . Até meus nove anos vivi feliz finalmente com esse casal, eles eram meus pais e eu sentia que para eles, eu era a sua filha de sangue. Mas, assim que completei dez anos, Chris morreu de câncer e Emma se tornou uma mulher fria, indelicada. Eles se amavam muito, a morte de Chris foi o fim para Emma. Como Emma permitiu que o ódio tomasse o lugar do amor em seu coração, ela começou a me maltratar. Me chamava de gorda, feia, nojenta, vagabunda e tudo mais. No início eu nem dava importância, logo depois comecei a me magoar, a me machucar com as palavras que Emma dizia. Com doze anos comecei a me auto-mutilar. Raramente falava com Emma. Bulimia. Após essas agressões de Emma, comecei a me sentir ansiosa e nervosa. Assim, comecei a comer descontroladamente. Após ultrapassar o meu peso normal, comecei a ser alvo de chacotas e zoações na escola. Batata, gordinha, Xica-Bum. Sei lá que porra é xica-bum. Eu era excluída das atividades em grupo da sala. Após ter certeza que ninguém gostava de mim, e que eu era feia, comecei a me isolar, agravando minha depressão. Vomitava tudo que eu comia, isso já com quinze anos. Mas não adiantava! Eu continuava gorda e feia, eu era um lixo. Mesmo estando em puro osso. Bom, eu sou a Scout. Tenho 20 anos, alta, morena e nunca tive uma vida fácil. Tenho traumas de infância, fobia de homens. Nesses meus vinte anos nunca bebi, transei, namorei. Mesmo sendo zoada na escola, nunca deixei os comentários alheios me afetarem nos estudos, assim, me formei em Teatro com dezenove anos. Eu sofri muito. Tinha depressão, anoréxia, bulimia, auto-mutilação. Já tentei suicidio várias vezes. Mas eu superei. Decidi por mim mesmo procurar um psicólogo, superei minha depressão, mutilação, anoréxia e bulimia. Eu sobrevivi. Eu posso dizer que eu não sinto medo. Eu digo que estou bem verdadeiramente. Eu me sinto linda, hoje. Agora, eu acredito em mim.

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[Na capa deste capítulo, tem um vídeo de entrevista com a Scout, vejam para entender.]