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— Não acha que está na hora de seguir em frente, Taehyung?

— Não acho que exista uma hora.

Seus ouvidos não aguentavam mais digerir sempre as mesmas palavras. Assim como todos os músculos do seu corpo não aguentavam mais a presença do psicólogo dentro do seu quarto.

— Porquê acha isso?

— Não sei, só acho. — voltou a colocar o cubo mágico com seus lados de cada cor, habilidade que havia desenvolvido com 6 anos apenas.

O Doutor Yu tinha suas pernas cruzadas na poltrona de coro e a mão sustentando seu queixo. Taehyung se sentia esmagado pela atmosfera fria e sem graça, sua mente viajava para todos os lugares menos o que era suposto. Quis estar sozinho mais uma vez e pediu ao psicólogo que se retirasse.

Suspirou fundo, desta vez ele quase conseguiu.

O psicólogo quase conseguiu arrancar dele o que vinha tentando descobrir à 5 meses. Seu momento repentinamente calmo terminou assim que a porta se abriu e sua mãe entrou.

Ela parecia ansiosa, seus dedos brincavam uns com os outros e seus olhos trilhavam todos os detalhes do quarto.

— Como foi, meu filho? — sentou-se ao lado de Taehyung ainda mantendo certa distância.

— Como sempre, não foi. — não a olhou nos olhos.

Sunhee sentiu-se derrotada. Há 4 anos que Taehyung continuava no mesmo estado, tanto físico quanto emocional. Estava cansada de ver seu filho único entrar cada vez mais fundo em depressão, desesperava. A partir de um certo momento, teve que desistir de viver sua vida para ajudá-lo a viver a dele. Ainda assim, Taehyung não mostrava melhora ou progresso.

Jogou fora o ar que havia prendido e levantou-se com a intenção de ir embora, mas o adolescente ao seu lado a impediu.

— Pode me ajudar a ir pro jardim? — Taehyung apertou seu braço sem muita força.

— É claro, querido. — sorriu, com seu peito inchado e triste.

A mulher de trinta e quatro anos buscou debaixo da cama bem arrumada, a cadeira de rodas.

Taehyung sentiu-se desolado quando viu o objeto, que inicialmente fora feito para o ajudar, mas apenas trouxe ainda mais angústia para sua vida miserável.

Momentos como estes, sempre o lembravam o real motivo de estar ali. Em segundos tudo voltava a ser escuro e desesperador.

Sua mãe o ajudou a se sentar e moveu suas pernas,que apresentavam poucos movimentos desde o acidente, para que ficassem nos lugares certos.

Empurrou a cadeira até o jardim e se agachou em frente a Taehyung.

— Aqui está bom, meu amor? —acariciou sua mão.

— Sim, obrigada Sunhee.

Mais uma vez o coração de Sunhee apertou e doeu debaixo de seu frágil peito. A depressão o afastou tanto de si, a ponto de não a chamar mais de Omma ou a tratar de forma minimamente carinhosa.

— Qualquer coisa eu estarei na cozinha preparando um lanche pra você.

Engoliu seus sentimentos afligidos e voltou para dentro da casa.

Taehyung sentiu a pequena brisa atingir seus dedos e então dirigiu o olhar ao local. Reconheceu aquela sensação de solidão, quando até o vento lhe incomoda já que não há mais ninguém para aplicar sua atenção. Viveu esta sensação durante os últimos 4 anos. Começou por se afastar de seus amigos, depois seus tios e primos e logo em seguida, sua mãe.

Heal ○●  {Taekook}Onde histórias criam vida. Descubra agora