Sehun's Down

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A doce primavera dos dez anos...

Viver a vida despreocupadamente, ir para a escola e aprender as coisas mais simples do mundo, brincar de diversas coisas e com diversas pessoas, se imaginar sendo alguém muito incrível quando tiver uns quinze, dezesseis anos de idade, mas na real vai acabar sendo só mais um adolescente normal. Ah... a primavera dos dez anos.

Sehun estava deitado no chão do quarto, olhando pro teto e traçando em sua cabecinha infantil como diabos passaria aquela fase do jogo. A realidade é que estava absorto no mais profundo e destruidor tédio. Levantou-se preguiçosamente e caminhou até a janela de seu quarto, abriu as cortinas ruidosamente e se apoiou no parapeito. Ficou olhando por alguns minutos a janela da casa ao lado, imaginando se ele estaria ali. Então, com uma profunda respiração, juntando todo o oxigênio possível, soltou seu costumeiro grito:

― CHAAAAAAANYEOOOOL.

Não precisou esperar cinco segundos para ver a cortina alheia ser aberta bruscamente, em seguida o vidro e ver seu amigo completamente descabelado, com os olhos arregalados e o rosto bem amassado.

― Eu vou te matar, Sehun, eu juro que vou te matar! Não consegue ser uma pessoa normal e vir tocar à campainha?! ― o menino estava completamente vermelho por conta do susto e raiva momentâneos por ter sido acordado, novamente, do jeito mais maldito que podia existir.

― E qual seria a graça?! ― Sehun provocou, não conseguindo segurar a risada ao observar o pobre Chanyeol tentando se recuperar do susto. ― Vamos fazer alguma coisa, Chanyeol, não aguento mais ficar em casa!

― Não sei se notou, mas eu já estava fazendo algo!

― Dormir não conta. ― Sehun se inclinou mais sobre o parapeito e deixou que seu tronco caísse mole. ― Eu estou entediaaaado!

― Morra! – Chanyeol se afastou da janela e foi até o armário de onde começou a tirar alguma coisa. ― Vai lá pro parquinho. ― gritou para ser ouvido pelo amigo. ― Daqui a pouco eu vou lá pra gente brincar!

― Mentiroso! ― Sehun respondeu formando um biquinho contrariado. ― Ontem você me disse a mesma coisa e fiquei lá até de noitão!

― Você é muito chato, Sehun. Eu disse que vou lá daqui a pouco!

Sehun pensou em responder, mas preferiu arriscar ir ao tão amado parquinho. Botou os tênis velhos e saiu correndo do quarto, pulando três degraus de uma vez e passando velozmente pela sala e avisando a mãe que iria sair para brincar.

Como se sua vida dependesse disso, o garoto correu numa velocidade cabulosa até o parque. Chegando lá, ficou bem atacadinho ao notar que por sorte estava ali sozinho e isso significava que apenas ele e Chanyeol reinariam em todos os balanços e escorregadores e ainda dominariam o campinho ali por perto. Ah... A primavera dos dez anos e o maravilhoso título de Rei Supremo Poderoso do Parquinho Perto de Casa!

Caminhou despreocupado até seu trono de borracha, no caso o balanço mais disputado do grande reino de Parquinhus. Ficou ali balançando vagarosamente, formando um montinho de areia onde seus pés deslizavam, começava já a acreditar que Chanyeol de novo o tinha enganado e o abandonado solitário. Já estava começando a repensar em suas amizades quando uma bola de formato intrigante apareceu a apenas alguns passos de onde estava. Era de um vinho, vermelho, bordô, marrom, cor de bosta ― tanto faz homens nunca sabem a cor exata das coisas ―, ovalada e com uma espécie de costura branca. Sehun se lembrava vagamente de ter visto na vitrine de uma loja de esportes, mas havia ignorado potencialmente sua existência por acreditar que não servia para nada.

Ficou pensativo por rápidos segundos até que viu umas mãozinhas segurarem a bola precariamente. Ok. Sehun estava prestes a fazer qualquer piada que fosse sobre o tamanho desproporcional entre a bola e a mão do indivíduo intruso em seu reino, mas estranhamente aquela visão era de uma comicidade muito meiga e não conseguia zombar adequadamente. A verdade verdadeira é que uma vontade muito estranha de segurar aquelas mãozinhas surgiu dentro dele.

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