Capítulo Único

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A cada passo a mais que dou, enterro meus pés no congelante chão branco que está a me puxar para baixo e enterrar o meu corpo.

O que estou fazendo? Por que vim pra cá?

Como sempre, sigo caminhando na direção contrária comparado aos outros. Se vão para a esquerda, quero ir para a direita. Se vão aproveitar o bosque, vou para o penhasco. Se estão em casa se aquecendo em um inverno rigoroso, estou caminhando na neve, ouvindo uma música melódica dramática, sofrendo com as faltas de dores internas. Fazer coisas que ninguém em sã consciência faria sabendo dos perigos é algo estranho, mas... Nunca me importei.

Os vi caminhando, correndo por seus objetivos próprios, aquilo que os fazem respirar. Seguindo seus rumos em um lugar distante, impossível de ser acompanhado por uma pessoa como eu, sem sonhos ou desejos.

Somos diferentes, mas eu não me importo.

Que diferença faz estar aqui ou ali? Viver para isso ou aquilo? Se você pode ouvir o esvanecer do meu coração ou não?

Você consegue notar as emoções escondidas?

Por isso, nada importa além dos cortantes gélidos flocos de neve que atingem meu rosto mostrando que ainda posso sentir sua dor, porém, não a interior. Compartilhamos nossa existência como se fossemos uma em um só corpo, como se me entendesse.

Leve meus sentimentos embora junto com todo o meu ser.

Eu sei. Você nunca vai estar aqui para mim. Nunca virá ao meu encontro e está tudo bem. Eu já imaginei que algo assim aconteceria.


— Ao-chan! Onde você está? — te ouvi me chamar vagamente, sumindo conforme o vento levou sua voz.


Você nunca ouvirá o meu último suspiro e nem ao branco se corromper em preto em minha visão.

Me desculpe, Akane. Eu não sei como lidar com isso. Me desculpe por ser tão fraca e todo o trabalho que dei.

Obrigada.

Nevasca (Jibaku Shounen Hanako-kun)Onde histórias criam vida. Descubra agora