She's beautiful

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Rebecca Brooke's Point Of View

Lá estávamos nós, indo buscar Madison em algum lugar que eu nem sabia onde era, com os barulhos da rua e as nossas respirações, como os únicos sons que se ouvia. Olhei para o meu lado de relance vendo o loiro de olhos azuis tão claros que poderiam ser confundidos com o oceano.

Quero dizer, os meus olhos eram azuis, mas nada nesse mundo se compara com a cor dos olhos de Nick Coleman.

Franzi a testa ao perceber que eu estava num bate papo idiota comigo mesma, acabei soltando uma risada fraca, trazendo sua atenção para mim. Talvez eu esteja enlouquecendo mesmo.

- Está rindo do quê? - Nick perguntou, quebrando aquele silêncio terrível.

- Da cara de bobo que você faz enquanto dirige. - Impliquei com ele, fazendo uma careta no final. O mesmo só revirou os olhos e riu pelo nariz.

- É, senhoras e senhores, Rebecca Insuportável Brooke está de volta. - Me zoou e lançou um olhar divertido em minha direção, me fazendo rir, foi quando percebi que eu não ria há um bom tempo.

Devem estar se perguntando como nós dois nos conhecemos e porque eu faço questão de irritá-lo toda vez que nos vemos, que em minha defesa eu posso confirmar que o sentimento é totalmente recíproco, não é?

Nasci e cresci em Nova Iorque juntamente com Peter, Olívia, Zack, e infelizmente, Nick também. Na época nós éramos mais como uma adaptação do Quarteto Fantástico, exceto pelo fato de que éramos em cinco, inseparáveis e você nunca iria ver um de nós andando sozinho por aí, isso durou até Nick completar 14 anos, quando ele achou que já era velho demais para essas brincadeiras.

O restante tinha de 10 (como eu e Liv) a 13 anos, então seguimos sem um dos nossos membros. Cerca de 2 meses depois, a família Coleman decidiu se mudar para Las Vegas então tivemos que nos despedir de vez do nosso amigo, ele voltava todo ano no Dia de Ação de Graças para comemorar com seus outros parentes que ainda moram aqui, mas não era como se ele fosse o nosso Tocha Humana como ele costumava ser antes.

E ele vinha cada vez mais implicante, já estava na adolescência e eu ainda era uma criança. Na época, eu não tinha mais que 12 anos e ele já estava com os seus 16, dava para contar quantos anos ele tinha pela quantidade de espinhas que tinha espalhadas pelo rosto. Mas ainda assim, continuava soberbo. Ficava se gabando que já havia beijado uma garota e estava no ensino médio, só para fazer inveja nos meninos que ainda não tinham feito o mesmo.

Sempre resultava na mesma coisa, eu revirando os olhos e dizendo ao Nick que ele ainda era um idiota mesmo que tenha uma namorada corajosa o suficiente para beijar suas espinhas.

- Vai falar comigo ou vai continuar fazendo essas caras estranhas? - Sua voz me tirou do transe e eu o fitei, ele não tinha mais aquele monte de espinhas e estava bem mais alto e forte do que antes. Penteava seu cabelo liso todo para trás e tinha alguns fios loiros perto do queixo, mostrando que não fazia a barba há alguns dias.

- Já estamos chegando? - Perguntei por fim.

- Passamos da metade do caminho, pelo menos. - Assenti e me espreguicei, estava começando a ficar com sono então decidi puxar assunto com ele.

- Por que voltou para Nova Iorque?

- Me formei como médico legista e consegui um bom estágio aqui, vou morar perto do centro. Como eu voltei só tem 10 dias, não tive tanto tempo para ver os móveis para a casa ainda. - Ele falava e nem olhava para mim, estava concentrado na estrada. Não imaginava que ele seguiria essa profissão.

- Uau, muito interessante. - Tentei não soar debochada, pois eu estava sendo sincera. - Espero que faça um bom trabalho, mesmo sendo você, né? - Não resisti e dei risada.

- Engraçadinha. - Quando eu ia abrir a boca para responder, avistei uma garota um pouco afastada com um carro do lado, logo deduzi que só podia se tratar da Madison.

Ele parou e ela veio até a janela que o Nick estava dando um sorrisinho para acalmá-lo.

- Antes que você brigue comigo, eu pago a gasolina que você gastou até aqui. - Ele bufou e descemos do carro, ele foi pegar a gasolina no porta-malas e logo foi abastecer o carro dela. Não demorou muito e logo já estávamos fazendo todo o percurso de volta, eu estava exausta pois quase não dormi na noite anterior.

Me acomodei do melhor jeito possível no banco de passageiro, apoiei minha cabeça na janela fechada e para piorar, Nick ligou o rádio e estava tocando uma música bem calma que me dava ainda mais sono. Quanto mais eu tentava me manter acordada, mais meus olhos ardiam e as piscadas pesavam, até que eu me rendi de uma vez e deixei o cansaço me levar por completo.

Dessa vez Peter não estava nos meus sonhos, eu só via uma casa e um portão atrás de mim. Tentei abrir a porta algumas vezes e quando ela, finalmente, se destrancou e eu passei por ela, voltei para o mesmo lugar de antes.

Aquilo se repetiu várias vezes, até que eu vi uma silhueta preta vindo em minha direção, um desespero me dominou e eu continuava naquele ciclo que parecia que não tinha fim. Quando essa silhueta estava prestes a chegar perto de mim a porta se abriu e eu corri para fora, por fim, eu só vi um jardim enorme e eu sabia o que aquilo significava: não importa o quão difícil seja para mim no momento, ainda posso ter esperanças de um final melhor.

Então eu corri, me sentindo livre e feliz pela primeira vez desde a morte do meu irmão.

Nick Coleman's Point Of View

Assim que começamos a voltar para casa, Rebecca adormeceu e eu não quis acordá-la, ela parecia muito cansada, mas sua feição era calma e serena. Desliguei o carro e olhei para o lado, vendo que ela ainda dormia, mexi com cuidado nela para ela despertar, e logo vi seus olhos azuis me encarando, estavam um pouco vermelhos por causa do sono, Rebecca piscou algumas vezes para se acostumar com a claridade.

Essa foi a primeira vez que vi como ela era acordando e era, surpreendentemente, bonita. Me desfiz desse pensamento aleatório e entramos em casa, vendo que a casa estava uma bagunça e risadas ecoavam pela sala, fazendo um sorriso aparecer em meu rosto.

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⏰ Última atualização: Oct 21, 2020 ⏰

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